A música portuguesa no geral e o rock em particular ficaram mais pobres há dois anos, a 30 novembro de 2017, o dia em que Zé Pedro, guitarrista e fundador dos Xutos & Pontapés, deixou o mundo dos vivos, aos 61 anos. Foi e é um dos mais acarinhados ícones da música portuguesa e vê-se agora homenageado com uma biografia bem ao seu estilo.
Chama-se “Zé Pedro – Uma Biografia” e como o título deixa antever é uma obra que retrata a vida do músico. No entanto, esta obra, escrita pelo jornalista André Rito, tem a particularidade de ter muitos dos episódios contados – igualmente de forma brilhante – sob a forma de ilustrações, que ficaram a cargo de Pedro Lourenço.
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“Era uma pessoa atenta ao que se passava ao seu redor, atenta ao mundo e atenta aos outros. Este livro dá a conhecer algumas dessas histórias que não são tão conhecidas senão num círculo mais restrito de amigos. Histórias que certamente farão sorrir!”, escreve, no prefácio, Tó Trips, que trabalhou com Zé Pedro no supergrupo Ladrões do Tempo.
A obra conta vários episódios da vida de Zé Pedro. Desde a sua infância a percorrer diferentes países com os pais (o pai era oficial do exército), a adolescência nos Olivais, o início dos Xutos, o bar Johnny Guitar, as drogas, os problemas de saúde e as muitas amizades. Nada foi colocado de parte e até são dados a conhecer pormenores mais pessoais, do círculo íntimo do músico.
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“O Zé Pedro respondeu prontamente: ‘Xutos and Pontapés'”
Um dos episódios mais engraçados relatados na obra conta uma ida de Zé Pedro à segunda edição do Rock in Rio, no Brasil, em 1991. O Alex, dos Radio Macau e o Zé Pedro tinham arranjado forma de ir de borla ao festival. Foram até um hotel em Copacabana para levantar as entradas, mas depararam-se com uma fila de mais de 300 pessoas. Estiveram quase para desistir, mas um segurança rompeu a fila e veio ter diretamente com o Zé Pedro.
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“Convencido de que eram músicos estrangeiros à espera de entrar no hotel, perguntou em inglês: ‘Qual é o nome da vossa banda?’ O Zé Pedro respondeu prontamente: ‘Xutos and Pontapés”. E foi assim que se baldaram à fila.”, pode ler-se. Um outro episódio relatado na obra, conta, por exemplo, um hábito bastante particular de Zé Pedro: comer sempre uma banana como sobremesa ao jantar.
Também os últimos dias do músico são relembrados nesta obra. Fala em concreto, por exemplo, do último concerto do guitarrista com os Xutos, a 2 de novembro, num Coliseu dos Recreios à pinha. “No seu lugar habitual, do lado esquerdo do palco, a produção colocara uma cadeira para o músico descansar. Uma prova de fogo para os Xutos. ‘ Um gajo a querer chorar, a ver o amigo de uma vida, ele entrava e ria-se mas tinha logo de se sentar, mal aguentava o peso da guitarra, um esforço enorme'”, lê-se no livro.
Zé Pedro – Uma Biografia chega às lojas a 30 de novembro, precisamente dois anos após a morte do músico. Vai estar disponível nos locais habituais.
Foto: Impala
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