O violento e polémico videoclipe que já foi visto mais de 61 milhões de vezes

O violento e polémico videoclipe que já foi visto mais de 61 milhões de vezes

Culto

O violento e polémico videoclipe que já foi visto mais de 61 milhões de vezes

O vídeo da música “This is America”, do artista Childish Gambino, já é considerado um dos mais importantes de sempre.

Artigo de Bruno Seruca

10-05-2018

Em apenas cinco dias, o videoclipe de “This is America” conta já com mais de 60 milhões de visualizações, algo que revela o impacto que o vídeo está a ter em todo o mundo. O tema mais recente de Childish Gambino, pseudónimo musical de Donald Glover, está a colocar o dedo na ferida em relação à realidade norte-americana e ninguém consegue ficar indiferente ao violento vídeo, realizado por Niro Murai, especialista em criações que causam impacto.

A cantora Erykah Badu disse que Donald Glover é um “génio”. Bernice King, filha de Martin Luther King, ficou “sem palavras”. Trent Reznor, mentor da banda Nine Inch Nail está viciado no vídeo. “Não me recordo da última vez que vi um videoclipe até ao fim, muito menos cinco vezes seguidas. Um trabalho incrível”, partilhou nas redes sociais. Até o polémico Kanye West, que disse recentemente que a escravidão é uma “escolha”, partilhou o vídeo nas redes sociais, sem que tenha acrescentado qualquer palavra. Mas o que torna o vídeo tão especial?

“Não me recordo da última vez que vi um videoclipe até ao fim, muito menos cinco vezes seguidas. Um trabalho incrível”

“This is America” aborda uma realidade que tem dado que falar nos Estados Unidos da América ao longo dos últimos anos. País onde 39% das pessoas mortas pela Polícia são negras. E no vídeo é possível ver o cantor dar um tiro na cabeça de um músico, tal como fuzila um grupo de gospel. Sendo que perto do final troca um terceiro assassinato por um charro e uma dança em cima de um automóvel.

Ao longo de todo o vídeo temos como principal destaque Childish Gambino, que dança em tronco nu num grande armazém. Mas ao seu redor vão acontecendo diversas tragédias, que exigem muita atenção por parte de quem assiste ao vídeo. E que não são escolhidas ao acaso. Já existem muitas teorias para a mensagem que o vídeo, transformado num fenómeno cultural, procura passar.

As mensagens escondidas no vídeo

As calças e os sapatos que Gambino usa no vídeo estão a ser comparados com a farda do antigo Exército dos Estados Confederados. Já os dois fios de ouro são um sinal de obsessão pelo consumismo. A primeira parte da música lança o alerta para a forma como o entretenimento está a desviar os media dos verdadeiros problemas. Há também quem compare a dança à sobrevivência. E os dançarinos como uma forma de distração para o que está a acontecer.

O fuzilamento do coro faz a comparação com o massacre ocorrido em 2015, em Charleston, quando Dylann Roof, um supremacista branco, entrou numa igreja para matar nove pessoas de raça negra. A corrida final, protagonizada por Gambino, é uma comparação com a forma como os americanos negros tinham de correr para salvar as suas vidas.

Estas são apenas algumas das teorias sobre o vídeo. Já Childish Gambino disse, no MET, que “só queria fazer uma boa música. Algo que as pessoas pudessem ouvir no dia 4 de julho [Dia da Declaração da Independência dos EUA]”, explicou ao E! Não deixa de ser curioso que Childish Gambino cante “uso Gucci, sou tão bonito” quando no MET realmente estava bonito e vestido com a mesma marca. O melhor é ver o vídeo mas prepare-se para ficar atento a tudo o que se passa ao redor do artista.

 

Quem é Childish Gambino?

Childish Gambino é na realidade Donald Glover, de 34 anos. Que pode ser conhecido por ser o protagonista da série “Atlanta”, da qual ocasionalmente é realizador. Foi um dos argumentistas de “30 Rock” e já apareceu em diversos filmes como é o caso de “Homem-Aranha: Regresso a Casa”. É também comediante e enquanto Gambino já editou três álbuns de hip-hop. Em 2017, a Time incluiu o seu nome na lista das 100 pessoas mais influentes do ano. Na qual provavelmente se irá manter este ano devido ao impacto mundial de “This is America”.

Fotos: DR e reprodução Instagram

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Artigo de
Bruno Seruca

10-05-2018



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