Médios defensivos são as estrelas do defeso em Inglaterra

Esqueçam os pontas de lança. A aquisição de médios defensivos tem sido a grande prioridade dos principais clubes ingleses neste defeso, pelo menos a avaliar pela soma investida em jogadores para essa posição. Dos “big six”, apenas o Manchester City e o Tottenham não fizeram qualquer aquisição para essa zona do terreno, enquanto Manchester United, Liverpool FC, Chelsea e Arsenal já gastaram muito dinheiro no reforço desse lugar.

É certo que ainda restam três semanas até ao fecho do mercado – recorde-se que a partir desta época, as transferências ficam fechadas para Inglaterra a 9 de agosto, dois dias antes da primeira jornada do campeonato – mas não deixa de ser sintomática a preocupação dos principais candidatos ao título em encontrar reforços de peso para a zona mais defensiva do meio-campo.

Manchester United: Fred (ex-Shakthar Donetsk, 59 milhões de euros)

No Manchester United, o médio defensivo brasileiro Fred, de 25 anos, foi de longe a aquisição mais cara de um defeso ainda pouco movimentado para os habituais hábitos gastadores de José Mourinho, que apenas foi buscar mais dois futebolistas: Diogo Dalot ao FC Porto, por 22 milhões de euros e o guarda-redes Lee Grant, ao Stoke City, por 1,7 milhões de euros.

Fred era uma das grandes figuras do Shakthar Donetsk de Paulo Fonseca e está nas nuvens por chegar a Old Trafford. “O Manchester United é o maior clube do mundo e trabalhar com José Mourinho, que já ganhou muitos troféus como treinador, é uma oportunidade que não se pode perder”, sublinha. O “Special One” não deverá ter grandes problemas em encaixar Fred e Matic no onze, uma vez que o brasileiro também pode alinhar como oito.

Fred esteve ao serviço da seleção brasileira no último Campeonato do Mundo, mas não somou um único minuto. De acordo com o selecionador Tite, o motivo foi uma entorse no tornozelo direito sofrido no dia 7 de junho, ainda durante a preparação da equipa em Teresópolis, o que foi desmentido pelo fisioterapeuta Bruno Mazziotti, que garantiu que o médio estava pronto para entrar em ação a partir da segunda jornada da fase de grupos.

Chelsea: Jorginho (ex- SSC Nápoles, 57 milhões de euros)

Um médio defensivo foi igualmente a contratação mais cara do Chelsea neste mercado, com o brasileiro Jorginho, de 26 anos (ex-SSC Nápoles), a custar 57 milhões de euros. Foi aliás a única aquisição efetuada até ao momento pela formação inglesa e acompanha o treinador Maurizio Sarri na mudança para Stamford Bridge.

“Estou perplexo por estar aqui. Não é fácil pertencer a uma equipa tão grande como o Chelsea e, por isso, estou muito feliz e ansioso por jogar numa Liga tão intensa e por uma equipa que dá tudo para vencer”, afirmou.

Jorginho tem nacionalidade brasileira e italiana e escolheu representar a seleção transalpina, pela qual soma oito internacionalizações. Estava no SSC Nápoles desde 2013/14, depois de ter representado o Hellas Verona, onde chegou com apenas 15 anos.

FC Liverpool: Fabinho (ex-AS Mónaco, 50 milhões de euros)

Fabinho, de 24 anos, era uma das grandes estrelas do AS Mónaco de Leonardo Jardim e distingue-se da generalidade dos médios defensivos pela capacidade atacante. Apontou 20 golos nas duas últimas temporadas na formação do Principado, com destaque para os 12 golos na inesquecível época de 2016/17, que ficou marcada pela conquista do campeonato francês e pela chegada às meias-finais da Liga dos Campeões.

Custou 50 milhões de euros ao FC Liverpool e mais caro até agora neste mercado de verão só o médio centro Naby Keita, que chegou do RB Leipzig a troco de 60 milhões de euros e que curiosamente, também pode alinhar como trinco, embora costume ser mais utilizado como oito.

Fabinho já deixou um recado a Bernardo Silva, atual jogador do Manchester City e que foi seu colega no AS Mónaco. “Somos amigos, mas dentro de campo é uma história completamente diferente. Agora jogamos em lados opostos, e se eu precisar de o derrubar, não hesitarei. Aliás, já disse ao Bernardo que se ele me tentar fintar, certamente irá arrepender-se”.

Por outro lado, desmentiu que tenha estado muito perto de reforçar o Manchester United. “Não nego que houve algumas conversas, mas nunca houve uma proposta oficial desse clube apresentada ao AS Mónaco”, garantiu.

Arsenal: Lucas Torreira (ex-Sampdoria, 30 milhões de euros)

A contratação mais cara do Arsenal neste defeso até ao momento também foi de um médio defensivo, o uruguaio Lucas Torreira, de apenas 22 anos, uma das grandes revelações do último Campeonato do Mundo. Os “gunners” pagaram 30 milhões de euros pelo seu passe, acima dos 25 milhões que deram pelo guarda-redes Bernd Leno (ex-Bayer Leverkusen), dos 16 milhões pelo central grego Sokratis, que chegou do Borussia Dortmund e dos 8 milhões pelo jovem francês de 19 anos Matteo Guendozui, proveniente do FC Lorient e que também alinha como médio defensivo, ou em alternativa, como oito.

Lucas Torreira afirmou-se nos últimos anos no futebol italiano, primeiro no Pescara e depois na Sampdoria e curiosamente, quando chegou a terras transalpinas, em 2014, era ponta de lança, apesar da sua baixa estatura (1,68 metros). Raçudo e exímio ladrão de bolas, distingue-se ainda pela boa técnica, parecendo ter todas as condições para se afirmar no novo Arsenal de Unai Emery.