Iago Aspas, golos atrás de golos e duas acusações de racismo

Iago Aspas, golos atrás de golos e duas acusações de racismo

Desporto

Iago Aspas, golos atrás de golos e duas acusações de racismo

O atual melhor marcador da Liga espanhola destaca-se dentro de campo mas também soma polémicas fora dos relvados.

Artigo de André Cruz Martins

30-10-2018

Se quisermos encontrar um ponta de lança fiável, com anos consecutivos a marcar bastantes golos na exigente Liga espanhola, um dos melhores exemplos é sem dúvida Iago Aspas. A atual época do internacional espanhol de 31 anos não tem sido exceção para esta autêntica lenda do Celta de Vigo.

Soma oito golos em dez jogos na corrente edição da Liga espanhola depois do “hat-trick” que apontou no passado fim de semana, no triunfo sobre o SD Eibar (4-0). E passou a ser o melhor marcador da competição, em igualdade com Cristhian Stuani, do Girona FC.

Causa alguma estranheza que um jogador tão categorizado tenha feito quase toda a carreira no Celta de Vigo, onde já tinha cumprido a totalidade da formação. A explicação poderá estar no facto das suas únicas duas experiências fora do clube não lhe terem corrido bem. Em especial no Liverpool FC, onde realizou apenas 14 jogos e marcou um golo, em 2013/14. No Sevilha FC, em 2014/15, o seu rendimento foi melhor (10 golos em 25 encontros), mas não o suficiente para continuar no clube.

Rei de Vigo

É mesmo no Celta de Vigo que se sente em casa, como se prova pelos 129 golos que leva em 315 partidas, números bastante interessantes para uma equipa que tem lutado pela permanência na grande maioria das temporadas.

Iago ingressou nas escolas do clube galego com apenas 8 anos e até mentiu quando lhe foi perguntada a idade, pois só eram aceites crianças a partir dos 9 anos. Foi progredindo até ao escalão sénior, realizou duas épocas na equipa B e depois de quatro boas épocas na formação principal, transferiu-se para o FC Liverpool por 11 milhões de euros, a poucas semanas de completar 26 anos.

O falhanço em Liverpool

Como já foi referido, jogou muito pouco na sua única época no FC Liverpool, curiosamente, aquela em que os “reds” quase quebraram o jejum de vitórias no campeonato inglês, que dura desde 1990. “Foi o melhor ano deles nos últimos 10 ou 15 e estiveram perto de vencer o campeonato. O [Daniel] Sturridge marcou 21 golos e o Luis [Suárez] 31, por isso é normal que eu não tenha muitas oportunidades. Não fiquei chateado e percebi que não estava em condições de jogar aquele nível”, reconheceu, acrescentando: “Não tenho de provar nada a ninguém, sou internacional espanhol e só tenho de ajudar o Celta”.

Na passada segunda-feira, foi titular no escaldante duelo entre Espanha e Inglaterra, a contar para a Liga das Nações e tentou mostrar aos britânicos que a sua fracassada experiência em terras de Sua Majestade não corresponde minimamente ao seu real valor. No entanto, decididamente, ingleses não é com ele: foi substituído depois de 59 minutos descoloridos, com 0-3 no marcador e depois da sua saída a Espanha conseguiu reduzir até ao 2-3 final.

Nem quis saber dos grandes de Madrid

No último mercado de verão, diversos órgãos de comunicação social noticiaram o interesse do Real Madrid e do Atlético de Madrid nos serviços de Iago Aspas, mas a transferência não se concretizou. E, estranhamente, para satisfação do avançado. “Nunca pedi para jogar noutro clube. Houve relatos da imprensa acerca do interesse do Real Madrid e do Atlético de Madrid e suponho que tenha havido conversas com o Celta mas nada fluiu. Sempre me vi como um jogador do Celta por quantos anos fossem possíveis e foi por isso que prolonguei o contrato até 2022. Espero permanecer aqui por muitos anos”, confessou.

Ódio de estimação pelo “Depor”

Iago Aspas não esconde o orgulho por já ter sido três vezes premiado com o Troféu Manuel de Castro, que distingue o futebolista do Celta de Vigo que mais se destacou no ano civil. A última vitória foi em 2017 e já havia triunfado em 2012 e 2016. “Celista” de coração, não esconde o ódio pelo rival Deportivo da Corunha. “Considero-me um bom ‘celista’ e, logicamente, sou um anti-Deportivo que nunca ficará feliz com a vitória do eterno rival”, declarou.

Em dezembro de 2017, bisou na vitória por 3-1 em casa do Deportivo e festejou um dos golos beijando o escudo a escassos metros da claque da formação da casa, os Riazor Blues. Como seria de esperar, incendiou o estádio, que reagiu em uníssono com o grito “Iago Aspas, hijo de puta” e houve vários jogadores do Depor que o confrontaram com veemência.

Ainda assim, depois dessa partida, garantiu que desejava a permanência do rival no escalão principal. “Quero que eles fiquem na primeira, pois os dérbis são bonitos para toda a gente”, sublinhou. O seu desejo não foi cumprido e esta temporada só haverá dérbi galego se as duas equipas se cruzarem na Taça do Rei.

Acusação de racismo I

Iago Aspas é um jogador que tem estado envolvido em alguns episódios polémicos e já foi acusado de racismo em duas ocasiões. Na primeira ocasião, em janeiro de 2018, por Jefferson Lema, na zona de entrevistas rápidas depois de um Levante-Celta de Vigo. “Atos de racismo como este de que fui alvo não podem existir. O Aspas chamou-me ‘preto de merda’ e isso não pode passar em claro”, defendeu.

Aspas respondeu prontamente. “O que é dito no campo, fica no campo e por isso, não vou reproduzir o que ele me chamou. De qualquer forma, eu não usei as palavras de que ele me acusou, até porque tenho respeito pelos meus rivais, dentro e fora do campo, valores que são marca do Celta de Vigo e que todos os dias colocamos em prática em todas as equipas celestes, desde as mais novas da formação até à primeira equipa”, sublinhou.

Acusação de racismo II

Em abril de 2018, foi a vez de um episódio com o central colombiano Yerry Mina, durante um Barcelona-Celta de Vigo. Nessa ocasião, o jogador adversário nem o acusou de nada, mas o Instagram de Iago Aspas foi inundado com centenas de comentários a reprovarem o alegado insulto racista, que terá sido visível nas imagens da transmissão televisiva.

A reação do ponta de lança do Celta de Vigo foi mais enigmática do que no episódio com Lema. “Uma pedra na estrada ensinou-me que meu destino era rolar e rolar”, escreveu nas redes sociais.

Mundial da Rússia foi agridoce

Iago Aspas tem sido presença habitual na seleção espanhola desde finais de 2016 e tem números bastante interessantes, tendo em vista que não é um titular indiscutível (seis golos em 14 internacionalizações). Esteve presente no último Mundial da Rússia, depois de ter estado em risco devido a uma lesão.

Foi decisivo na competição ao apontar o 2-2 mesmo no final do encontro com Marrocos, que valeu a qualificação para os oitavos de final. No entanto, a “roja” acabou por ser eliminada nesta fase pela equipa da casa, no desempate por penáltis. Ainda por cima, Iago Aspas foi um dos que espanhóis a falhar na marca dos onze metros, juntamente com Koke.

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Artigo de
André Cruz Martins

30-10-2018



RELACIONADOS