Chapecoense, a vida dos sobreviventes dois anos depois da tragédia

Chapecoense, a vida dos sobreviventes dois anos depois da tragédia

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Chapecoense, a vida dos sobreviventes dois anos depois da tragédia

Dois anos depois da maior tragédia aérea da história do futebol, um dos sobreviventes ainda não voltou aos relvados.

Artigo de Bruno Seruca

28-11-2018

Assinala-se hoje (28) o segundo aniversário desde o trágico acidente de aviação que vitimou praticamente toda a equipa da Chapecoense. Dois anos depois do sucedido é Elan quem se destaca. O nome poderá surpreender porque não é um dos seis sobreviventes do acidente que vitimou 71 pessoas. Mas o jovem jogador, que faz parte da equipa sub-9 da equipa brasileira é apontado como futuro craque da Chape. Tanto que até já recebeu uma medalha que foi entregue por Hélio Zampier. Que não só é seu pai, como é conhecido no mundo do futebol por Neto, um dos sobreviventes da queda do avião. Que passado este tempo ainda não voltou a jogar.

“Há dois anos estava entre a vida e a morte, agora entrego um troféu e uma medalha para o meu filho, nunca naquela época imaginava que isso ia acontecer”, diz o jogador, de 33 anos, ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo. Além de Neto, Jakson Follmann e Alan Ruschel são os outros jogadores que sobreviveram. A estes juntam-se dois membros da tripulação e um jornalista brasileiro. As vítimas mortais são 71, naquele que é o maior acidente aéreo da história do futebol.

“Há dois anos estava entre a vida e a morte, agora entrego um troféu e uma medalha para o meu filho”

Jakson Follmann, guarda-redes, de 26 anos, perdeu parte da perna direita no acidente e agora tem o tempo ocupado com três atividades. Está a concluir o curso de gestão desportiva da CBF no Rio de Janeiro, de forma a passar a ser dirigente da Chapecoense. Em Chapecó é embaixador do clube, sendo ainda sócio de uma clínica para amputados. É agora um homem casado, depois do matrimónio com a namorada Andressa.

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Por sua vez, Alan Ruschel casou com Marina depois do acidente. O casal está à espera do nascimento de Luca, o primeiro filho de ambos. Alan esteve em risco de abandonar o futebol, mas regressou aos relvados num particular disputado em Camp Nou, contra o Barcelona. Habitualmente, costuma ser suplente da equipa. “Estou muito feliz, vivo um momento muito feliz, muito feliz, mas claro que profissionalmente queria estar melhor”, diz. Depois de uma época extraordinária em 2017, este ano o clube luta para não ser despromovido.

Maior tragédia de sempre

Existem diversas datas que nunca serão apagadas da história do futebol mundial. O dia 28 de novembro de 2016 é um exemplo. Mas neste dia ninguém ganhou nenhuma taça. Nenhum clube foi campeão. Não existiram golos de levantar o estádio. A euforia desses momentos cedeu o lugar a uma gigantesca tristeza. Porque foi nesse dia, quando o relógio assinalava as 1h15, que se despenhou, na Colômbia, o avião que transportava a equipa brasileira da Chapecoense. Morreram 71 pessoas e só sobreviveram seis: três jogadores, um jornalista e dois tripulantes. Dois anos depois da tragédia, fica um imenso vazio. E muitas respostas por dar.

Dois anos depois do acidente ainda não foi apurada a responsabilidade da queda da aeronave que transportava a equipa brasileira com destino a Medellín, onde a Chapecoense iria disputar a primeira final da Copa Sul-Americana. Os governos brasileiros e colombianos estão envolvidos na investigação. Mas a ambos poderá juntar-se o venezuelano. Isto porque o avião, da LaMia, poderá ter donos venezuelanos. No papel a aeronave pertence a Miguel Quiroga – piloto que morreu no acidente – e a Marco António Rocha, que está em paradeiro desconhecido. De acordo com a comunicação social brasileira, existem documentos que envolvem a venezuelana Loredana Bartolomé, filha do ex-senador Roberto Albacete Vidal, no aluguer da aeronave. Pai e filha podem ser os donos da LaMia.

Autorização de voo e motivo da queda

Célia Castedo é um nome importante em todo este processo. Foi a ex-funcionária da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia quem assinou o plano de voo. Porém, assinalou cinco observações. Como o tempo de voo ser praticamente igual à autonomia do avião, o que impedia a existência de uma margem de segurança. Um relatório preliminar aponta a falta de combustível como motivo da queda.

Indemnizações e detenções

O governo boliviano atribuiu a culpa do acidente a quatro pessoas. Gustavo Vargas Gamboa, diretor-geral da LaMia, foi detido em 2016. O filho, Gustavo Vargas Villegas, diretor de Registo Aeronáutico Nacional da Direção Geral de Aeronáutica Civil também foi detido. Neste caso por ter autorizado, em 2014, a importação da matrícula provisória do avião. Marco Antonio Rocha Venegas, diretor de Operações da LaMia, está em paradeiro incerto. E Célia Castedo, acusada de homicídio culposo, acabava de renovar o pedido de asilo no Brasil.

A seguradora recusa pagar o seguro de 21 milhões de euros por entender que piloto e companhia voaram propositadamente sem combustível.

As indemnizações nunca foram pagas. Só a Chapecoense pagou o seguro obrigatório que tinha. A Bisa, seguradora da companhia aérea, recusou pagar o seguro de 21 milhões de euros, entendendo que o piloto e a companhia aérea voaram propositadamente sem combustível. A seguradora ofereceu 168 mil euros a cada família das vítimas, desde que desistam de processar pessoas ligadas à LaMia. Até ao momento nenhuma das famílias das vítimas foi indemnizada.

Fotos: Reprodução Instagram

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Artigo de
Bruno Seruca

28-11-2018



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