Kepa Arrizabalaga é o guarda-redes mais caro de sempre, depois do Chelsea ter pago 80 milhões de euros ao Athletic Bilbao pelo seu passe. Apesar das suas grandes potencialidades, não deixou de ser surpreendente este astronómico investimento dos “blues” no jovem de 23 anos, referente à cláusula de rescisão que constava no seu contrato com o clube basco.
O terceiro guarda-redes da seleção espanhola no último Campeonato do Mundo foi assim o escolhido para o lugar de Thibaut Courtois, que saiu para o Real Madrid. Ou seja, o recorde de 75 milhões de euros que tinha sido estabelecido pelo FC Liverpool na aquisição do guardião brasileiro Alisson à AS Roma durou poucos dias.
Também era utilizado como jogador de campo
Kepa começou a jogar futebol aos 9 anos, ao serviço do Athletic Bilbao. Curiosamente, em algumas ocasiões deixava a baliza e alinhava como jogador de campo e numa ocasião chegou a marcar dois golos numa partida de sub-14. Isso talvez ajude a explicar o seu magnífico jogo com os pés.
Foi progredindo no Athletic Bilbao e aos 19 anos já era o guarda-redes titular da equipa B. Necessitava de uma competição mais mediática do que o terceiro escalão espanhol e por isso, a meio da época seguinte foi cedido ao Ponteferradina, da segunda divisão. Em 2015/16 foi de novo emprestado, desta vez ao Valladolid (também da II Liga) e aproveitou para mostrar o seu valor, tendo realizado 40 jogos.
Dos mais batidos em Espanha mas sem culpa
Sem surpresa, voltou ao Athletic na temporada seguinte, mas não foi titular indiscutível, estatuto que só atingiu na última época. Curiosamente, foi um do guarda-redes mais batidos da Liga espanhola em 2017/18 (a equipa sofreu 49 golos em 38 jogos) mas não se lhe podem assacar grandes culpas, dada a evidente fragilidade da sua equipa, que terminou em 16º lugar. Aliás, foi o terceiro guarda-redes com mais defesas no campeonato e efetuou o maior número de passes longos na prova (368).
Ao longo do seu percurso, fez parte das várias seleções jovens espanholas e no ano passado esteve no Campeonato da Europa de sub-21, como titular. Muitos vêem-no como o sucessor de De Gea na equipa principal de “la roja” e já esteve no último Campeonato do Mundo.
A transferência falhada para o Real Madrid
Em janeiro deste ano, esteve muito perto de assinar pelo Real Madrid e até chegou a realizar exames médicos, acabando no entanto por ser vetado pelo treinador Zinedine Zidane. Na altura, o negócio ficaria em apenas 20 milhões de euros, ou seja, um quarto do que o Chelsea acabou por pagar agora. Teremos assistido a um erro histórico do clube “merengue”? A lesão que Kepa sofreu nesse mês de janeiro e que o deixou afastado dos relvados durante mais de um mês também não ajudou.
Algumas semanas depois, Zidane justificou a nega. “Sem dúvida que o Kepa é muito talentoso, mas a verdade é que não queria ir buscar um guarda-redes a meio da temporada. Não me arrependo de ter vetado a sua contratação”, referiu.
Quanto ao jovem guardião, confessa que ficou muito desiludido pela mudança para o Santiago Bernabéu não se ter efetuado. “Passei mal por não ter ido para o Real Madrid. No entanto, não guardo rancor a Zidane, que tinha de tomar uma decisão. E eu só tenho de aceitar”, sublinhou. Curiosamente, foi o melhor em campo no Real Madrid-Atlhetic Bilbao de abril de 2018, tendo sido decisivo no empate a uma bola.
O que pode Kepa trazer ao Chelsea
O seu contrato terminava em junho do ano passado e por isso poderia assinar por qualquer clube como jogador livre. No entanto, como reconhecimento por tudo o que o Atlhetic Bilbao fez por ele, renovou e permitiu este super encaixe financeiro à formação basca.
Agora, a ver vamos como se irá encaixar num clube habituado a fantásticos guarda-redes, depois de onze anos de reinado de Peter Cech e quatro de Curtois. Para já, tem a confiança do seu treinador, Maurizio Sarri. “Vi-o há cerca de um ano e a minha impressão foi que se tratava de um grande guarda-redes. Jovem, mas muito, muito bom”, destacou.
Kepa é bem mais baixo do que Curtois (1,89 metros contra 1,99 metros) e pode não “encher a baliza” como o belga, mas há três aspetos em que não lhe fica nada a dever, para não dizer que é mesmo superior: nos fantásticos reflexos, no jogo de pés e na forma como se antecipa aos avançados, sendo perfeito para jogar numa equipa com a defesa subida.
O estranho passatempo
O reforço do Chelsea tem um passatempo pouco habitual. Na cidade natal, Ondarroa, cedo aprendeu com pai a caçar canários selvagens e depois a ensiná-los a cantar. Criou três pássaros, a quem deu os nomes de Oker, Rocky e Raikkonen que chegaram até a ganhar competições. A paixão manteve-se ao longo da adolescência e em 2008 e 2010 foi campeão da província de Vizcaya em canto de pássaros silvestres.
“Sou conhecido no balneário do Atlhetic por “El Jilguero [a palavra em espanhol por que são conhecidos os canários selvagens]”, confessou em entrevista recente, confirmando que continua a pagar as quotas da Sociedade Ornitológica Txori Lagunak de Bilbao. “Sempre passei muito tempo com os pássaros, tentando conciliá-los com o futebol”, acrescentou. De referir que os seus três pássaros continuam bem de saúde e a participar em concursos.
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