Zlatko Dalic, de ilustre desconhecido a herói croata

Zlatko Dalic, de ilustre desconhecido a herói croata

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Zlatko Dalic, de ilustre desconhecido a herói croata

Foi olhado com desconfiança pelos adeptos, mas hoje em dia é uma figura consensual no país. E não brinca em serviço, tendo mandado o avançado Kalinic para casa em pleno Mundial.

Artigo de André Cruz Martins

21-06-2018

A 7 de outubro de 2017, a Croácia empatou em casa com a Finlândia e ficou em maus lençóis no seu grupo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2018. A federação croata não esteve com meias medidas e despediu o selecionador Antom Cacic, chamando o ex-futebolista Zlatko Dalic para o seu lugar. Uma escolha surpreendente, não só devido ao seu currículo modesto como treinador, mas também porque dois dias depois havia um jogo decisivo na Ucrânia, em que a vitória era obrigatória de modo a assegurar o segundo lugar e a presença no “play-off” de qualificação para o Mundial.

Dalic orientou dois treinos e estreou-se no banco croata com uma excelente vitória por 2-0. Cerca de um mês depois, no “play-off”, a sua equipa bateu a Grécia, ganhando 4-1 em casa na primeira mão e empatando fora na segunda mão 0-0, conseguindo o acesso ao Campeonato do Mundo.

Foi com desconfiança que a generalidade da comunicação social croata olhou para a escolha de Zlatko Dalic, que esteve bastantes anos como treinador-adjunto em clubes croatas sem grande expressão e que nas cinco últimas épocas tinha orientado o Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, onde conquistou três troféus.

Luka Modric como número 10 foi das primeiras decisões de Dalic

Uma das suas primeiras medidas, com efeito imediato no “play-off” com a Grécia, foi colocar a grande estrela Luka Modric como número 10, uma posição mais adiantada do que habitualmente ocupa no Real Madrid. Foi uma aposta que resultou em cheio e que foi muito elogiada pelos media locais. “O meu sonho de conseguir a qualificação para o Mundial concretizou-se. Herói, eu? Todos fomos heróis e quero agradecer aos jogadores, que colocaram em prática tudo aquilo que combinámos”, assumiu Dalic, que explicou qual foi a estratégia que seguiu: “Não houve muito tempo para muitas mudanças táticas, mas ainda assim fizemos algumas alterações. No entanto, o mais importante foi motivar os jogadores e fazê-los perceber que esta seria a última oportunidade para conseguirem estar presentes no Campeonato do Mundo”.

Assegurada a presença no Mundial, a Federação Croata ofereceu um vínculo definitivo ao técnico, que até então estava em prazo. E, na altura, com o total apoio de Luka Modric. “Luka Dalic fez um trabalho fenomenal e seria uma loucura que não fosse o nosso treinador no Campeonato do Mundo”, referiu, com o selecionador a retribuir os elogios, dizendo que o médio “é um grande jogador e um fantástico capitão, um autêntico modelo de liderança”.

Mandou Kalinic para casa já em pleno Mundial

Dalic tornou-se uma figura consensual entre os jogadores e adeptos croatas e chegou ao Campeonato do Mundo em alta, estatuto que foi reforçado com a vitória no primeiro jogo, diante da Nigéria, por 2-0. No entanto, nem tudo tem corrido sobre rodas em terras russas, como se prova pela expulsão do avançado Nikola Kalinic (colega de equipa de André Silva, no AC Milan), que foi mandado para casa pelo próprio selecionador.

“Durante o jogo com a Nigéria, ele estava a aquecer e era suposto ter entrado na segunda parte. No entanto, disse-me que não estava pronto para jogar porque lhe doíam as costas. Já tinha acontecido o mesmo no particular com o Brasil, em Inglaterra, assim como no treino de domingo. Aceitei e, uma vez que preciso dos meus jogadores prontos para jogar, tomei a decisão de dispensá-lo”, justificou. Nos últimos cinco jogos pela seleção, Kalinic foi sempre suplente e, de acordo com a imprensa croata, estava descontente com as escolhas de Zlatko Dalic e recusou-se a entrar em campo frente à Nigéria.

Entretanto, esta quinta-feira, às 19h00, a Croácia defronta a Argentina, que vem de um comprometedor empate com a Islândia. Dalic assume um discurso confiante: “Se a Islândia conseguiu parar Messi, nós também podemos fazê-lo. Fiquei feliz ao ver que a Argentina não jogou bem no primeiro jogo”.

O técnico de 51 anos assegura que a Croácia “não irá mudar a sua forma de jogar” e fala mesmo “num dos mais jogos fáceis que poderiam existir”. Não por falta de respeito para com a “alviceleste” mas porque “a responsabilidade está do lado deles”.

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André Cruz Martins

21-06-2018



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