Sergio Canales, das três lesões graves à primeira convocatória para a seleção espanhola

Aos 28 anos, Sergio Canales vive um dos melhores momentos da carreira. Que culmina com a primeira convocatória para a seleção espanhola. A chamada à equipa que representa o país é sempre um feito marcante para qualquer jogador. Mas quando falamos do jogador do Betis é preciso recuar no tempo. Prepare-se para uma história de superação como existem poucas no futebol.

Atualmente o médio espanhol é uma das estrelas da equipa onde também joga o português William Carvalho. Mas foi no Racing Santander que começou a dar nas vistas. Algo que levou o Real Madrid, em 2010, a gastar 6 milhões de euros na sua contratação. Acabou por não se impor e na temporada seguinte foi emprestado ao Valência. Que em 2012 pagou 7,5 milhões de euros para ficar com o jogador a título definitivo. A este valor somam-se mais dois milhões pagos como taxa de empréstimo. Em 2014 é vendido à Real Sociedad por 3,5 milhões de euros. Até que no início desta época chegou à equipa de Sevilha a custo zero. Só que o percurso de Sergio Canales não pode ser analisado apenas desta forma.

Sergio Canales deu nas vistas no Racing Santander antes de ser contratado pelo Real Madrid

Na época 2011/12 sofreu as primeiras lesões graves. Quando estava no Valência teve de lidar com duas ruturas de ligamentos no joelho. A primeira, em outubro de 2011, fez com que estivesse cinco meses afastado dos relvados. Pouco tempo depois de voltar, nova lesão e o resto da época ficou perdido. Em 2015/16, na Real Sociedad, rompeu o joelho esquerdo e teve de passar por setes meses de recuperação. As cicatrizes fazem com que o jogador não se esqueça daquilo por que passou.

“Procuro sempre os aspetos positivos em tudo. As lesões fizeram-me amadurecer, crescer e dar conta da importância de nos cuidarmos e dar valor a tudo. Se estas cicatrizes servem para alguma coisa, é para tirar delas as coisas boas”, explica à Marca. Canales revela ainda que aproveitou uma das cicatrizes [hoelho esquerdo] para fazer uma tatuagem. “Estava com um amigo e pensámos que, como era um ligamento cruzado, a cicatriz podia ser a espinha de um peixe. Também podia ser uma girafa por causa do pescoço ou umas outras mil coisas. Mas gostámos do peixe”, revela.

“As lesões fizeram-me amadurecer, crescer e dar conta da importância de nos cuidarmos e dar valor a tudo”

Três lesões graves nos dois joelhos eram mais do que suficientes para que muitos jogadores decidissem colocar um ponto final na carreira. Algo que nunca foi opção para Sergio Canales, que explica aquilo de que mais se orgulha durante o calvário de lesões. “De nunca ter baixado os braços, de não me render, de lutar. Houve momentos nas recuperações em que as coisas não estavam a sair bem mas nunca me rendi e procurei outra solução. Apesar de tudo, nunca perdi o sorriso”, conta.

Sergio Canales faz ainda uma revelação curiosa, ao confessar que durante as lesões aproveitava para jogar futebol… durante o sono. “Em metade das lesões sonhas que estás a jogar, imaginas-te no relvado. Isso ajuda-te a adaptar mais rapidamente quando voltas a jogar. Jogo futebol desde que me lembro. Se não encontras memórias mais recentes, tens sempre as do passado”, refere.

“Em metade das lesões sonhas que estás a jogar”

Nesta época, Sergio Canales é um dos jogadores mais utilizados do Betis, somando mais de dois mil minutos de jogo no campeonato espanhol. Em 26 jogos, conta com 6 golos e 2 assistências. Números que levaram Luis Enrique a convocá-lo para La Roja. “Se pensei que era inalcançável? Nunca. Nunca disse algo parecido. Claro que não tinha isso como um objetivo a curto ou a longo prazo. Não pensava nisso, via a seleção como um adepto, como sempre fui”, conclui.