Estes são os 10 momentos mais violentos das claques portuguesas

Estes são os 10 momentos mais violentos das claques portuguesas

Desporto

Estes são os 10 momentos mais violentos das claques portuguesas

O País abriu a boca de espanto com os acontecimentos verificados na Academia de Alcochete, mas nos últimos anos têm-se acumulado incidentes graves relacionados com as claques dos clubes portugueses.

Artigo de André Cruz Martins

17-05-2018

Quando acordaram na última quarta-feira, certamente muitos adeptos do Sporting terão esfregado os olhos e pensado: “será que isto foi um pesadelo ou foi mesmo real?” Poucos segundos depois chegaram à conclusão de que os inacreditáveis acontecimentos da véspera tinham mesmo sido verdade: cerca de meia centena de vândalos irrompeu Academia dentro e agrediu jogadores, treinadores e outros profissionais do clube.

Este foi sem dúvida o mais grave acontecimento provocado por casuals e adeptos ligados a uma claque do Sporting, no caso a Juve Leo, tendo entrado para os lugares cimeiros dos piores episódios de violência alguma vez vividos no desporto em Portugal, não ocupando o primeiro lugar unicamente porque não se verificaram mortos, ao contrário do que já sucedeu em duas outras ocasiões.

E surgiu na sequência de uma escalada de violência sem precedentes, que tem atingido o desporto português, perpetrada por “adeptos” dos mais variados clubes. De seguida recordamos os dez episódios mais negros que aterrorizaram jogadores, treinadores e, desta vez sem aspas, os verdadeiro adeptos do futebol.

10. A primeira incursão dos casuals
Portugal começou a olhar com mais atenção para o fenómeno dos casuals a partir de outubro de 2013, devido a incidentes que ocorreram antes de um FC Porto-Sporting. Cerca de uma centena de adeptos leoninos, vestidos de negro e sem qualquer elemento de identificação com o clube, espalharam a confusão nas imediações do Estádio do Dragão e chegaram a trocar agressões com adeptos portistas.

O objetivo terá sido demonstrar que seria possível forçar a entrada no Estádio do Dragão, sem mostrar sequer o bilhete, mas o objetivo não foi atingido e acabaram detidos pela polícia. Foram constituídos 87 arguidos e o Ministério Público requereu a pena acessória de interdição de acesso a recintos desportivos.

9. Invasão ao centro de treinos do Sp. Braga
Em abril de 2014, adeptos do Sp. Braga amolgaram vários carros dos seus jogadores, na sequência de uma derrota com o Rio Ave. Poucos dias depois, algumas dezenas de membros das claques do clube invadiram o local onde a equipa treinava e intercetaram os jogadores, quando estes se encaminhavam para os balneários. Houve muita gritaria e ameaças de agressões, mas parece que não chegou a haver contacto físico.

8. Tochas e pontapés no carro de Adriaanse
Em janeiro de 2006, depois de um empate no terreno do Rio Ave, jogadores e equipa técnica do FC Porto deslocaram-se ao Estádio do Dragão, para recolherem as suas viaturas. À saída do local, já no seu carro particular, Co Adriaanse, que na altura orientava os dragões, foi surpreendido com o lançamento de um very-light e de pedras, conseguindo pôr-se em fuga. Na altura, o FC Porto cortou relações com a claque Super Dragões.

7. Batalha campal em Guimarães
Em fevereiro de 2018, houve graves confrontos antes do V. Guimarães-Sp. Braga envolvendo adeptos dos dois clubes nas ruas da cidade-berço. A PSP deteve 53 pessoas e em comunicado, explicou o que se passou.

“Quando os autocarros dos adeptos do Sp. Braga ainda se encontravam na autoestrada, em direção à cidade de Guimarães e devidamente acompanhados por meios policiais, um grupo de cerca de 100 adeptos, também apoiantes do SC Braga, todos vestidos com roupas escuras e sem sinais clubísticos exteriores que os identificassem (vulgarmente designados por casuals), surgiram na Rua Teixeira de Pascoais, em Guimarães, iniciando cânticos de apoio à respetiva equipa e cânticos insultuosos dirigidos a um grupo de cerca de 100 adeptos apoiantes do V. Guimarães, deflagrando, em ato contínuo, vários artigos de pirotecnia, que arremessaram nas várias direções onde se encontravam os adeptos rivais. Como consequência, os adeptos apoiantes do Vitória precipitaram-se na direção dos visitantes, munidos de garrafas, pedras, mesas e cadeiras de esplanada”.

6. Adeptos do Leixões atacam autocarro
Em dezembro de 2017, adeptos do Leixões entraram dentro do autocarro da equipa de futebol, agrediram violentamente o motorista e ameaçaram jogadores. A situação, ocorrida à chegada ao estádio do clube de Matosinhos, depois de um empate 1-1 no reduto do Beira-Mar, foi denunciada pela SAD do clube.

De acordo com o Leixões, “as agressões ocorreram porque à saída do Estádio Municipal de Aveiro, o autocarro não parou como pretendiam os adeptos”, com o clube a lembrar que “o empate não foi nenhum crime e no futebol há três resultados possíveis”. Tal como sucedeu com os marginais de Guimarães, nada mais se soube sobre a identidade dos responsáveis pelo ato de vandalismo.

5. Agressões no treino do V. Guimarães
Passou muito mais despercebido do que o sucedido em Alcochete, devido ao menor mediatismo do clube e porque os ataques não terão sido tão violentos, mas a verdade é que a 17 de janeiro o V. Guimarães passou por uma situação parecida.

Um grupo de cerca de 30 adeptos invadiu o complexo de treinos dos vimaranenses e agrediu jogadores, alegadamente em protesto com os maus resultados e pouco empenho da equipa, que dias antes perdera em casa do Desp. Chaves por 3-4, após ter estado a vencer por 2-0 e 3-2. O V. Guimarães anunciou que tudo seria feito para identificar e punir estes bárbaros, mas entretanto mais nada se soube sobre o assunto.

4. A emboscada ao autocarro do FC Porto
No início do século, à saída do antigo Estádio da Luz, o autocarro da equipa de hóquei em patins do FC Porto sofreu uma emboscada de algumas dezenas de adeptos do Benfica, da claque No Name Boys. Esses elementos subiram para o autocarro e agrediram quem lhes apareceu pela frente, com gás pimenta, tacos de baseball e sticks de hóquei em patins. Filipe Santos, atleta do FC Porto, sofreu graves lesões no cérebro e ficou em coma, tendo sido operado de urgência. As consequências não foram mais graves porque entretanto apareceu Pedro Miguel, na altura basquetebolista do Benfica, que ajudou a acalmar os ânimos da claque.

3. Invasão destruidora a Alcochete
No passado dia 15 de maio, cerca de 50 adeptos do Sporting semearam o caos na Academia Sporting. Com a cara tapada, entraram sem dificuldades pela entrada principal, dirigiram-se à ala do futebol profissional e, munidos de bastões de basebol e cintos, agrediram jogadores como Bas Dost, Acuña, Misic, Battaglia, William Carvalho e Fredy Montero, para além de Jorge Jesus (atingido por uma cabeçada) e o preparador físico Mário Monteiro, atingido por uma tocha no peito.

De acordo com as notícias, numa primeira instância, os jogadores do Sporting terão manifestado a intenção de não jogarem a final da Taça de Portugal do próximo domingo, com o Desportivo das Aves. No entanto, anunciaram publicamente que estarão nesse jogo, restando saber se todos os jogadores alvos de agressão estarão aptos a entrar em campo. E o que se seguirá à final da Taça? Alguns órgãos de comunicação social já avançarem que o plantel poderá pedir rescisão coletiva, mas mesmo que isso não suceda não será nada improvável que alguns atletas avancem com o mesmo pedido, mas a nível individual. Entretanto, foram detidos 23 pessoas alegadamente envolvidas nas agressões, que foram presentes a tribunal na passada quarta-feira.

2. Morte em rixa de claques
Em abril de 2017, na véspera de um Sporting-Benfica, elementos dos No Name Boys e da Juventude Leonina envolveram-se numa rixa muito perto do Estádio da Luz, da qual resultou a morte do italiano Marco Ficini, adepto leonino e da Fiorentina.

Entretanto, em março último, Luís Pina, o homem suspeito de ter atropelado mortalmente o italiano e de o ter arrastado pelo asfalto durante alguns metros, foi libertado (estava preso preventivamente) porque não foi proferida decisão instrutória no prazo máximo de dez meses, após a data em que lhe foi aplicada a medida de coação de prisão preventiva.

1. O very-light mortal no Jamor
18 de maio de 1996 foi possivelmente o dia mais negro na história do desporto português. Em plena final da Taça de Portugal, entre Sporting e Benfica, Hugo Inácio, membro dos No Name Boys, disparou de forma propositada um very-light na direção da bancada oposta, no outro lado do campo, onde estavam os adeptos do Sporting.

O projétil atingiu Rui Mendes no peito, provocando a sua morte quase imediata. Por incrível que pareça, o jogo continuou até ao fim. Hugo Inácio foi condenado a cinco anos de prisão pelo crime de homicídio por negligência, entretanto fugiu da cadeia, foi recapturado, saiu em liberdade e voltou à cadeia, primeiro pelo uso de tocha e depois por agressão a um polícia.

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André Cruz Martins

17-05-2018



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