Sebastian Abreu. As polémicas do maior louco do futebol que já vai em 28 clubes

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Sebastian Abreu. As polémicas do maior louco do futebol que já vai em 28 clubes

O avançado uruguaio de 42 anos tinha passado por 26 clubes de onze países diferentes, quando bateu o recorde. Agora, rumou à IV divisão brasileira, para representar o modesto Rio Branco.

Artigo de André Cruz Martins

10-01-2019

Sebastian “Loco” Abreu entrou para o livro de recordes do Guiness, ao ser reconhecido como o futebolista que mais clubes representou durante a carreira. O avançado uruguaio de 42 anos tinha passado por 26 clubes de onze países diferentes, quando bateu o recorde. Agora, rumou à IV divisão brasileira, para representar o modesto Rio Branco.

“Se estou bem fisicamente? Quem é atleta nunca deixa de treinar. Obviamente que preciso de ganhar ritmo e entrosamento. Mas sabem de uma coisa? Quando eu tinha 20 anos corria oito quilómetros por jogo. Hoje corro sete. Neste aspeto não há diferença, o problema pode estar em chegar a tempo a uma cruzamento para marcar golo”, referiu durante a apresentação no novo clube, explicando ainda porque trocou o Magallanes, dos escalões secundários do Chile, por um clube da IV Divisão brasileira.

“Foi o desejo do Rio Branco e o meu, de ajudar o clube a subir no patamar nacional e a ganhar destaque no panorama internacional. Mas obviamente sou uma pessoa exigente. Quis saber onde ia treinar, vi vídeos dos adeptos, quis informar-me sobre as infraestruturas. Como achei que tinham um bom projeto, pensei que seria um bom sítio para curtir o futebol.”

28 clubes em 24 anos de carreira e de 11 países diferentes

Ao todo, são já 28 clubes em 24 anos de carreira de 11 países diferentes. Com passagens repetidas por emblemas como o Nacional de Montevideu (quatro ocasiões diferentes). Sebastián Abreu atuou ainda no Defensor Sporting, San Lorenzo, Deportivo da Corunha, Grêmio de Porto Alegre, Estudiantes Tecos, Nacional Montevideu, Cruz Azul, América, Dorados, Monterrey, Tigres, San Luis, River Plate, Beitar Jerusalém, Real Sociedad, Aris Salónica, Botafogo, Figueirense, Rosário Central, Aucas, Sol de America, Santa Tecla, Bangu, Central Español, Puerto Montt, Audax Italiano, Magallanes e agora o Rio Branco.

“Nunca pensei bater qualquer recorde e só o facto de um uruguaio nascido na cidade de Minas se ter tornado o único jogador da história do futebol a consegui-lo deixa-me muito orgulhoso”, referiu. Representou o Nacional de Montevideo nos escalões jovens e em 1996, quando tinha 19 anos. Começou a carreira de profissional ao serviço do Defensor Sporting. E a verdade é que teve sucesso na maior parte dos clubes que representou. Apontou um total de 338 golos em 665 jogos, ou seja, uma média de 0,51 golos por jogo.

Marcou marcou 29 golos em 35 encontros na temporada em que teve melhor média

A temporada em que teve melhor média de golos foi a de 1999/2000, quando marcou 29 golos em 35 encontros ao serviço dos mexicanos do Estudiantes Tecos. Mas o clube onde mostrou toda a sua classe foi o Botafogo, onde marcou 73 golos em 105 jogos, curiosamente quando já tinha 34 e 35 anos.

Internacional uruguaio em 70 ocasiões, com 26 golos marcados, esteve presente nos Campeonatos do Mundo de 2002 e 2010. Nesta última competição, foi autor do penálti decisivo, marcado “à Panenka”, que valeu o passaporte para as meias finais, frente ao Gana. Disputou ainda três edições da Copa América, tendo vencido a de 2011.

“Loco” Abreu tem um hábito curioso. Sempre que marca três ou mais golos num jogo, leva a bola dessa partida para o seu museu no Uruguai. Já lá vão seis anos desde a última vez em que isso sucedeu, na vitória do Botafogo sobre o Bangu por 4 a 2.

E afinal porque surgiu a alcunha de Loco? “É um apelido de infância, da altura em que comecei nas categorias de base do Nacional, pois estava sempre metido em brincadeiras”, explica. Curiosamente, passou a ser também utilizado já enquanto sénior, pelo facto de marcar várias vezes grandes penalidades “à Panenka”. Num desses penáltis, quando estava ao serviço do Botafogo a coisa não correu bem e foi muito criticado por adeptos e jornalistas. Em conferência de imprensa, não foi de modas: “Pedir desculpa? Porquê? Morreu alguém? Isto é só futebol. Só quem rouba, viola ou come a mulher de outro é que deve pedir desculpas”.

“Só quem rouba, viola ou come a mulher de outro é que deve pedir desculpas”

Também no Botafogo, esteve envolvido em outra polémica, desta vez de índole religiosa. Durante a gravação de um anúncio de televisão no Cristo Redentor para a Pluna, empresa de aviação uruguaia, terá rematado bolas em direção ao monumento, com a intenção de passar a bola por cima do mesmo. O facto foi relatado por turistas, que, indignados com o desrespeito, conseguiram retirar a a equipa de filmagens do local. Esta alegada tentativa de chapéu ao Cristo Redentor revoltou a Arquidiocese do Rio de Janeiro, que processou a empresa uruguaia e o jogador.

A assessoria do jogador, no entanto, negou a informação e garantiu que Loco Abreu não chutou na direção do Cristo Redentor, mas sim do mato envolvente. Noutra ocasião, o internacional uruguaio irritou-se com as perguntas feitos por um jornalista e abandonou a entrevista. Este “globetrotter” do futebol mundial completa 42 anos a 17 de outubro e parece estar prestes a despedir-se dos relvados. Mas se continuar a marcar golos com esta regularidade quase que apostamos que ainda vai andar por cá mais algum tempo.

 

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Artigo de
André Cruz Martins

10-01-2019



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