Expensive Soul: “Podemos não ter um Disco de Ouro, mas estes 20 anos ninguém nos tira”

Expensive Soul: “Podemos não ter um Disco de Ouro, mas estes 20 anos ninguém nos tira”

Entrevistas

Expensive Soul: “Podemos não ter um Disco de Ouro, mas estes 20 anos ninguém nos tira”

No ano em que assinalam as duas décadas de carreira, New Max e Demo revelam que um dos desejos dos Expensive Soul é aquilo que muitos pensam que já conquistaram.

Artigo de Bruno Seruca

07-07-2019

Juntaram-se em 1999. Na altura, tal como acontece ainda hoje, New Max e Demo eram movidos pela paixão pela música. Acreditavam que seriam conhecidos em Leça da Palmeira, mas daí a construírem uma carreira de 20 anos ia uma grande distância. Nunca se venderam nem se renderam às modas. Não deixaram que as portas que se fecharam os deitassem ao chão e este ano estão a celebrar os 20 anos de Expensive Soul. Data que é assinalada com A Arte das Musas, álbum que dizem ser um marco para a música portuguesa. Mais do que entrevistar a dupla, estivemos às conversa com New Max e Demo e nada ficou por dizer numa conversa sem tabus.

Ao que soa dizer que já passaram 20 anos de Expensive Soul?
New Max – Soa a velho (risos).
Demo – Soa a Vinho do Porto.
New Max – É isso mesmo. Nem parece que passaram 20 anos. Passou tão rápido e foi tão bom que estamos mais felizes do que nunca. Foram os melhores 20 anos que podíamos ter tido. Estamos muito realizados em relação ao que fizemos, continuamos a fazer e com a equipa que temos.
Demo – Nunca nos sentimos vendidos. Nunca sentimos que estávamos a fazer algo que era moda. Nunca sentimos que tínhamos que fazer determinadas coisas para chegar a determinados sítios. E graças a Deus que nos sentimos abençoados. Na música portuguesa continuar, 20 anos depois, com esta energia e equipa, é muito bom.

“Nunca nos sentimos vendidos. Nunca sentimos que estávamos a fazer algo que era moda”

Que memórias guardam dos primeiros tempos? Principalmente entre o momento em que se juntam e até ao lançamento do primeiro álbum.
New Max – Foi uma fase muito inocente. Começámos por amor e era tudo muito naïf.
Demo – Não entendia nada de música, do negócio. Nem sabia que seria possível tocar na rádio. Acreditava que poderia ser conhecido em Leça da Palmeira, mas sair dali…

Nem Max – Vestimos a camisola por uma coisa que amávamos. Estávamos a viver aquele momento, numa altura em que o hip-hop estava em ascensão em Portugal. Éramos mega fãs dos Da Weasel, primeira fila nos concertos, e pensávamos que talvez conseguíssemos chegar à beira deles.
Demo – Mas também sabíamos que íamos lidar com muitas resistências. Fizemos um caminho a sós, sem padrinhos e sem ajudas. Temos um percurso como deveria ser. Sentíamos que o caminho teria de ser assim, honesto. Temos um caminho honesto e levamos a música muito a sério.

“Fizemos um caminho a sós, sem padrinhos e sem ajudas. Temos um percurso como deveria ser”

Essa honestidade e o facto de terem sido sempre independentes, é algo que dá mais gozo ao vosso percurso?
New Max – Sem dúvida. Basta pensar nisto, se errarmos somos nós. Não é ninguém por nós. Somos independentes mas lidamos com algumas pessoas e quando erram por nós ficamos muito mais chateados.
Demo – Há algo de que nos orgulhamos muito. Os discos são nossos. As músicas são nossas. E naquela altura, com uma editora, não seria assim. Às vezes não existem discos para venda porque não existe autorização da editora. E connosco não é assim. A nossa arte é nossa e isto é de louvar.

Num País pequeno, com um mercado pequeno, é fácil construir um percurso com essas bases?
New Max – Neste aspeto, Portugal permite fazer isto. É um País pequeno que permite que facilmente estejas no Sul ou Norte. Lidámos com outras dificuldades e ainda lidamos. Continuamos a ter algumas barreiras, mas isto tem a ver com a mentalidade “tuga”. Lidamos com barreiras nos media, nas rádios e com pessoas com que temos de lidar. Antigamente ainda nos chateávamos, agora já não tanto. Dizemos na hora o que temos para dizer.

Demo – Tínhamos de ser politicamente corretos. Hoje sentimos que o nosso papel é verdadeiro. Se queremos derrubar estas barreiras, temos de inspirar novos artistas. Podemos não ter o mediatismo de outras bandas, mas não queremos isso. Só queremos falar com quem nos quer ouvir, até porque temos algo para dizer. Sermos assim é algo que nos leva a um estado de espírito de satisfação. Continuamos fiéis ao que somos. Estamos a ser honestos.

“Podemos não ter o mediatismo de outras bandas, mas não queremos isso”

O público tem perceção disso?
New Max – Acho que sim. O caminho musical atualmente é muito mais eletrónico e menos orgânico. Nós sempre preservámos o lado orgânico da música. Temos instrumentos reais e as pessoas percebem isso. É o feedback que temos. Temos uma banda com 11 elementos, além de nós dois. Hoje ninguém anda com uma banda deste tamanho. A logística não é fácil, mas sempre nos batemos por isto. Antes do público, fazemos isto para nós.

Demo – Também temos ídolos que lidaram com modas e não se deixaram levar por isso. Essas modas desapareceram e os ídolos ficaram. Sentimos que é o que irá acontecer connosco. O resto é história. Temos o caso dos Xutos [& Pontapés] e de mais duas ou três bandas. E nós iremos fazer parte desse leque. Continuamos a fazer discos surpreendentes. Temos uma mensagem, conteúdo e arte.

New Max – Pegando na arte. A capa deste álbum são três telas que foram pintadas pelo João Paramés, que é um pintor de arte moderna contemporânea português. Sigo arte e a dele é única a nível mundial. E a maior parte das pessoas nunca ouviu falar dele. Achamos que a nossa música bate certo com as cores e o power da arte do João. Isto para dizer que continuamos a ir aos pormenores. Passa tudo por nós. Como aconteceu também com o vídeo do Amar é que é Preciso. A ideia é toda nossa. Neste momento não temos um canal que passe vídeos de música e este é o nosso mais caro. Gastámos 20 mil euros a fazer o vídeo. Hoje ninguém gasta isso num disco, quanto mais no vídeo. Mas quisemos faze-lo para nós.

Demo – As pessoas merecem isto. Merecem bom conteúdo. Merecem boa música. Sabemos as dificuldades culturais de Portugal. Consumimos pouca cultura. Gastamos muito pouco dinheiro em cultura, e um país sem cultura é um país sem identidade. Sentimos que o nosso papel é ser um instrumento da música.

“Gastámos 20 mil euros a fazer o vídeo. Hoje ninguém gasta isso num disco, quanto mais no vídeo”

Em tempos estiveram na primeira fila dos concertos dos Da Weasel. Qual é a sensação de estar no palco e ver um mar de gente? Sendo que na primeira fila também devem estar pessoas com os sonhos que vocês já tiveram.
New Max – Temos o exemplo de um músico que trabalhou connosco e que agora está em grande, que é o Dino d’Santiago. Foi backing vocal durante 11 anos e cresceu connosco. Hoje em dia está com uma exposição que nem nós temos.
Demo – Estivemos a jantar com ele e disse-nos que tudo aquilo que aprendeu aqui ajudou a torná-lo no que é hoje.

Não digo que sintam que o sucesso dele é vosso. Mas sentem orgulho nesta partilha de conhecimentos, em vez que tentarem esconder eventuais segredos do sucesso?
Demo – Tal e qual. É isso mesmo. É uma felicidade para nós saber que o nosso papel foi bem feito. Soube absorver tudo aquilo de que necessitava. E nós também crescemos com ele.

É fácil, com 20 anos de carreira, não perder essa ligação a todos os detalhes?
New Max – Diariamente passa tudo por nós. Vivemos intensamente cada momento. É o nosso filho. Todos os pormenores passam por nós. E já nem falo da música que isso é outro campeonato. Estivemos cinco anos para fazer este disco. Para criar as canções, para criar letras sem nos repetirmos. É o quinto disco mas são quase 80 músicas e começa a ser complicado não usar as mesmas palavras. Temos de nos reinventar. Há muita troca de ideias entre nós.

Demo – E é importante falar do fato paciência. Não estamos a fazer pão, que a receita é sempre a mesma. Na música é diferente.
New Max – É uma insistência até ficar perfeito para nós. Há sempre qualquer coisa que falha e sentimos que neste disco não falhámos com nada.
Demo – Acho que este disco vai ser um marco na música portuguesa. Acredito que com este disco estamos a fazer com que os músicos ouçam música.

“É o quinto disco mas são quase 80 músicas e começa a ser complicado não usar as mesmas palavras”

Porquê?
Demo – Por tudo! É um disco tocado. Por ter dinâmicas diferentes. Pelas letras. Este disco representa tudo aquilo que somos. Os próprios músicos vão querer perceber a que ponto levámos a música. Posso dizer que nunca demorei tanto tempo a gravar raps. É a tal busca pela perfeição. Não querendo julgar ninguém, não usamos Auto-Tune. Nem te passa pela cabeça o investimento para fazer um disco destes. Que nunca poderia ter sido feito há cinco anos.

Falam dos Expensive Soul como um filho. Imaginando que os álbuns também são filhos, o Arte das Musas é o melhor de todos?
New Max – Na minha opinião todos eles tiveram importância nas alturas em que saíram.
Demo – Este é a evolução de todos os outros.
New Max – Se calhar o próximo será o melhor. Acho que este disco está mais concentrado. Há sempre músicas que são mais para o autor e que as pessoas passam à frente.
Demo – Achamos que temos aqui oito singles. O álbum tem nove músicas, a contar com a intro, e qualquer uma das oito pode ser single. Para tocar em diferentes tipos de rádios.

“Acho que este disco vai ser um marco na música portuguesa”

O número de músicas também acaba por ter influência nos espetáculos ao vivo…
New Max – Sim. Estamos super limitados. Temos uma hora e meia para tocar e temos 10 músicas que são singles. Sobram seis ou sete de cinco discos. Existe sempre uma limitação. E decidimos fazer algo mais concentrado neste álbum.

Demo – O Incertezas, não sendo uma balada, lava-te a um sítio especial. O Amar É O Que É Preciso, é o que é. Um Dia De Cada Vez faz-me lembrar o nosso início. O Estou Quente é um tema que nunca foi feito em Portugal. O Não És Ninguém é um tema incrível. O Limbo é outro tema com muita energia. Há música para todas as pessoas aqui. Conseguir isto sem deixar de ser Expensive Soul é uma experiência ganha.

“Temos o mesmo propósito. Nascemos para a música. Sentimos isso. Vivemos na mesma energia”

Já falámos da paciência para criar o álbum. E entre vocês os dois ao longo destes anos? Há algum segredo para que tudo corra bem?
New Max – O segredo é termos os mesmos ideais e queremos o mesmo caminho. Ouvimos a mesma música. Isso é o essencial. Depois existe equilíbrio e respeito, até porque somos diferentes.
Demo – Temos o mesmo propósito. Nascemos para a música. Sentimos isso. Vivemos na mesma energia. E cedemos um ao outro. Temos vivido momentos muito bonitos.

[Sucesso de O Amor é Mágico] “Foi uma chapada para todas as pessoas que não acreditaram em nós”

Conseguem destacar algum desses momentos?
New Max – Podemos falar do momento em que uma editora nos deu com a porta na cara. Disseram-nos que era algo que nunca ia funcionar. Que era aquilo que ouviam em casa, mas que não era a cena do momento. Nós acreditamos no que fazemos, lutámos por isso e nesse ano, essa mesma música ganha o Globo de Ouro. Foi algo muito bom. Foi uma chapada para todas as pessoas que não acreditaram em nós.

Demo – Levámos com a porta na cara e a música foi a mais tocada do ano. Foi genérico de novela e tivemos vários pedidos para usar a música, algo que acontece ainda hoje. Este ano esteve em primeiro no iTunes na parte de R&B e Soul. Por causa de O Amor é Mágico, o Utopia é o nosso disco de excelência no iTunes. Ao fim de nove anos a música ainda é elogiada por artistas estrangeiros, como é o caso do Vítor Kley. Algo de errado se passa aqui. Como se explica isto?Serve de inspiração para novos artistas, para que não se conformem e vão à luta.

“Levámos com a porta na cara e a música [O Amor é Mágico] foi a mais tocada do ano”

O sucesso depois de tantas portas fechadas, serviu para abrir portas para novos artistas?
Demo – Claro. Como outros abriram para nós. Como foi o caso dos Da Weasel em relação a nós. A história da música internacional está cheia de casos assim. Sendo muito sincero, acho que os media deveriam valorizar mais o que é bem feito. Há espaço para todos, mas as coisas boas deveriam ser colocadas noutro patamar.

“Há espaço para todos, mas as coisas boas deveriam ser colocadas noutro patamar”

O público português ainda aceita mais facilmente o que vem de fora do que aquilo que é feito cá?
Demo – Completamente.
New Max – Está no nosso ADN. Somos muito assim e a única exceção é o futebol. Na música, pintura, literatura é diferente. Se cais no palco tens milhões de visualizações. Se lanças uma música nova, é mais uma.

Demo – Quase que dá vontade de ser estúpido ou palhaço para ser falado.
New Max – Há quem faça isso.
Demo – Temos o exemplo do Kanye West, que é o melhor na manipulação de marketing. Também é verdade que vivemos muito sob influência americana e os padrões deles baixaram muito. Basta ver o que se destaca lá. Mas é por isso que estamos cá. Para tentar mudar estas coisas.

“Se cais no palco tens milhões de visualizações. Se lanças uma música nova, é mais uma”

Estamos a conversar perto da Altice Arena. Vão estar cá em novembro, pela primeira vez em nome próprio. Ainda ficam nervosos com os concertos?
New Max- Nesse vai ser… Ainda estamos a idealizar o concerto. Mas vai ser algo único, especial, com momentos que nunca fizemos. Vai ser apenas uma noite. E há sempre aquela borboleta.
Demo – É um investimento e uma responsabilidade muito grandes. Mas podem ter a certeza de que não vamos desiludir ninguém. Vamos trabalhar muito bem para que tudo corra bem.

New Max – Se fosse um artista internacional, enchia logo (risos). É um investimento gigante. É uma aposta muito grande para nós. Corremos o risco de estar um ano a trabalhar para pagar aquele investimento. Mas estamos com muita pica e sentimos que vamos encher. Se perguntares o que vem depois disto, não sei (risos).

“Corremos o risco de estar um ano a trabalhar para pagar aquele investimento” [concerto na Altice Arena]

Ia pegar no título do álbum anterior (Sonhador) para perguntar com o que ainda sonham?
Demo – Se te responder, vais dizer que é ridículo. Nem vais acreditar.

Então?
Demo – Falta-me um Disco de Ouro. Não estou a pedir Platina, falta-me um Disco de Ouro. É ridículo o que estou a dizer.
New Max – Qualquer banda tem isto e nós nunca tivemos. Quer dizer, temos um Disco de Platina…
Demo – (Gargalhada) Com músicas que não são nossas.
New Max – Gravámos a versão portuguesa de temas do High School Music e foi Platina.
Demo – Pensaste que não tínhamos?

“Qualquer banda tem isto [Disco de Ouro] e nós nunca tivemos”

Por acaso pensava que tinham vários.
New Max – Toda a gente pensa.
Demo – É ridículo. Mas é importante referir porque é verdade. É bom não viver numa bolha e saber o que é a música. É porque as pessoas não gostam de nós? Isso não é verdade. Há vários anos que estamos presentes em grandes festivais, enchemos os coliseus, estivemos presentes no maior concerto que alguma vez se fez em Portugal, em Guimarães, para a Capital Europeia da Cultura. Há coisas que gostava que me respondessem. O meu sonho era um Disco de Ouro.

New Max – Se conseguirmos estar aqui a falar daqui a 20 anos, este é o grande sonho. Somos uma família, sustentamos pessoas, temos tido concertos todos os anos e isto é o mais bonito. Sempre fiéis a nós próprios. Está toda a gente a reduzir e nós somos fiéis ao que sempre fomos. A música não tem de ser formatada. Dá para brincar com a música como é o caso das pinturas que aparecem no último álbum. Cada pessoa fará a sua interpretação.
Demo – Há dez anos não estaríamos a falar de quadros. É uma reinvenção constante. Queremos elevar a arte ao máximo. O João não se importa de pintar de graça e é muito bom.

“Falta-me um Disco de Ouro. Não estou a pedir Platina, falta-me um Disco de Ouro”

É a tal paixão de que já falámos…
Demo – É isso mesmo. Mas ele não pode oferecer a coisa boa que tem para vender. Isto é arte. É tudo ao contrário. Ele queria oferecer os quadros que estão na capa do álbum, mas recusámos. Fizemos questão de pagar. Espero que isto mude. Os nossos filhos merecem isso.
New Max – O João faz uma exposição e estão lá meia dúzia de pessoas. Há algo com um artista internacional e está tudo cheio.
Demo – Sê honesto, gostas da capa?

“Gastamos muito pouco dinheiro em cultura. Sei que temos de falar dos ordenados e outras coisas, mas consumimos pouco”

Sou sincero, gosto mais do que uma capa convencional.
New Max – Em que aparecemos os dois.
Demo – Vamos fazer um evento. Embora fazer um evento com dois ou três artistas e com uma promoção a sério. Gastamos muito pouco dinheiro em cultura. Sei que temos de falar dos ordenados e outras coisas, mas consumimos pouco.

New Max – Mas estamos a crescer. Há muita oferta, muitos festivais e o salário mínimo é muito baixo e as pessoas escolhem logo no início do ano aquilo que vão ver.
Demo – Nunca houve tantos festivais como agora. Estes governantes não querem. Estão a cagar-se para ti. E arranjam outra forma de conseguir os mandatos. E não vejo ninguém a falar assim. É a primeira entrevista em que falamos assim.

Acabamos com um desafio. Pegando na letra de O Amor é Mágico e partindo da parte E o Amor é… mas trocando amor por os 20 anos dos Expensive Soul são…
New Max – São únicos!
Demo – Únicos e mágicos.
New Max – Podemos não ter um disco de ouro, mas estes 20 anos ninguém nos tira.
Demo – E ninguém mexe na nossa identidade. Isso ninguém nos tira.

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Artigo de
Bruno Seruca

07-07-2019



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