Dificilmente uma viagem na Europa pode ter tanto significado. Recentemente, demos conta que a Polónia, e em concreto a Cracóvia, estavam entre os principais destinos dos portugueses para este outono. O nosso viajante Tito Elbling foi um dos muitos que visitou a região nos últimos meses. A experiência, mais uma vez, excedeu em muito as expectativas. Para lá da Cracóvia, o fotógrafo visitou outros dois pontos turísticos perto da cidade polaca: Auschwitz e as Minas do Sal.
A Cracóvia é o ponto de partida. E que ponto, já que, na opinião de Tito, “é uma das cidades mais bonitas da Europa”. Como se isso não fosse suficiente, o fotógrafo diz ainda que se trata de uma das cidades mais baratas que encontrou no continente europeu. “Come-se nos melhores restaurantes, na praça principal, por apenas 10 euros”, conta-nos.
Falando de comida, este foi outro particular que impressionou o viajante. Experimentado com gastronomias de todo o mundo, Tito afiança que a cozinha polaca é aquela que mais se assemelha com a portuguesa. “É incrível, comi em vários locais e nunca saí desiludido. A gastronomia polaca é semelhante à nossa, bem mais que a espanhola, por exemplo”, revela-nos.
Portugal está (bem) representado em Cracóvia
Um local que não pode deixar de visitar em Cracóvia é o Castelo Real de Wawel, um dos pontos turísticos referência da cidade. Mas existe também um outro espaço que o turista português tem mesmo (mesmo!) de visitar: o café Lisboa.
O café Lisboa é um espaço aberto por uma polaca que, de visita a Portugal, se encantou com a nossa cultura. Neste espaço, em pleno centro de Cracóvia, está um pouco de Portugal. O Pastel de Nata e o Vinho do Porto são os cabeças de cartaz deste pequeno espaço cheio de portugalidade que, diz Tito, “é um enorme sucesso”.
O que também não pode falhar numa visita a Cracóvia é um passeio de barco pelo rio Vístula. “Como sugestão última, não posso deixar de aconselhar um passeio de barco. É muito bonito e vale bem a pena. Pode aproveitar e almoçar/jantar a bordo de uma destas embarcações, pois muitas delas estão equipadas com restaurantes”, diz Tito.
“Há de tudo ali, até uma igreja onde fazem casamentos e batizados”
Conhecida de fio a pavio a cidade de Cracóvia, era tempo do viajante visitar as Minas do Sal, um dos motivos da sua visita à Polónia. Visitadas pelas primeira vez no século XV e declaradas Património da Humanidade pela UNESCO, as Minas do Sal recebem mais de 800 mil visitas por ano, sendo um dos mais populares pontos turísticos da Polónia.
“Nesta visitas ‘comerciais’ temos apenas acesso a 1% da mina, ainda assim estivemos a 135 metros de profundidade”, conta Tito. “São 250 quilómetros de mina, a cerca de 300 metros de profundidade. Um outro mundo”, diz ainda.
Pelas palavras do fotógrafo, temos uma melhor noção da dimensão destas minas. Tudo construído (trabalhado) com sal e madeira. “Há de tudo ali, até uma igreja, que abre aos domingos, onde fazem, inclusive, casamentos e batizados. Têm também um restaurante gigante e um lago”, conta Tito.
Para quem tem medo de espaços pequenos, esta visita não será um problema. “Não é claustrofóbico, é ventilado e as salas são super espaçosas”, explica o fotógrafo.
“Silêncio ensurdecedor” foi o que mais impressionou Tito Elbling em Auschwitz
No percurso delineado por Tito Elbling nesta visita à Polónia, faltava aquele que foi o principal motivo desta viagem, o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, numa viagem de cerca de uma hora desde o centro de Cracóvia.
O contexto agora era totalmente diferente. Por mais filmes e documentários que Tito tenha visto sobre a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, nada o preparara para esta experiência. Começou desde logo no autocarro. “Um grupo de 50 pessoas que, fora do autocarro, falava alegremente, ficou em silêncio absoluto mal a viagem começou”.
Foi precisamente este “silêncio ensurdecedor” que mais impressionou Tito Elbling. “Senti uma carga negativa imensa, mas o que mais me surpreendeu foi o silêncio. Aquilo recebe tantas pessoas, mas ainda assim é incrível como o silêncio ali prevalece”, explica.
“Os guias incentivam-nos a tirar fotos para que nada semelhante volte a acontecer”
Das atrocidades levadas a cabo pelos nazis naquele complexo, o que mais chocou o fotógrafo foi a facto de nem as crianças terem sido poupadas. “Já passou algum tempo desde a visita, mas ainda me emociono quando falo de Auschwitz. Eu sou pai, e quando me falam do que ali se fez às crianças… cai-me tudo”, revela-nos Tito. “É muito difícil não sair de lá a chorar. Não conseguimos acreditar que pessoas como nós foram capazes de fazer aquilo. Por mais que tentamos, não conseguimos imaginar aquilo pelo que aquelas pessoas passaram”, diz ainda.
Tito encara esta visita como uma lição para a vida. “Por mais incrível que possa parecer, são os próprios guias que nos incentivam a tirar fotos e a filmar tudo aquilo para partilharmos com os nossos amigos para que, assim, nada semelhante volte a acontecer”, explica.
Terminado o percurso delineado, Tito Elbling tem uma coisa certa em mente: “Gostei tanto desta viagem que tenho muita vontade de a repetir para o ano. Quem vem de lá, vem deslumbrado como eu. Este contraste entre o belo e o horrível é algo inesquecível. Valeu a pena”, finaliza.
Perto do final do ano, Tito Elbling está já a preparar um 2019 repleto de viagens. Um dos primeiros destinos é a “Cidade das Cem Cúpulas”, Praga, capital da República Checa. Saiba como pode viajar com Tito nas redes sociais do fotógrafo: Instagram, Facebook, Youtube e, ainda, no seu blogue pessoal.
Percorra a galeria e veja as melhores fotos da viagem de Tito Elbling à Cracóvia.
Fotos: Tito Elbling
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