Depois de mais um mau resultado, José Mourinho queixou-se outra vez do plantel. Se no passado referiu-se ao facto de não ter centrais que consigam sair a jogar, agora apontou baterias para a generalidade dos pupilos. “No nosso plantel não há muitos ‘cães raivosos’, ou seja, jogadores que mordam a bola e pressionem continuamente. Precisamos de ‘cães raivosos’!”, disse o técnico português depois do empate a duas bolas com o Southampton no sábado.
No domingo, houve jogo grande em Londres, com o Arsenal a receber e a vencer o rival Tottenham por 4-2. E no meio-campo dos “gunners” houve um jogador em destaque, o uruguaio Lucas Torreira, que foi um autêntico “cão raivoso” para os adversários, além de ter marcado um dos golos da equipa. E já há quem o chame de novo Roy Keane, o mítico capitão do Manchester United que era um terror para os jogadores das equipas contrárias.
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Lucas Torreira esteve presente no último Mundial de futebol, ao serviço do Uruguai, mas antes da competição o Arsenal já tinha pago 30 milhões de euros aos italianos da Sampdoria para garantir o concurso do médio defensivo. Manchester City, SSC Nápoles e Borussia Dortmund seriam outros grandes clubes europeus interessados no futebolista.
Com apenas 1,66 m, Torreira é conhecido no universo do futebol como Santi Kanté, uma alcunha que se deve ao facto de misturar características de N’golo Kanté e Santi Cazorla, o que pode parecer um pouco estranho, pois estamos a falar de dois futebolistas com características bastante diferentes: Kanté é um jogador muito pressionante e com uma capacidade física inesgotável e Cazorla é um tecnicista com grande controlo de bola. No entanto, basta ver alguns vídeos seus para perceber que a comparação até fez sentido.
Era ponta de lança até há 3 anos
Torreira ainda é um desconhecido para a generalidade dos adeptos do futebol, mas foi pedra essencial na Samdporia, décima classificada da última Série A, tendo cumprido 36 das 38 jornadas da prova e sempre como titular, tendo ainda apontado quatro golos. De resto, esta foi a sua terceira época em Itália como titular indiscutível, depois de ter começado nos juniores do Pescara, em 2014/15. Transferiu-se para a Sampdoria no final dessa época, por 2 milhões de euros, mas em 2015/16 permaneceu no Pescara, por empréstimo.
Curiosamente, quando chegou a Itália jogava como ponta de lança e foi Massimo Oddo, treinador do Pescara, que o transformou em médio defensivo. Quando se olha para Torreira, a sua primeira característica que salta à vista é a baixa estatura (1,68 metros). Desenganem-se no entanto aqueles que já estão a pensar numa eventual fragilidade física, pois é daqueles médios raçudos que não tem medo de se bater com os adversários, a quem está constantemente a morder os calcanhares, recuperando muitas bolas por jogo.
No entanto, as capacidades de Lucas Torreira não se restringem ao plano defensivo, sendo exímio no passe, como demonstrou na última época, nomeadamente ao iniciar venenosos contra-ataques da sua equipa.
Torreira fez a formação nos uruguaios do Montevideo Wanderers e no mercado de janeiro de 2017 viu o seu nome associado ao FC Porto, que se terá assustado com os 15 milhões de euro alegadamente pedidos pela Sampdoria. Por esta altura, também a AS Roma perguntou por ele.
Luis Suárez nem sabia quem era Lucas Torreira
Foi só em março deste ano que o pequeno médio se estreou na seleção A uruguaia e curiosamente o seu colega de equipa Luis Suárez nem o conhecia quando FC Barcelona e Sampdoria se defrontaram em agosto de 2016, em jogo particular. “Fiquei impressionado com aquele miúdo que jogava no meio campo e fiquei a saber que era uruguaio. A partir de então, comecei a seguir a sua carreira no campeonato italiano”, revelou em março último, acrescentando: “A sua grande evolução surpreendeu-me muito, até porque não é fácil um jogador tão jovem aparecer ao mais alto nível. Tenho a certeza que dará o melhor de si se o selecionador Óscar Tabárez o chamar”, referiu.
E assim foi. Lucas Torreira agarrou a oportunidade e mereceu a confiança de Tabárez para o Campeonato do Mundo. “A minha vida mudou muitíssimo desde que passei a ser chamado para a seleção uruguaia. Representar o teu país é o máximo a que podes ambicionar enquanto profissional de futebol. Foi incrível ter a oportunidade de me estrear pouco antes do Mundial”, revelou, em entrevista recente.
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