Nagelsmann, o “novo Mourinho” que deu nega ao Real Madrid e não quer saber de táticas

Nagelsmann, o “novo Mourinho” que deu nega ao Real Madrid e não quer saber de táticas

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Nagelsmann, o “novo Mourinho” que deu nega ao Real Madrid e não quer saber de táticas

Levou o modesto 1899 Hoffenheim à Champions, comprometeu-se com o RB Leipzig até 2022, mas só a partir da próxima época, após dar “nega” ao Real Madrid, e usa métodos tecnológicos de ponta nos seus treinos.

Artigo de André Cruz Martins

18-09-2018

Julian Nagelsmann surpreendeu quando no passado mês de junho anunciou a mudança do 1899 Hoffenheim para o RB Leipzig, principalmente, pelo facto de poucas semanas antes ter recusado um convite do Real Madrid. E com uma originalidade: a “transferência” ocorre apenas a partir da próxima temporada, com o jovem técnico de 31 anos a continuar ao serviço do 1899 Hoffenheim até ao final de 2018/19.

O técnico germânico tinha contrato com o seu atual clube até junho de 2021, mas fez uso da cláusula estipulada para se desvincular mais cedo. Isto depois de duas magníficas épocas no comando do 1899 Hoffenheim, que terminaram com um quarto e um terceiro lugares na Bundesliga e consequente qualificação para a Liga dos Campeões.

Na época passada foi eliminado no “play-off” de acesso, enquanto esta temporada conseguiu a qualificação direta, face à cada vez maior generosidade da UEFA para os clubes dos campeonatos de Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha.

As razões para a “nega” ao Real Madrid

Há algumas semanas, o jovem técnico reconheceu à revista ’11 Freunde’ que teve um convite do Real Madrid após a saída de Zinédine Zidane, no final da última temporada. E explicou porque recusou a oferta.

“Não é que não tenha pensado no convite. Aliás,, quem é que desligaria o telefone se o Real Madrid ligasse? Não existe o Universo FC, portanto não existe nada maior do que o Real Madrid. No entanto, não queria mudar de país, isso não me faria bem agora. Tenho apenas 31 anos e no futuro terei outras hipóteses”, referiu .

A incrível ascenção meteórica

Nagelsmann teve uma curta carreira de jogador como defesa central, entre 2003 e 2008, tendo representado as reservas do Munique 1860 e do FC Augsburg. Com apenas 20 anos, disse adeus aos relvados, por culpa de sucessivas lesões num joelho.

Poucos meses depois, já era o adjunto de Thomas Tuchel (atual técnico do PSG) nas reservas do FC Augsburg. Depois, treinou a equipa de sub-17 do clube e o mesmo escalão no Munique 1860, até que em 2010 se mudou para o Hoffenheim, para desempenhar idêntico cargo.

O seu bom desempenho chamou a atenção do Bayern Munique, que o convidou para orientar os juniores, mas optou por permanecer no TSG Hoffenheim.

Em 2012 foi promovido a treinador-adjunto na equipa principal do 1899 Hoffenheim e em fevereiro de 2016, com apenas 28 anos, passou a treinador principal, em substituição de Huub Stevens, que deixou o cargo por motivos de doença.

Na altura, tornou-se no técnico mais jovem da o campeonato alemão e com a difícilima missão de salvar o Hoffenheim da descida de divisão – a 14 jornadas do final da prova, estava cinco pontos abaixo da linha de água. Mas a verdade é que o conseguiu e nas duas época seguintes conseguiu os impressionantes terceiro e quarto lugares já referidos.

Rivais complicados na estreia na Champions

Para esta última época, Nagelsmann tem o objetivo de voltar a colocar a equipa em posição de acesso à Liga dos Campeões e realizar uma boa campanha na prova europeia, em ano de estreia. E não se pode dizer que tenha calhado num grupo fácil, pois os seus rivais serão Manchester City, Shakhtar Donetsk e Olympique Lyon.

No campeonato, já perdeu com o poderoso Bayern Munique. No final desta partida, não poupou o VAR, por ter validado o segundo golo dos bávaros. “Não sei onde o VAR estava em Colónia, porque, aparentemente, ele não estava lá”, atirou, apesar de ter considerada justa a vitória do adversário.

Dá pouca importância à tática

Julian Nagelsmann, indiscutivelmente um dos treinadores da moda do futebol mundial, diz que tem as melhores ideias de manhã, enquanto está na casa de banho. Para ele, o mais importante é a forma como a equipa pressiona o adversário. “Gosto de atacar os adversários perto da sua própria baliza, porque dessa forma o nosso caminho para o golo não é tão longo”, afirma.

Por outro lado, entende que é dada demasiada importância à parte tática. “É uma questão de 5 ou 10 metros jogar em 4-4-2 ou 4-3-2-1. O trabalho do treinador tem apenas 30 % de tática e 70% de competências sociais. Não devemos ser muito autoritários com os nossos jogadores, temos de tentar trazê-los para o nosso lado”, defende.

É o “Baby Mourinho”, mas prefere Tuchel

Nagelsmann confessa que o facto de sempre ter sido precoce o tem ajudado. “Tive de crescer mais rápido do que a maioria das pessoas e não tive tempo para ser jovem e despreocupado. Por causa do futebol, aos 15 anos já tinha de cozinhar e fazer as compras. Aos 20 anos o meu pai morreu e de repente tive de vender a casa de família e procurar uma nova casa para a minha mãe. Foram experiências muito difíceis, mas tornaram-me mais forte”, revelou.

Apelidado pela imprensa alemã de “Baby Mourinho” quando passou a ter sucesso no 1866 Hoffenheim, confessa que prefere Pep Guardiola, Arsène Wenger e, principalmente, Thomas Tuchel, que considera o seu mentor.

Métodos de trabalho inovadores

Adepto de modernos métodos de trabalho, passou a usar drones para filmar os movimentos dos seus jogadores e tem um ecrã gigante instalado na linha do meio de seu campo de treinos principal. O sistema funciona com quatro câmaras e o feed de cada câmera pode ser mostrado no ecrã a qualquer momento. As câmaras são controladas pelos elementos da sua equipa técnica, que podem parar, retroceder ou avançar as imagens para mostrar aos jogadores pontos específicos de interesse.

Ao contrário da maioria das pessoas da sua geração, Julian Nagelsmann não tem presença nas redes sociais. Pouco depois de se ter tornado treinador principal do 1899 Hoffenheim, abriu contas no Instagram e no Facebook e rapidamente acumulou mais de 42.000 seguidores. No entanto, não gostou da interação com as pessoas e rapidamente fechou ambas as contas.

Homem de família e pouco dado a polémicas

Julian Nagelsmann é descrito como um homem de família e possivelmente terá sido essa uma das principais razões para não se ter mudado já para o Real Madrid. Tem uma namorada de longa data, chamada Verena e um filho pequeno, de nome Maximilian. “Ajuda muito quando chegamos à noite à casa e temos uma ótima companheira e um ótimo filho. A Verena apoia-me muito e permite que me concentre na minha profissão”, confessou.

Pouco dado a polémicas, uma das poucas exceções ocorreu em setembro de 2017, quando afirmou o seguinte: “O Bayern Munique ocupa um grande espaço nos meus sonhos”. Quem não gostou desta frase foi Carlo Ancelotti, que na altura treinava os bávaros. “Essa frase teve um impacto maior do que eu esperava e desejava. Infelizmente, a entrevista criou problemas com um colega como Ancelotti, por quem tenho grande respeito. Ele tem mais troféus na prateleira do que eu tenho cuecas na gaveta e enviei-lhe uma mensagem a explicar o que quis dizer com essas declarações. Ponto final no assunto”, afirmou Nagelsmann.

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18-09-2018



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