7 craques que José Mourinho desperdiçou

7 craques que José Mourinho desperdiçou

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7 craques que José Mourinho desperdiçou

Têm em comum o facto de não terem sido aproveitados pelo treinador português e de hoje em dia serem grandes figuras nas equipas que representam. Dois deles, curiosamente, no Manchester United, orientados pelo “Special One”.

Artigo de André Cruz Martins

25-10-2018

Ronaldo voltou a Old Trafford num jogo da Liga dos Campeões que colocou frente a frente o Manchester United e a Juventus e partida acabou com a vitória dos italianos por 1-0, com o único golo do desafio a ser apontado por Dybala. No final dos 90 minutos, José Mourinho teceu rasgados elogios ao adversário, com especial destaque para Bonucci e Chiellini.

“Jogámos contra um os dos maiores, mas mesmo um dos maiores candidatos a vencer a Liga dos Campeões. Fizemos os possíveis, podíamos ter conseguido um resultado diferente, especialmente pela forma como jogámos na segunda parte. Não conseguimos principalmente porque os senhores Bonucci e Chiellini podiam ir para uma Universidade de Harvard dar aulas sobre como ser defesa central: foram absolutamente fantásticos, disse Mourinho. Se agora Bonucci mereceu elogios do treinador português, no passado foi mais ou menos ignorado.

Uma viagem pelo Red Light District, em Amesterdão. Veja o vídeo:

Leonardo Bonucci

Leonardo Bonucci cumpriu o final da sua formação no Inter Milão, mas nunca se afirmou nos “nerazzurri” como sénior. Em 2008/09, na primeira temporada de José Mourinho no clube, o então jovem central de 21 anos foi cedido ao Treviso e, depois, ao Pisa. Nada anormal, uma vez que o plantel do Inter Milão contava com centrais como Burdisso, Walter Samuel e Marco Materazzi.

Poderá o técnico português ser acusado de falta de visão, ao permitir a venda de Bonucci ao Génova por apenas 4 milhões de euros, no verão de 2009? A verdade é que um mês depois os genoveses venderam-no ao Bari por 10,5 milhões de euros e nem um ano se passou e Bonucci já estava na Juventus, que pagou 15,5 milhões de euros pelo seu passe.

Mourinho permitiu a venda de Bonucci ao Génova por 4 milhões de euros

O resto da história é conhecida: Bonucci foi titular indiscutível nas sete temporadas que passou na “Vechia Signora”, tendo sido campeão em seis ocasiões e passou igualmente a ser figura de referência na seleção italiana. Depois de um ano no AC Milão, voltou no início desta temporada a casa e volta a formar com Chiellini uma das melhores duplas do mundo.

Kevin De Bruyne

O médio ofensivo belga é possivelmente o mais estranho caso de desperdício de talento por parte de José Mourinho. Os dois cruzaram-se no Chelsea em 2013/14, quando o belga tinha 23 anos e realizara uma fantástica campanha na temporada anterior, quando estava emprestado ao Werder Bremen.

O treinador português só o utilizou em três jogos na Premier League e noutros três da Taça da Liga e em janeiro o Chelsea decidiu emprestá-lo ao Wolfsburgo, para não mais regressar a Stamford Bridge.
É justo dizer que José Mourinho não foi o único treinador do Chelsea que desperdiçou o talento do médio belga, pois também Rafa Benítez e Roberto di Matteo não souberam aproveitar este talento, que chegou ao clube em janeiro de 2012 mas foi sucessivamente cedido ao Genk, Werder Bremen e Wolfsburgo, até se desvincular dos “blues” em janeiro de 2014, quando assinou pelo Wolfsburgo.

O Manchester City pagou 76 milhões de euros por De Bruyne

Em agosto de 2015, o Manchester City pagou 76 milhões de euros ao Wolfsburgo pelo seu passe e não deve estar arrependido, pois o médio de ataque tem apresentado um altíssimo rendimento, sendo a maior figura da equipa que possivelmente melhor futebol pratica no futebol mundial. Esta temporada soma qualquer coisa como 11 golos e 19 assistências nas 42 partidas que disputou.

Os momentos mais quentes da “guerra fria” entre Ronaldo e Mourinho

Mourinho referiu-se desta forma a De Bruyne quando este se desvinculou do Chelsea. “Se tens um jogador a bater à tua porta a chorar todos os dias dizendo que quer sair, tens de tomar uma decisão. Naquela altura, o Chelsea fez bem, pois ele não estava pronto a jogar e era um rapaz perturbado, que se treinava muito mal”, garantiu.

A versão da história de De Bruyne foi a seguinte: “Falei com Mourinho e ele disse-me que eu não tinha estatísticas de jeito e a minha resposta foi que eu só tinha dois jogos, por isso o que queria que eu fizesse?’ Tinha a sensação de que não iria jogar mais e por isso sair foi uma boa decisão para mim”.

Mohamed Salah

Para além de não ter aproveitado a grande figura do atual Manchester City, José Mourinho fez o mesmo com aquele que é quase unanimemente considerado o melhor jogador do Liverpool. Estamos a falar do avançado egípcio Mohamed Salah, que em janeiro de 2015 foi emprestado pelo Chelsea à Fiorentina com a concordância do técnico português.

Esse medida de Mourinho não constituiu grande surpresa, pois a sua utilização nos “blues” sob o seu comando foi residual – 11 jogos durante a segunda metade da temporada de 2013/14 (quando chegou proveniente do Basileia por 16,5 milhões de euros, a pedido expresso do treinador português) e 8 jogos na primeira metade da época seguinte, antes da saída para a Fiorentina, onde logo se assumiu como uma das principais figuras.

O Chelsea pagou 16,5 milhões de euros por Salah

Mesmo depois da boa resposta do egípcio na formação “viola”, José Mourinho não ficou convencido e consentiu a sua cedência à AS Roma em 2015/16. Os “giallorrossi” acabaram por comprar o seu passe no verão de 2016, por 15 milhões de euros e um ano depois venderam-no ao Liverpool, praticamente pelo triplo (42 milhões).

Salah não se mostra ressentido pelo facto de não ter sido aproveitado por Mourinho. “Não joguei muito com ele, mas não faz mal. Temos uma boa relação e falámos um pouco depois do jogo da primeira volta, em Anfield”, revelou. Quanto ao técnico luso, garante não estar surpreendido com a “performance” do egípcio na época em curso. “Estava ciente da sua qualidade quando convivemos no Chelsea e melhorou bastante durante a sua passagem por Itália. Os jogadores precisam de tempo para se adaptar às novas equipas e se alguns preferem continuar, outros preferem mudar-se para outros clubes”, sublinhou.

Romelu Lukaku

O ponta de lança belga é atualmente titular indiscutível do Manchester United de José Mourinho, mas nem sempre foi assim. Em 2013/14, época em que o português segunda passagem pelo Chelsea, Lukaku fazia parte do plantel, mas foi emprestado ao Everton. E mesmo depois da excelente época que realizou nos “toffees”, com 16 golos apontados em 33 jogos, o “Special One” não acreditou em Lukaku e não se importou que o Chelsea o vendesse ao Everton, num negócio que rendeu 35 milhões de euros.

“Ele não estava motivado para ter de lutar por um lugar no onze, queria simplesmente ser titular, mas num clube como o Chelsea é muito difícil prometer um lugar no onze”, sublinhou. Recorde-se que os outros pontas de lança dos “blues” tinham muito mais estatuto do que o jovem belga, que na altura tinha apenas 21 anos.

Estamos a falar de Diego Costa, Fernando Torres e Drogba, mas se é verdade que o hispano-brasileiro estava no auge da carreira, o espanhol já vinha de duas épocas e meia com rendimento sofrível no clube (apenas 44 golos em 131 desafios) e o costa-marfinense já contava com 36 anos. Ou seja, a decisão de vender Lukaku foi bastante polémica, pois havia a noção de que já seria o segundo melhor ponta de lança neste lote de quatro.

Lukaku custou 85 milhões ao Manchester United

Curiosamente, três anos depois, José Mourinho pediu Lukaku para o Manchester United e teve de pagar qualquer coisa como 85 milhões de euros. O rendimento do internacional belga em Old Trafford tem sido razoável, mas não extraordinário e Mourinho tem sido o seu principal defensor, por vezes até das críticas dos próprios adeptos. “Gostava de saber a razão pela qual eles não apoiam um jogador que dá tudo em todos os jogos e que mesmo quando não marca faz a diferença”, referiu.

De resto, a relação entre os dois é bastante boa, como se percebe pelas declarações de Lukaku proferidas há poucos dias. “Acho que o treinador me vê como o seu sargento em campo, o que é estranho para um avançado, pois normalmente esse papel é desempenhado por um médio. Fico feliz por ele sentir que eu tenho essa mentalidade”, referiu. Mourinho achou divertida esta analogia. “Ri-me com o que ele disse. Mas sim, ele é um jogador importante para mim, um daqueles em quem confio, cuja atitude e caráter adoro, pois tem uma atitude fenomenal”, destacou.

Juan Mata

O médio ofensivo espanhol foi considerado o jogador do ano no Chelsea em 2012/13, mas perdeu influência na temporada seguinte, quando José Mourinho regressou a Stamford Bridge e levou consigo o brasileiro Oscar. Aliás, logo no mercado de janeiro, o treinador português deu a sua permissão à saída de Mata para o Manchester United e, sem surpresa, o espanhol afirmou-se em Old Trafford sem grandes problemas.

Era muita a curiosidade para saber com seria a relação entre jogador e treinador no reencontro em 2016, quando o “Special One” chegou ao Manchester United. “Reagi com naturalidade, apesar de ter recebido chamadas de amigos e familiares preocupados. A verdade é que estava descansado porque não houve qualquer problema pessoal entre nós no Chelsea, apesar de terem sido escritas mentiras sobre factos que jamais ocorreram”, sublinhou Mata em entrevista recente ao jornal “Mundo Deportivo”.

Juan Mata, o melhor futebolista do mundo fora de campo

Em 2017, ao “The Guardian”, Mata tinha explicado o que se passara no Chelsea. “Ele queria jogar um futebol diferente e não há mal nenhum nisso, mas claro que foi difícil aceitar ficar de fora depois de ter conquistado a Liga dos Campeões, a Liga Europa e de ter sido o melhor jogador da época. Nunca discutimos, mas o ambiente tornou-se difícil de suportar e a melhor opção para todos foi assinar pelo Manchester United”, reconheceu.

Mais uma vez, o “Special One” não teve problemas em conceder oportunidades a um futebolista que rejeitara no passado, dando papel relevante a Mata na sua estratégia de jogo no Manchester United. Em 20016/17, cumpriu 42 jogos, com dez golos marcados e na época em curso, depois de no início não ter contabilizado muitos minutos, tem sido aposta recente para o onze inicial.

“Mata é Mata. É um dos nossos jogadores. Está sempre disponível para a equipa, pensa no coletivo, não é excêntrico nem egoísta. Apenas quer ajudar. Por vezes começa de início, outras salta do banco ou nem joga de todo mas apoia sempre a equipa. É aquilo a que eu chamo um verdadeiro profissional”, salientou recentemente o treinador português.

Victor Moses

Moses pode estar longe do talento de Salah ou De Bruyne, mas ainda assim, não deixou de ser um pouco estranho a falta de oportunidades que o treinador português concedeu a este nigeriano que renasceu no Chelsea.

Quando o “Special One” chegou aos blues no verão de 2013, decidiu emprestar Moses ao Liverpool, o que surpreendeu a esmagadora maioria dos adeptos, depois da boa época anterior que realizara no Chelsea, com 10 golos marcados em 43 jogos. Regressou na época seguinte, mas apenas para fazer a pré-temporada, sendo de novo cedido, desta feita ao Stoke City. Novo início de temporada com Mourinho e novo empréstimo, desta vez ao West Ham.

“Acho que ele tinha os seus jogadores preferidos”

Com o treinador português fora de Stamford Bridge, lá voltou Moses ao clube e logo para ser figura importante no título de campeão, sob o comando de Antonio Conte. A relação entre o jogador e Mourinho não ficou em muito bom estado, como se percebe das declarações proferidas por Moses em outubro de 2016. “Mourinho nunca falou comigo de homem para homem, mandou-me apenas algumas mensagens a perguntar-me se estava bem no Liverpool”, referiu, acrescentando: “Acho que ele tinha os seus jogadores preferidos, ao contrário de Conte, que dá oportunidades a todos”.

Ezequiel Garay

O defesa central argentino foi sempre carta fora do baralho para José Mourinho quando o orientou no Real Madrid em 2010/11 e realizou apenas oito jogos. O técnico português não se opôs à sua saída para o Benfica, a troco de 5,5 milhões de euros. Na Luz, tornou-se um dos jogadores essenciais para Jorge Jesus e foi sem surpresa que chegou à titularidade na seleção argentina.

Cumpriu duas épocas a bom nível no Zenit e depois voltou a Espanha, para defender as cores do Valência, onde tem continuado a mostrar toda a sua categoria. E como aconteceu em vários dos exemplos atrás referidos, José Mourinho quis voltar a trabalhar com alguém que rejeitara no passado.

De acordo com vários órgãos de comunicação social ingleses, Garay foi forte hipótese para reforçar o Chelsea em 2013/14, quando o português era o treinador e o mesmo cenário repetiu-se dois anos mais tarde. Os negócios não avançaram em ambas as ocasiões mas será que ainda irão voltar a trabalhar juntos?

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André Cruz Martins

25-10-2018



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