Ao estilo de Paulo Sousa, Kyle Walker brilha na baliza de forma inesperada

Aos 29 anos, Kyle Walker é um dos melhores laterais direitos do futebol europeu. Ao ponto de ser uma das principais escolhas de Pep Guardiola para a defesa do Manchester City. Mas ao que parece, o jogador inglês tem outro talento escondido. Só que antes de falar sobre a nova posição, é preciso contextualizar o motivo, pouco comum, que levou o jogador britânico a revelar um novo talento.

O Manchester City deslocou-se até Itália para defrontar a Atalanta num jogo da quarta jornada da Liga dos Campeões. Aos 46 minutos de jogo, Ederson lesionou-se e Pep Guardiola teve de colocar Claudio Bravo em campo para ocupar o lugar do antigo guarda-redes do Benfica. Até que aos 81 minutos, o guardião chileno foi expulso, numa altura em que o marcador assinalava um empate a um golo.

Leia ainda: Nicklas Bendtner, das bebedeiras que são uma tradição na seleção à casa que era uma mansão da Playboy

O treinador espanhol não teve outra opção que não fosse colocar um jogador de campo na baliza. Mahrez deu então lugar a Kyle Walker, com o lateral direito a ocupar a baliza do Manchester City. Posição que viria a ocupar durante 16 minutos. Para a história fica uma boa defesa num remate potente e outras movimentações que davam a entender que esta tinha sido a sua posição durante toda a carreira. “Se me ofereci? Foi um pouco de ambos. Às vezes brinco com os guarda-redes no treino dizendo para apanharem a bola. Como descobri, às vezes são necessários dois toques”, disse o guarda-redes improvisado no final do jogo, que acabou empatado a um.

“Às vezes brinco com os guarda-redes no treino dizendo para apanharem a bola. Como descobri, às vezes são necessários dois toques”

O talento revelado por Kyle Walker entre os postes faz-nos viajar até à época 1992/93 do futebol português. Nessa temporada o Estádio do Bessa foi um palco de um dos melhores jogos da história do campeonato português. Foi debaixo de uma forte chuvada que o Boavista recebeu o Benfica. Os encarnados começaram a perder, mas acabaram por chegar ao 1-3. Foi então que Neno foi expulso, numa altura em que não era possível fazer mais substituições. Paulo Sousa, antigo médio e hoje treinador do Bordéus, acabou por ir para a baliza, quando ainda faltavam jogar 18 minutos. Sofreu um golo de grande penalidade, mas ainda teve um voo que evitou aquele que seria o golo do empate.

Paulo Sousa e Oceano também acabaram na baliza

Ainda na década de 90, o futebol português viu outro médio assumir o lugar de guarda-redes. Neste caso foi Oceano, então jogador do Sporting e hoje adjunto de Carlos Queiroz na seleção da Colômbia. Foi no Estádio das Antas que o jogador acabou por passar os últimos minutos de um Porto – Sporting na baliza. O jogo era a contar para a Supertaça e ficou empatado a dois golos. Resultado que já se verificava quando Oceano assumiu o lugar de guarda-redes. O Porto ainda pressionou, mas o médio manteve a calma entre os postes.

Cosmin Moti, o defesa que defende grandes penalidades e faz história

A história do futebol conta ainda com outros episódios bastante curiosos. Como aquele que foi protagonizado por Cosmin Moti, atual jogador dos búlgaros do Ludogorets. No início da época 2014/15, o clube búlgaro e os romenos do Steua Bucareste discutiam o acesso à Liga dos Campeões. O jogo teve de ser decidido nas grandes penalidades, mas antes disso, Cosmin Moti, defesa de posição, assumiu o lugar de guarda-redes. E brilhou com duas defesas que ajudaram o Ludogorets a entrar na fase de grupos da competição pela primeira vez na história. Algo que levou o clube a dar o seu nome a uma das bancadas do novo estádio.

Alain Giresse, o médio que foi guarda-redes titular

Por sua vez, Alain Giresse protagoniza a história mais peculiar que envolve jogadores de campo que foram à baliza. Foi na época 1981/82 que o Bordéus entrou em campo, frente ao Nantes, com Alain Giresse na baliza. Não se tratou de uma lesão, castigo ou mesmo improviso ocorrido durante o jogo. O médio, de 1,63 m de altura, iniciou o jogo na baliza em forma de protesto devido a um castigo aplicado a Dragan Pantelic, o dono da baliza do clube. Aos 60 minutos de jogo, Giresse já tinha sofrido cinco golos. Acabou por ser substituído por Mariu Trésor, um defesa. Este acabou por sofrer somente um golo.