Estes são os dez jogadores-revelação da liga portuguesa

Estes são os dez jogadores-revelação da liga portuguesa

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Estes são os dez jogadores-revelação da liga portuguesa

Eram futebolistas que pouco diziam ao comum dos adeptos mas que ganharam estatuto depois das exibições dos últimos meses. Dois já chegaram ao FC Porto e um ao Mónaco no último mercado de janeiro.

Artigo de André Cruz Martins

05-03-2019

Muitos adeptos do futebol em Portugal só conhecem os jogadores dos três grandes e pensam que o resto é paisagem. Não é bem assim e esta época tem saltado à vista a indiscutível valia de muitos jogadores de clubes mais modestos.

Conheça aqueles que na opinião do paraeles são as dez maiores revelações do nosso campeonato fora do circuito das maiores equipas, sendo que três destes atletas já deram o salto no último mercado de janeiro.

10. Kalindi Souza (Nacional)

O defesa direito brasileiro Kalindi Souza tem sido um dos raros jogadores que têm feito sorrir os adeptos do Nacional na época em curso. Chegado à Choupana no último verão, depois de ser ter desvinculado do Grémio Anápolis (clube pelo qual também passou o líder deste nosso top 10 de revelações), cedo se impôs, destacando-se pelo apoio que presta ao ataque, mas sem descurar a defesa.

Na época passada já tinha mostrado toda a sua qualidade ao serviço do Penafiel, na II Liga. Ao qual esteve emprestado pelo Grémio Anápolis. Sendo defesa, é natural que não se destaque pelos golos marcados. Mas o único que marcou (frente ao Tondela) valeu-lhe o título de melhor da sétima jornada da I Liga.

9. Tiago Sá (Sp. Braga)

Há longos anos apontado como o guarda-redes do futuro do Sp. Braga, o único clube que representou, Tiago Sá teve de esperar por esta temporada para, aos 24 anos, ser aposta consistente de Abel Ferreira.

E a verdade é que o treinador dos minhotos não deve estar arrependido desta escolha, pois o internacional jovem português tem estado globalmente a bom nível, apesar de um outro erro grave que resultou em golo, com destaque para a exibição menos conseguida na “derrocada” do Estádio da Luz (derrota por 6-2).

Abel Ferreira deixou antever que não vai deixar cair Tiago Sá quando há algumas semanas fez o paralelismo com os primeiros anos de Rui Patrício na equipa principal do Sporting, em que Paulo Bento manteve a aposta, apesar das críticas de muitos adeptos leoninos ao então jovem guarda-redes.

8. Davidson (V. Guimarães)

O V. Guimarães tem alterado o excelente com o péssimo neste campeonato, mas há um jogador que se tem mantido sempre em alto nível: Davidson, extremo brasileiro de 27 anos que chegou esta época à cidade berço, proveniente do Desportivo de Chaves.

Jogou com Neymar nas camadas jovens do Santos e teve uma infância pobre e perigosa, pois vivia na favela Complexo da Mangueirinha, onde conviveu de perto com o crime e o tráfico de droga.

Davidson recordou a chegada a Portugal em 2015, para representar o Sp. Covilhã. “Tinha hipóteses de vários clubes e o Covilhã era uma delas. Disseram-me que fazia muito frio lá e que havia neve. Confesso que fiquei entusiasmado com a neve, pois um brasileiro do Rio de Janeiro não vê neve”, revelou, ao “Maisfutebol”. Depois, teve a tal passagem pelo Desp. Chaves e chegou no último verão ao V. Guimarães.

7. Helton Leite (Boavista)

Helton Leite estava sem dúvida a ser dos melhores guarda-redes do campeonato português até se lesionar com gravidade no joelho direito, aos 89 minutos do Boavista-Santa Clara, de 10 de fevereiro. Ainda aguentou até ao final da partida, mas sofreu uma rotura do ligamento cruzado

anterior no joelho direito, foi operado e não pode jogar mais esta temporada.

Até então era um dos totalistas no campeonato e estava claramente a cotar-se como a grande figura do Boavista, com grandes exibições e apenas 26 golos sofridos em 21 partidas, números bastante razoáveis para uma equipa que luta pela permanência.

A verdade é que este guardião de 28 anos podia ser desconhecido em Portugal, mas tinha algum cartel no Brasil, pois alinhou no Botafogo durante quatro temporadas, embora sem nunca ter sido o habitual titular.

6. Rashid (Santa Clara)

Típico camisola 8, Osama Rashid é um médio completo, que ataca bem mas que também sabe defender. Grande figura do Santa Clara, já marcou cinco golos e deixou para trás uma história de sofrimento.

“Tinha 3 anos quando a guerra se instalou no Iraque e deixou de ser seguro para a minha família. Viajei para a Holanda com a minha mãe e com os meus irmãos e o meu pai ficou no Iraque porque ele tinha de lutar, todos os homens eram obrigados a participar na guerra, mesmo o meu irmão de 12 anos, que só viajou mais tarde para a Holanda”.

Cumpriu a formação no Feyenoord, esteve quase a desistir de jogar futebol por culpa das lesões, mas deu a volta por cima em Portugal, primeiro no Farense e agora no Santa Clara.

5. Muriel (Belenenses SAD)

Muriel, guarda-redes do Belenenses, era essencialmente conhecido por ser o irmão de Alisson, guardião do Liverpool. No entanto, hoje em dia ganhou nome por direito próprio, em virtude das grandes exibições que tem protagonizado ao serviço do antigo emblema da Cruz de Cristo.

Na memória geral ficou a sua magnífica prestação no encontro com o Benfica, em que protagonizou um impressionante número de grandes defesas e foi decisivo na vitória da sua equipa por 2-0. “Foi das melhores exibições da carreira, vai para o meu top 3 e foi a minha melhor prestação em Portugal. Mudei de luvas antes do jogo e correu bem”, referiu.

4. Fernando Andrade (Santa Clara)

Fernando Andrade tem subido a pulso no futebol português. Em 2015/16 chegou ao modesto Oriental, proveniente do Rio Branco – SP. Avançado móvel, que normalmente alinha nas alas mas também pode jogar no centro, destacou-se nessa sua época de estreia no nosso país e transferiu-se para o Penafiel, igualmente da II Liga.

No novo clube, voltou a só durar uma época. Finda a qual mudou-se para o Santa Clara, onde foi figura de destaque na subida de divisão, com 15 golos apontados em partidas oficiais em 2017/18. Ainda iniciou a temporada de 2018/19 nos açorianos, mas em janeiro chegou ao FC Porto. Custou 1,5 milhões de euros.

Tem beneficiado das lesões na frente de ataque do FC Porto (Aboubakar e Marega) para somar minutos e apesar de não estar a deslumbrar de dragão ao peito, já marcou um golo aos rivais Benfica e Sporting, na Taça da Liga

3. Mamadou Loum (Moreirense)

A contratação de Loum pelo FC Porto foi a grande surpresa no último dia do mercado de janeiro em Portugal. Ainda para mais pelo valor envolvido, pois chegou aos dragões emprestado pelo Sp. Braga, mas com cláusula obrigatória de compra de 7,5 milhões de euros.

Este médio defensivo que se destaca pela inesgotável capacidade física nunca se afirmou no Sp. Braga mas esteve em grande plano ao serviço do Moreirense, na primeira metade da época. E foi um pedido expresso de Sérgio Conceição, que já o tinha indicado para o Sp. Braga quando era treinador dos minhotos.

2. Chiquinho (Moreirense)

Os adeptos do Benfica só não abriram a boca de espanto quando os encarnados foram buscar Chiquinho à Académica no verão de 2018, devido a uma prática habitual o clube da Luz. Comprar o passe de jogadores sem grande nome e aparentemente sem hipótese de fazerem parte do plantel para depois os cederem a clubes da I Liga.

Este médio ofensivo de 23 anos foi mais um desses casos. Mas tem confirmado ser de outra cepa, afirmando-se como a grande figura do Moreirense, o surpreendente quinto classificado do campeonato. Tem somado exibições de grande nível e tem sete golos (um dos quais na histórica vitória por 3-1 na Luz) e sete assistências em partidas oficiais.

E como o Benfica ainda ficou com 50 por cento do passe de Chiquinho e com opção de recompra – à semelhança do que fez com Alfa Semedo, que também havia emprestado ao Moreirense – não parece nada descabido que aposte no jovem médio na próxima temporada.

1. Carlos Vinicius (Rio Ave)

Na época passada, Carlos Vinicius destacou-se ao serviço do Real, último classificado da II Liga, com um total de 20 golos apontados. De tal forma que o Nápoles assegurou os seus serviços, emprestando-o ao Rio Ave na época em curso.

O ponta de lança de 23 anos confirmou a sua grande qualidade ao serviço dos vilacondenses (14 golos em 20 jogos oficiais). Em janeiro assinou pelo Mónaco, igualmente cedido pelo Nápoles. Soma para já apenas 12 minutos em três partidas como suplente utilizado.

Este é um caso típico que mostra bem como a vida pode dar uma volta de 180 graus num curto espaço de tempo: há cerca de um ano e meio jogava no modesto Grémio Anápolis, do Brasil, e quase nem tinha dinheiro para alimentar o filho.

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André Cruz Martins

05-03-2019



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