Paul Gascoigne: “Costumava ser um bêbado feliz. Agora já não sou. Sou um bêbado triste”

Paul Gascoigne: “Costumava ser um bêbado feliz. Agora já não sou. Sou um bêbado triste”

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Paul Gascoigne: “Costumava ser um bêbado feliz. Agora já não sou. Sou um bêbado triste”

Numa entrevista impactante, Paul Gascoigne não deixa nada por dizer. De viver num quarto da empresária até à luta contra o vício do álcool e problemas de saúde mental.

Artigo de Bruno Seruca

06-03-2024

Muitos olham para Paul Gascoigne como um dos mais brilhantes futebolistas ingleses de todos os tempos. O talento em campo andou sempre de mãos dadas com o lado mais rebelde do antigo craque que agora, aos 56 anos, abriu o livro para falar do que tem sido a sua vida nos últimos tempos. É numa entrevista impactante à High Performance que Gazza não deixa nada por dizer.

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Problemas de dependência de álcool e de saúde mental têm sido uma constante para Paul Gascoigne desde que penduro as chuteiras em 2004. Com uma carreira brilhante que contou com passagens por clubes como Newcastle, Tottenham, Lazio, Rangers e Everton, o antigo internacional inglês vive agora no quarto de hóspedes da casa da empresária Katie Davies. Sendo que tem vindo a frequentar consultas dos alcoólicos anónimos. “Costumava ser um bêbedo feliz. Agora já não sou. Sou um bêbedo triste. Não saio e bebo, bebo dentro de casa”, desabafa. “As pessoas conhecem o Paul Gascoigne, mas o Gazza ninguém conhece. Nem eu, às vezes. Passei muitos anos em baixo, quando rompi os ligamentos e depois a rótula, perdi quatro anos de futebol. Teria feito 100 jogos pela seleção. Tento não ficar em baixo porque o mundo já está em baixo o suficiente. E quando estou mesmo em baixo, é quando pego numa bebida para me animar”, prossegue.

“Se quero que o dia seja mau, é ir ao pub”

Presente no Hall of Fame do futebol inglês desde 2002, Paul Gascoigne já fez reabilitação por sete vezes. Chegou a pagar 7 mil euros por mês para tentar livrar-se do vício e pagou ainda 23 mil euros para colocar pastilhas anti-boozing no estômago, algo que foi a derradeira tentativa para acabar com o consumo de bebidas alcoólicas. Não foi bem sucedido e chegou a ser detido por desordem e condução sob o efeito do álcool. Quanto ao futebol, o antigo internacional inglês assume que raramente vê jogos. Algo que está relacionado com as saudades. “Se quero que o dia seja mau, é ir ao pub. Se quiser que seja um dia bom, pego na minha cana de pesca e vou pescar. Não é a bebida, é o depois. Quando olho para o meu telemóvel e vejo 30 mensagens ou chamadas perdidas, sei que estou em apuros”, diz.

“Só vou ceder quando estiver numa caixa de madeira”

Paul Gascoigne assume ainda que não tem ido a tantas consultas de alcoólicos anónimos como deveria. Ainda assim, a estratégia para não beber passa por consumir bastante café. Gazza bebe seis cafés até às 10 da manhã e gasta todos os dias perto de 15 cápsulas de Mochaccino, que é uma mistura de café com cacau. Por fim, mais um desabafo. “Guardo muitas coisas, coisas que devia partilhar mas que tenho medo de partilhar com as pessoas. Acho que nunca vou crescer, o que não me importa, sabes? Tenho orgulho naquilo que dei às pessoas. Dei mais de um milhão de euros a 10 instituições de caridade diferentes e telefonei-lhes para não dizerem nada. Nunca desisti. Só vou ceder quando estiver numa caixa de madeira. Fora isso, vou continuar a lutar”, termina.

Fotos: Reuters

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Artigo de
Bruno Seruca

06-03-2024



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