Hugo Almeida, o globetrotter do futebol português está de volta 12 anos depois

Época 2005/06. O Futebol Clube do Porto viria a sagrar-se campeão com um plantel cheio de estrelas, liderado por Co Adriaanse, o controverso treinador holandês. Na linha da frente da equipa destacavam-se nomes como Ricardo Quaresma, então com 22 anos, Hélder Postiga, Benni McCarthy, Lisandro López e Tomo Sokota, entre muitos outros. Havia ainda espaço para um jovem, formado no clube, chamado Hugo Almeida. Que com 22 anos, e no meio de tanas estrelas, conseguiu participar em 38 jogos e marcar cinco golos.

Saída do FC Porto contra a sua vontade

Tudo parecia apontar para uma época de afirmação do ponta-de-lança português que se destacava pelo porte físico e potência do remate. Depois de alguns empréstimos e passagem pela equipa B dos dragões, Hugo Almeida estava apostado em conquistar o seu lugar no ataque do Porto. Mas acabou por sair para os alemães do Werder Bremen. Ainda que contra a sua vontade. “Não queria sair do FC Porto. Tinha feito uma boa época, tinha feito os golos que deram o campeonato ao FCP e sentia-me bem. No FCP trataram de tudo sem eu saber e avisaram-me uma dia antes de me apresentar que tinha que ter uma reunião com as pessoas da Alemanha e pronto”, contas em entrevista ao Tribuna Expresso, reforçando que saiu contrariado do clube. Acabou por sair por empréstimo com os alemães a pagarem 4 milhões de euros para ficar com o jogador em definitivo.

Estava assim dado o primeiro passo para que Hugo Almeida se transformasse no globetrotter dos últimos anos do futebol português. De 2006 a 2010 ficou pela Alemanha. Esquecendo as dificuldades com o idioma, tudo correu de feição ao avançado. Que até 2010 marcou 68 golos ao serviço do Werder Bremen. Os números chamaram a atenção do Besiktas, clube turco que aprecia os talentos nacionais.

Jogar na Europa e viver na Ásia ao serviço do Anzhi

Os turcos pagaram três milhões de euros pelo passe do avançado que se juntou a Ricardo Quaresma, Manuel Fernandes e Simão Sabrosa no Besiktas. De 2010 a 2014, Hugo Almeida teve a possibilidade de jogar na Europa e viver na Ásia. Em três épocas e meia, marcou 47 golos, antes de voltar a mudar de ares. Aos 30 anos, e sem clube depois de acabar a ligação aos turcos, o avançado quis tentar a exigente Serie A. Mas a experiência no Cesena não correu como desejado. Apenas 10 jogos e nenhum golo marcado. Acabou por rescindir contrato antes de dar início a mais uma viagem.

Em 2014 chegava a hora de experimentar o frio da Rússia numa aventura dupla. Primeiro, ao serviço do Kuban Krasnodar, clube pelo qual marcou 3 golos em 13 jogos. Mudou-se depois para o Anzhi onde participou apenas em 14 jogos, conseguindo marcar quatro golos. Apesar da promessa de viver em Moscovo depois de assinar pelo Anzhi, acabou a viver no Daguestão, uma verdadeira zona de guerra. Nova viagem, desta vez para regressar à Alemanha. O destino era o Hannover 96 onde tinha a possibilidade de reencontrar Thomas Shaaf, o treinador dos tempos do Werder Bremen.

Regresso à Alemanha para esquecer

Apenas sete golos, um único golo e um calvário sem fim. O treinador acabou despedido e o jogador passou por situações muito complicadas. “Estava em casa e chamavam-me para ir fazer teste antidoping. Eu ia treinar, estava equipado e diziam-me para não treinar porque não queriam que eu visse a tática da equipa, como se eu fosse entregar a tática ou alguma coisa a alguém! Coisas desse género para ver se eu perdia a cabeça. Vi o que é jogadores a terem grande poder sobre a direção de um clube”, diz ao Tribuna Expresso. A época acabou, o clube foi despromovido e Hugo Almeida ficou com o passe nas mãos. Mochila às costas e mais uma viagem para um destino novo.

Regresso a Portugal e 18079 quilómetros percorridos ao longo de 12 anos

Seguiu-se uma época e meia nos gregos do AEK, onde conquistou o campeonato. Para a história ficam 30 jogos e 5 golos. Mas as viagens de Hugo Almeida não se ficam por aqui. Na época passada representou os croatas do Hajduk Split. Mais 14 jogos e 3 golos para somar à conta pessoal. Até que 12 anos depois de ter saído de Portugal, Hugo Almeida está de volta ao nosso País. E de forma surpreendente. Aos 34 anos, o avançado tem a missão de marcar golos que ajudem a Académica a regressar ao principal escalão do futebol nacional. Ao todo, e caso tivesse feito as viagens de carro, Hugo Almeida teria percorrido 18079 quilómetros ao longo dos últimos 12 anos.

Ao longo da carreira Hugo Almeida conquistou 1 Liga dos Campeões, 1 Torneio de Toulon e 2 Ligas Portuguesas. A isto soma 2 Supertaças Cândido de Oliveira, 2 Taças de Portugal, 1 Taça da Liga Alemã, 1 Taça alemã, 1 Taça da Turquia, 1 Liga grega e 1 supertaça alemã. A grande mágoa de Hugo Almeida é não ter feito parte dos eleitos de Fernando Santos para o Europeu que Portugal conquistou. Algo que o avançado associa, em parte, à época para esquecer ao serviço do Hannover 96.