Ricardo Quaresma é uma espécie de globetrotter do futebol português. Ao longo da carreira, o extremo, de 36 anos, já passou, sem contar com Portugal, por países como Itália, Inglaterra, Espanha, Turquia e Emirados Árabes Unidos. Sendo que em alguns países chegou a representar mais do que um emblema. Existe um ponto em comum que une todas as aventuras desportivas de Quaresma: lutou sempre pela conquista de títulos. Algo que não acontece pela primeira vez na carreira do jogador.
Depois de uma polémica saída do Besiktas com troca de acusações à mistura, o extremo rumou ao Kasimpasa, modesto clube do campeonato turco. Antes, confessou que o presidente do antigo clube não o queria. Algo que levou a uma justificação pública de Fikret Orman. “Ele foi a casa do Serdar Adali [dirigente] e disse que a mulher não estava feliz em Istambul e que queria sair. Achei que tinha ofertas da Arábia. Ele quis terminar o contrato e concordámos. Depois, não deve ter recebido as ofertas que pensava e já queria ficar. Foi para estágio e disse ao treinador para o colocar a jogar para ver se recebia propostas. Ele é o tipo de jogador que não aceita bem quando fica de fora”, acusou o presidente.
“Ele é o tipo de jogador que não aceita bem quando fica de fora”
Depois do bate bocas público, foi com alguma surpresa que Quaresma chegou ao Kasimpasa. Aquele que é o primeiro clube que o jogador representa que não tem grandes ambições desportivas. Aliás, neste momento está em zona de descida e o português não tem feito parte do onze inicial da equipa. Se é verdade que não é a primeira vez que lida com a situação de não fazer parte da equipa inicial, é uma novidade lutar para não descer. Realidade completamente diferente daquela com que lidou no Sporting, Barcelona, Porto, Inter, Chelsea, Besiktas e Al-Ahli.
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E foi numa pausa desta nova fase da carreira, e também numa altura em que não tem feito parte das escolhas do selecionador Fernando Santos, que Ricardo Quaresma abriu o livro. Numa entrevista ao Canal 11, o extremo trocou as famosas trivelas que faz em campo por um jogo de palavras marcado por desabafos, lamentos e uma confissão surpreendente. Que está relacionada com a seleção e com o facto de só ter marcado presença num Campeonato do Mundo ao longo da carreira.
“Quando vinha à seleção não me sentia feliz”
“Quando vinha à seleção não me sentia feliz. Não sentia confiança dos treinadores e sentia que não eram justos comigo. Fui considerado o melhor extremo da liga portuguesa e fiquei fora de um Mundial. Foram coisas que nunca me souberam explicar, mas também nunca perguntei a ninguém”, diz. “Por vezes metem-te rótulos que não correspondem à realidade. A mim meteram muita coisa em cima que não correspondia à realidade”, acusa.
Houve ainda tempo para abordar o eventual regresso ao futebol português. Momento que fica marcado pela recordação das palavras de Pimenta Machado, o mítico presidente do Vitória Sport Club. “Por enquanto, ainda não, mas quem sabe. No futebol o que hoje é verdade amanhã é mentira”, conta. Para o fim, uma certeza. “Agora, acabar a carreira ainda vai demorar um bocadinho”, conclui.
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