Nick Pope. O guarda-redes leiteiro que só é batido por De Gea e Ederson

Nick Pope. O guarda-redes leiteiro que só é batido por De Gea e Ederson

Desporto

Nick Pope. O guarda-redes leiteiro que só é batido por De Gea e Ederson

Guardião do Burnley andou anos a fio a jogar futebol amador e levantava-se às quatro da manhã para distribuir leite. Agora é o terceiro guardião da liga inglesa com menor média de golos sofridos e já é chamado pelo seu país.

Artigo de André Cruz Martins

31-03-2018

Podemos fazer uma associação bastante forçada entre leite e guarda-redes quando o jogador que guarda as balizas tem muita sorte, ou em futebolês, “uma grande vaca”. No entanto, essa ligação é mesmo literal e não apenas metafórica quando falamos de Nick Pope, guarda-redes do Burnley que se estreou nas convocatórias da seleção inglesa nos recentes jogos particulares com Inglaterra e Itália, não tendo no entanto sido utilizado. Isto porque o futebolista de 25 anos chegou a desistir do futebol profissional e a dedicar-se à profissão de leiteiro.

Tudo aconteceu depois de aos 16 anos ter sido dispensado pelo Ipswich Town, o clube do coração. “Quando te mandam embora com essa idade e ainda por cima do clube do qual és adepto, obviamente pensas que é o fim e que já não vais conseguir ser futebolista profissional. Por isso, decidi estudar marketing empresarial durante dois anos e ciências do desporto por mais um, isto enquanto tive dois empregos: entregava leite num camião a partir das quatro da manhã numa povoação próxima de Soham [Este de Inglaterra] e também trabalhei numa loja de roupas”, revelou.

No entanto, apesar de ter sido dispensado do Ipswich, o jovem Nick não desistiu de jogar futebol, ainda que a um nível (super) amador, ao serviço do Bury Town, da oitava divisão inglesa – sim, os ingleses têm esta quantidade incrível de escalões. Depois de três temporadas, deu um impressionante salto de cinco escalões, rumo ao Charlton, da III Divisão (League One). Mas afinal não foi bem assim, pois foi emprestado a seis clubes, que oscilaram entre o sétimo e o quarto escalão. Até que em 2015/16 lá conseguiu vingar no Charlton, que na altura até já estava no Championship (segunda divisão).

No Charlton também custou

A sua boa campanha no Charlton despertou o interesse do Burnley no final dessa temporada, clube que tinha acabado de subir à Premier League e que pagou 1,3 milhões de euros pelo seu passe. Diga-se que, entretanto, de acordo com o site “Transfermarkt” o seu atual valor de mercado atual é de 5 milhões de euros.

Nesta altura, os nossos leitores estarão a pensar que desde o ingresso no Charlton é foi sempre a subir. Nada disso, pois em 2016/17, Nick começou por ser utilizado na equipa de sub-23 e só realizou quatro partidas na formação principal, nem tendo conseguido jogar na Premier League. Tudo mudou a partir de setembro do ano passado, com a lesão do titular Tom Heaton na primeira parte de um jogo com o Crystal Palace (0-1). No fim de semana seguinte, conseguiu a primeira titularidade logo no estádio mais mítico de um clube inglês, Anfield, casa dos fervorosos adeptos do Liverpool. A exibição nesse empate 1-1 foi assombrosa, como pode observar no vídeo que se segue.

A verdade é que Nick Pope não voltou a perder a titularidade na equipa-sensação desta Premier League, que ocupa a sétima posição, logo a seguir ao sexto, o Arsenal, clube que supostamente deveria estar a lutar pelo título, enquanto o Burnley pensar-se-ia que nesta altura estaria a debater-se com as equipas que aspiram à permanência.

Os escassos 22 golos que sofreu em 27 jogos tornam Nick uma das grandes estrelas da equipa comandada por Sean Dyche – se costuma acompanhar a Premier League é aquele treinador com um “look” bastante curioso, careca e de barba ruiva. Para se ter uma ideia dos números de Nick, basta dizer que é o terceiro guarda-redes com média mais baixa de golos sofridos, só atrás de Ederson (Manchester City) e De Gea (Manchester United).

Nick Pope com o Mundial no horizonte

Ainda não foi desta que se estreou pela seleção inglesa, mas o guardião de 25 anos não esconde que aspira a estar presente no Campeonato do Mundo. E, aliás, faz todo o sentido que esse seja o seu pensamento, pois hoje em dia não existe um grande guarda-redes no país, que se assuma como titular indiscutível. Nesta última convocatória, houve mais três jogadores convocados para esta posição, todos de equipas que não ocupam os primeiros lugares no campeonato inglês – Jordan Pickford, Joe Hart e Jack Butland.

“Não quero apenas ser convocado para a seleção. Estou com fome de competição e quero provar a mim mesmo que posso fazer”, sublinha. E se continuar assim, provavelmente será um dos três guardiões chamados por Gareth Southgate.

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Artigo de
André Cruz Martins

31-03-2018



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