Rony Lopes. O próximo Bernardo Silva nas mãos de Jardim

Rony Lopes. O próximo Bernardo Silva nas mãos de Jardim

Desporto

Rony Lopes. O próximo Bernardo Silva nas mãos de Jardim

É o melhor marcador de 2018 no campeonato francês e uma das grandes figuras do AS Mónaco. E espreita um lugar nos convocados para o Mundial da Rússia.

Artigo de André Cruz Martins

10-04-2018

Sabe quem é o melhor marcador do campeonato francês no ano civil de 2018? Ao contrário do que seria de esperar, não é Cavani, nem Falcao ou Mbappé e muito menos Neymar, que como se sabe está ausente há algumas semanas, devido a lesão. Essa honra cabe mesmo ao extremo português Rony Lopes, com dez golos em 13 jogos, oito dos quais nos últimos sete encontros. Ao todo, o internacional português tem 14 golos em partidas oficiais na época em curso.

Na última jornada, o luso-brasileiro voltou a estar em destaque, ao marcar um golo e ao fazer uma assistência (involuntária, é certo) na vitória do AS Mónaco com o Nantes, por 2-1, resultado que permitiu aumentar a diferença face ao terceiro classificado Marselha para sete pontos. O título, esse, é impossível, pois o PSG tem 14 pontos de avanço e até festejará o campeonato já no próximo fim de semana, desde que ganhe no próximo domingo, precisamente frente ao AS Mónaco, no Parque dos Príncipes.

Rony Lopes garante que não dá muita importância a este momento de grande fulgor. “Gosto é de ajudar a equipa e pouco me importa se marco ou assisto”, garantiu a seguir ao jogo com o Nantes. Quem se desfaz em elogios ao extremo de 22 anos é o seu treinador, Leonardo Jardim. “Estou muito contente por ele, pois com muito trabalho, conseguiu chegar a este nível de qualidade. Gosta muito de trabalhar e ouve os conselhos que lhe dão. Merece tudo o que lhe está a acontecer”, defende.

Por falar em Leonardo Jardim, ninguém duvida da importância que o treinador do AS Mónaco teve no crescimento de Bernardo Silva. Foi com ele que a atual estrela do Manchester City se tornou numa das grandes figuras dos monegascos, a ponto de suscitar o interesse dos “citizens”, que pagaram 50 milhões de euros pelo seu passe, no último verão. Recorde-se que Bernardo chegou ao clube do Principado poucas semanas antes de completar 20 anos e praticamente sem ter representado a equipa principal do Benfica. Apesar de todo o potencial que lhe era reconhecido na altura, a sua evolução não deixou de surpreender muitas pessoas.

Poderá Leonardo Jardim fazer o mesmo de Rony Lopes? A verdade é que só esta época é que está a conseguir mostrar toda a sua qualidade, aproveitando precisamente a saída de Bernardo Silva. Curiosamente, fez o percurso contrário do seu compatriota e depois de não se ter conseguido afirmar no Manchester City, foi emprestado ao Lille durante três temporadas, até se fixar esta temporada no AS Mónaco. Convém esclarecer que se tratam de dois jogadores diferentes: Bernardo, um ano mais velho, é mais refinado tecnicamente e canhoto, gosta de jogar no flanco direito, de modo a ir para dentro e fazer uso do seu fantástico pé esquerdo; já Rony, que também é canhoto, não sendo nada tosco, distingue-se essencialmente pela verticalidade e velocidade.

Rony Lopes foi formado no Benfica

Filho de pai brasileiro e mãe nascida em angola mas de origem portuguesa, Marcos (é esse o seu primeiro nome) nasceu em Belém do Pará, no Brasil e veio morar para Portugal aos 4 anos. Começou a jogar nas escolinhas do Poiares e foi aí que surgiu a alcunha de Rony, pois o seu jogador preferido era Ronaldo, o “Fenómeno”. De resto, treinava sempre com uma camisola com o número do antigo ponta de lança brasileiro e por isso começou a ser tratado dessa forma. O seu treinador queixava-se que Ronaldo era um nome muito cumprido e passou a tratá-lo por Rony.

Aos 9 anos mudou-se para o Benfica, onde ficou até aos 15 e jogou em grandes equipas, com colegas como Bernardo Silva, Ricardo Horta, João Teixeira e Bruno Varela. Aos 15 anos, não resistiu a um convite do Manchester City e poucos dias depois de cumprir 18 anos, estreou-se oficialmente pela formação principal, numa eliminatória da Taça de Inglaterra com o Watford, tendo feito o 3-0 final, apesar dos poucos minutos em que esteve em campo.

Subiu à equipa B do Manchester City e alinhou em algumas partidas ao serviço da formação principal, nas taças internas, mas acabou por nunca “explodir” e saiu para o AS Mónaco, no verão de 2015, a troco de 12 milhões de euros.

O craque ainda pode jogar pela seleção brasileira

Luso-brasileiro, Rony Lopes tem representado a seleção portuguesa e tem uma internacionalização A, promovida por Fernando Santos. Ainda assim, não parece muito provável que venha a estar presente no Campeonato do Mundo, pois parece partir atrás de Quaresma, Gelson e Bernardo Silva e certamente que Fernando Santos só levará três extremos de raiz à Rússia, jogando com a capacidade de adaptação aos flancos de atletas como André Gomes, Manuel Fernandes e João Mário. No entanto, em caso de algum problema físico de um dos extremos mencionados, estará certamente na primeira linha de alternativas, juntamente com Bruma e já bem acima de Nani, que tem realizado época muito apagada na Lazio.

Em termos teóricos, Rony ainda poderá jogar pela seleção brasileira, pois o seu único jogo pela Seleção A portuguesa não foi oficial. Mas é muito pouco crível que o faça, isto apesar de em 2014, em declarações ao site brasileiro “Globoesporte” não ter fechado completamente as portas ao “escrete”, referindo que Alexandre Gallo, coordenador das camadas jovens da Confederação Brasileira de Futebol, tinha conversado com ele a tentar convencê-lo a optar pelo Brasil. Mas isso foi há quatro anos e já deu para perceber que poderá vir a ter um papel muito importante a médio prazo na nossa seleção.

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Artigo de
André Cruz Martins

10-04-2018



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