Um dos grandes perigos para o FC Porto nesta elimitatória será o sérvio Aleksandar Kolarov. Apesar de ser defesa esquerdo, tem um pontapé temível, sendo um mestre na cobrança de livres diretos com o seu pé canhoto.
Titular indiscutível da formação italiana, é sem dúvida um dos jogadores mais fiáveis numa equipa que tem deixado muito a desejar e que ocupa o sétimo lugar no campeonato, a 25 pontos da líder Juventus e a 16 do segundo classificado Nápoles. Convém recordar que no início da temporada o objetivo era conquistar o título de campeão.
“Adeptos não percebem nada de futebol”
Dono de uma forte personalidade, Kolarov entrou em confronto com os adeptos da Roma no final de novembro, quando se pronunciou sobre a contestação em face dos maus resultados. “Não tenho de prometer nada a ninguém, só tenho de prometer a mim mesmo trabalhar, dando tudo, e isso é o que tenho feito desde que comecei a jogar futebol”, realçou.
“Os adeptos têm direito a estarem chateados, mas têm de estar conscientes de que não percebem nada de futebol. Eu também gosto de basquetebol, modalidade que pratiquei quando era mais novo e fico irritado se a minha equipa perde, mas jamais me atreveria a falar de tática porque não faço a mais pequena ideia”, acrescentou.
Pedido de desculpas ou insolência?
Entretanto, depois de ter marcado o terceiro golo no triunfo em casa do Chievo Verona, na última jornada da Série A, o lateral esquerdo dirigiu-se aos adeptos da AS Roma e colocou a mão esquerda no peito, ao mesmo tempo que se vergou e fez uma vénia com a mão direita. A avaliar pelas redes sociais, o que poderia ser considerado como um gesto de respeito foi interpertado com um ato insolente pela maioria dos adeptos.
Eusebio Di Frenceso, treinador dos “giallorrosi”, não duvidou da bondade do seu jogador. “Foi um grande gesto de reconciliação com os adeptos. É um excelente profissional, muito sério e voltou a ser importante quando a equipa precisou dele”, realçou.
Polémicas é com ele
Kolarov não tem escapado a boas polémicas nos últimos tempos. Em fevereiro de 2018, discutiu com o treinador do AC Milan em pleno relvado, durante um jogo. Gennaro Gattuso foi ‘apanhado’ pelas câmaras de televisão a aproximar-se de Kolarov e a gritar-lhe: “vou rebentar-te o car…”
Em setembro de 2018, criticou Adam Marusic, futebolista da Lazio, por este ter escolhido representar a seleção do Montenegro. “Eu joguei na Lazio, depois fui para a Inglaterra e depois voltei para Roma, mas para o rival da Lazio, pois sou profissional. No entanto, uma seleção nacional não funciona assim. Como é que Marusic pode jogar pelo Montenegro se nasceu na Sérvia? É uma tristeza de uma decisão”, atirou.
Teve filho com a amante
A maior polémica de Kolarov ocorreu fora dos relvados e teve a ver com uma relação extraconjugal que teve com a deslumbrante modelo sérvia Kristina Mijacevic. A relação terá durado dez anos, isto quando o futebolista já estava com a sua atual mulher, Vesna.
Em 2015 Kristina deu à luz uma criança cujo pai é alegadamente Kolarov. E terá sido precisamente quando soube que ia ser pai que o jogador deixou a amante. Ainda assim, de acordo com órgãos de comunicação social sérvios, o defesa reconheceu a paternidade do rapaz, chamado Petar, e inclusivamente deu-lhe o seu apelido. Vesna perdoou a infidelidade do jogador e os dois mantêm-se juntos, tendo em comum um filho de cinco anos e uma filha de sete.
Trauma da guerra na Jugoslávia
Aleksandar Kolarov tinha seis anos quando rebentou a guerra na Jugoslávia. E apesar de já terem passado muitos anos, confessa que o trauma ficou para sempre. “O barulho da guerra é muito particular e ainda o ouço se fechar os olhos. Não eram as sirenes que estávamos habituados a ouvir, era diferente, como se fosse um choro. Estava com uns amigos a alguns quarteirões da nossa rua quando ouvimos a primeira grande explosão. Olhámos para o céu e vimos um avião a cair e havia fogo preto a sair dele. Tratava-se de um avião militar a bombardear Belgrado, não muito longe da minha casa. Infelizmente, era assim a vida na Sérvia naqueles tempos”, recordou, em entrevista recente.
“Fui para casa e sentei-me no meu quarto durante algumas horas, a tentar perceber o que tinha acabado de ver. Quando a guerra começou até fiquei contente, porque significava que não havia escola. Mas depois tudo mudou, claro. Lembro-me de uma noite em que estava com a minha mãe na sala e de repente o portão lá fora estremeceu várias vezes. Não percebia o que estava a passar-se, mas mais tarde disseram na televisão que Belgrado estava a ser bombardeada”, prosseguiu.
Ídolo era Sinisa Mihajlovic
Curiosamente, confessa que as dificuldades da guerra lhe deram mais força para perseguir o sonho de se tornar futebolista profissional. “Eu o meu irmão crescemos e a guerra passou a fazer parte das nossas vidas, por isso sabíamos que o futebol era uma oportunidade que não podíamos desperdiçar. Nunca desisti e alcancei esse objetivo”, sublinhou.
“Eu e o meu irmão passávamos o dia no jardim a atirar uma bola contra o portão de madeira. Era a nossa baliza. Fazíamos um enorme barulho e os vizinhos não gostavam. Eu queria ser como o Sinisa Mihajlovic, que na altura jogava no Estrela da Vermelha”, confessou. Recorde-se que Mihaijlovic foi o último treinador contratado por Bruno de Carvalho para o Sporting, mas acabou por ser despedido por Sousa Cintra antes mesmo de começar a trabalhar, no início desta época.
Percorra a galeria e veja fotos de Kristina Mijacevic.
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