Vitão: “Tenho a certeza que a minha música acaba por curar pessoas”

Vitão: “Tenho a certeza que a minha música acaba por curar pessoas”

Entrevistas

Vitão: “Tenho a certeza que a minha música acaba por curar pessoas”

Vitão revela que já se curou muitas vezes com música e sabe que os seus temas também o fazem com outras pessoas.

Artigo de Bruno Seruca

27-08-2024

Quando era criança, Vitão dizia que queria ser cirurgião do coração. Acabou por se transformar num dos grandes nomes da música brasileira, ao ponto de ser elogiado por Gilberto Gil. Ainda assim, acredita que a vida que tem não diferente muito do que sonhava. O cantor assume que já se curou muitas vezes com música e sabe que os seus temas acabam por curar outras pessoas. Em entrevista com o paraeles assume a gratidão pela forma como os portugueses apreciam as suas músicas.

Que balanço fazes dos concertos em Portugal?
Está a ser muito bom. Está a ser uma nova experiência e um estudo. É um novo show, um novo concerto pois nunca me tinha aventurado neste universo do violão e voz. A cada show tenho mudado uma coisa ou outra no repertório e vou vendo a sensação das pessoas. Também tenho feito alguns covers para perceber o que é importante para o público. Está a ser muito especial porque as pessoas são muito amorosas comigo. Tenho encontrado pessoas que gostam muito das minhas músicas. E são pessoas daqui, o que é muito louco. Pensar que existem pessoas que estão do outro lado do mundo e ouvem as nossas músicas.

“É uma gratidão muito grande”

É uma surpresa descobrires essa reação das pessoas?
Com certeza. Fico grato e também a pensar sobre. Pois não é algo simples de acontecer atravessar um oceano com a nossa música. É uma gratidão muito grande.

Vitão e violão é o nome desta digressão. A voz e um instrumento é a melhor forma de definir esta fase da carreira?
Sim! Quis escolher este nome para brincar com voz e violão, trocando voz pelo meu nome. Estou a oferecer a minha voz, para que nenhum adereço seja tão importante como a minha voz, letra, melodia e acordes. Para que isto seja o protagonismo do show. A ideia que não existam muitas distrações e para as pessoas se conectarem com isso.

“No violão e voz as pessoas conseguem prestar atenção a detalhes da letra que não se apercebem num show normal”

No palco tens a visão privilegiada do público. Qual a diferença entre este tipo de espetáculo e um com maior produção em palco?
No violão e voz as pessoas conseguem prestar atenção a detalhes da letra que não se apercebem num show normal. Um show com banda e DJ é muito mais preenchido. Cria-se uma atmosfera mais diversa com muita coisa que chama a atenção. Assim, estou a perceber que as pessoas prestam atenção a detalhes das letras que nunca tinham entendido. Mensagens sobre as quais nunca tinham pensado. É algo intimista. E quem vai a estes shows é o público que quer ouvir música. O propósito do show é este mesmo e está a ser bem-sucedido.

Tá Foda é o teu primeiro single. Como tem sido o teu percurso desde essa altura, em 2018?
Tem sido muito louco (risos). Muitas coisas. Muitas pessoas que entraram e saíram da minha vida. Muitas vivências, aprendizagens, prazeres e dores. Vou a caminho do sexto ano e tem sido uma experiência transcendental. Sou feliz e grato por poder viver tudo isto e aprender o que tenho aprendido. Para ser artista não existe uma faculdade. Pode aprender-se música, produção, canto, mas nada disto prepara mesmo para a vida artística. Vamos aprendendo na faculdade da vida e a minha tem sido turbulenta (risos). Cheia de altos e baixos e muita adrenalina.

“Não é fácil não subir à cabeça com um elogio do professor [Gilberto Gil]”

A música sempre foi o teu sonho?
Sim. Desde que comecei a pensar sobre profissões de uma maneira mais séria. Em criança criamos vários contos de fadas na cabeça. Dizia que queria ser cirurgião de coração (risos). Mas até é algo que hoje em dia faz sentido para mim. Pensar que, de certa forma, me tornei um cirurgião de coração com a música. Já fui curado em vários momentos da minha vida com música. E tenho a certeza que a minha música acaba por curar pessoas. Já me trouxeram mensagens nesse sentido.

Que peso tem receberes um elogio do Gilberto Gil? É fácil não te deslumbrares?
É muito louco! O Gil é uma lenda viva. Não é fácil não subir à cabeça com um elogio do professor (risos). Foi algo que me deu muito gás para continuar. Deu-me força. Também devo muito à minha amiga Flor Gil, que estava a ouvir as minhas músicas ao pé do vovô e ele acabou por ouvir (risos).

“Queria fazer algo com o Diogo Piçarra”

Já trabalhaste com muitos músicos. Com quem é que gostarias de fazer uma música?
Muita gente! No Brasil sonho muito fazer algo com o Ermicida. É um artista que me inspira desde o início. Tinha vontade de fazer algo com o Bruno Mars, com quem me identifico desde moleque. É completo.

E em Portugal?
Queria fazer algo com o Diogo Piçarra, com o Jonatan Haller, que tem estado connosco nesta tour. Também já fiz uma música com o Agir e gostava de fazer mais coisas com ele. É um artista foda.

Disseste que querias ser um cantor imortal. O que é preciso para que isso aconteça?
Preciso fazer clássicos (risos). Brincadeiras à parte, de certa forma, todos os artistas ficam imortalizados nas obras. Independentemente de serem clássicos e sucessos. As palavras, melodias, aquilo que o artista pensou quando criou a música, ficam aí para sempre.

“Sempre foi um desafio separar o tempo que invisto na minha relação e no meu trabalho”

Também já trabalhaste como ator. A representação é uma paixão?
Sim. Tenho estudado mais este universo. Quero, em algum momento, fazer isto com mais propriedade. Sinto que é preciso estudar muito. Tenho 25 anos e tenho dado conta de que tenho que estudar cada vez mais. Ouvir mais música, falar com mais pessoas, estudar mais a minha voz. Se pararmos atrofiamos.

Como seria um filme em que serias protagonista e farias também a banda sonora?
Seria numa cena paulista (risos). Muitos dos artistas que me inspiram também são de São Paulo, onde eu cresci. Seria uma história passada em São Paulo. Teria muita música, comigo a compor essas obras. Quem sabe se esse filme não está por vir.

Dizes que quando estás apaixonado ficas mais criativo, mas menos produtivo. Como é que se equilibra tudo isto?
É um desafio. Para mim sempre foi um desafio separar o tempo que invisto na minha relação e no meu trabalho. Inevitavelmente, o tempo de uma coisa acaba por consumir o da outra. O trabalho da música não se preocupa com datas comemorativas. Se é preciso fazer shows, é preciso fazer shows. E as relações acabam por se confrontar com esses momentos. Mas também acabam por se complementar. Aquilo de que as pessoas mais gostam de falar nas músicas é de amor (risos). É um tema recorrente.

Para quando um regresso a Portugal?
O mais breve possível. Vou voltar a Portugal para estar no lançamento da Topics, dia 30 de setembro. Já é a minha quarta vez em Portugal e é o país da Europa onde já vim mais. A minha música tem algo especial aqui. Também tenho cá família e faz muito sentido para mim vir aqui. E as pessoas são maravilhosas.

Fotos: Carlos Mendes

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Artigo de
Bruno Seruca

27-08-2024



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