Tiago Monteiro: “Para chegar à F1 não basta talento”

Entrevistas

Tiago Monteiro: “Para chegar à F1 não basta talento”

Entrevistámos Tiago Monteiro, o piloto português que mais sucesso teve a correr na Fórmula 1.

Artigo de Hugo Mesquita

23-03-2018

O aguardado Mundial de Fórmula 1 está de volta. A principal prova de carros no mundo arranca este fim de semana com o Grande Prémio da Austrália, em Melbourne. Este ano promete ser o ano do “penta”, isto porque os dois principais candidatos à vitória no Mundial, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, estão à procura do quinto título de campeão do Mundo.

Para fazer a antevisão de mais um início de época na F1, ninguém melhor que Tiago Monteiro, o único piloto português a conseguir conquistar um pódio no campeonato, em 2005, no GP dos Estados Unidos, em Indianapolis. Nessa temporada, Tiago Monteiro conquistou 7 pontos, também a melhor pontuação de sempre de um português (apenas Pedro Lamy já tinha conquistado pontos, apenas 1) e tornou-se no primeiro estreante a conseguir concluir 16 provas consecutivas.

Atualmente encontra-se a recuperar de um grave acidente que sofreu em setembro do ano passado. Já fez testes ao volante do Honda Civic com vista à participação no Mundial de Carros de Turismo, que começa em abril.

O que espera de mais uma nova temporada na Fórmula 1?
Muito honestamente gostava de ver uma época mais disputada, tanto nos pilotos do grupo da frente, como nos restantes. Uma época mais aberta e interessante para quem compete, mas também para quem vê. Aquele tipo de épocas onde fazer previsões é impossível. Mas acho que não é isso que vai acontecer. Acredito que a Mercedes vai continuar a dominar, pese embora, com a Ferrari e a Red Bull mais próximas.

Acredita então que Hamilton e a Mercedes partem na “pole-position”?
Sim, para mim são os favoritos. É o melhor conjunto.

Que principais mudanças vamos poder ver nesta nova temporada?
Acho que não vai haver grandes mudanças ao nível dos pilotos ou das equipas que vão discutir os primeiros lugares, mas tenho a certeza que vai haver mexidas nas restantes equipas. Podemos ser surpreendidos quer pela Force India, quer pela Renault. E tenho alguma expetativa no que diz respeito à McLaren.

Os carros elétricos estão a ganhar cada vez mais espaço na indústria automóvel. Essa “conquista” pode chegar à Fórmula 1?
Não me parece que isso seja viável. Até por que essa área específica está muito bem entregue à Fórmula E.

Ao nível de jovens talentos, qual é para si o melhor piloto jovem da atualidade?
Não consigo especificar qual é o melhor, mas acredito que o Esteban Ocon (Force India) vai dar muito nas vistas.

Nos últimos tempos, Portugal tem estado em destaque em várias modalidades. O que nos falta para ter um piloto na F1? Que trabalho precisa de ser feito?
Primeiro, precisamos de ter um piloto realmente bom e que esteja preparado para esse desafio. Acho que actualmente não temos, mas acredito que há pilotos nos kartings que daqui a 3/4 anos estejam a um bom nível. Mas para chegar à F1 não basta talento é preciso apoio financeiro e neste momento o nosso país também não está preparado para isso. Não quer dizer que não venha a estar daqui a uns anos. Torço para que sim.

Falando na passagem do Tiago pela Fórmula 1. Quais são as melhores recordações que guarda desse período?
Guardo muitas memórias. O pódio em Indianapolis será sempre um marco. Mas há outras, o ter pontuado na Bélgica, a minha melhor qualificação no Brasil com o 11º lugar mas também todas as aprendizagens, experiências e conhecimentos que adquiri nessa altura. É fantástico ainda hoje regressar ao paddock e ver tantos rostos conhecidos com quem partilhei bons momentos. Foram anos excepcionais.

Reveja o momento em que Tiago Monteiro partilhou o pódio com Michael Schumacher e Rubens Barrichello.

 

Principais novidades para a temporada 2018 da F1

Uma das principais novidades para esta temporada é a redução de quatro para três motores disponíveis por temporada, que faz com que a questão da fiabilidade das unidades de potência seja tida mais em conta. Por outro lado, há a registar o regresso da Alemanha e da França ao  circuito (Portugal continua de fora). Com a saída do GP da Malásia, a prova passará a contar com 21 corridas:

25 março: GP da Austrália, Melbourne (Circuito de Melbourne)

8 abril: GP do Bahrain, Sakhir (Circuito Internacional do Bahrain)

15 abril: GP da China, Xangai (Circuito Internacional de Xangai)

29 abril: GP do Azerbaijão, Baku (Circuito citadino de Baku)

13 maio: GP de Espanha, Barcelona (Circuito de Barcelona-Catalunha)

27 maio: GP do Mónaco, Monte Carlo (Circuito do Mónaco)

10 junho: GP do Canadá, Montréal (Circuito Gilles Villeneuve)

24 juno: GP de França, Le Castellet (Circuito Paul Ricard)

1 julho: GP da Áustria, Spielberg (red Bull Ring)

8 julho: GP da Grã-Bretanha, Silverstone (Circuito de Silverstone)

22 julho: GP da Alemanha, Hockenheim (Hockenheimring)

29 julho: GP da Hungria, Budapeste (Hungaroring)

26 agosto: GP da Bélgica, Spa-Francorchamps (Circuito de Spa-Framcorchamps)

2 setembro: GP de Itália, Monza (Autódromo Nacional de Monza)

16 setembro: GP de Singapura, Singapura (Circuito Citadino de Marina Bay)

30 setembro: GP da Rússia, Sochi (Autódromo de Sochi)

7 outubro: GP do Japão, Suzuka (Pista de Corridas Internacional de Suzuka)

21 outubro: GP dos EUA, Austin (Circuito das Américas)

28 outubro: GP do México, Cidade do México (Autódromo Hermanos Rodríguez)

11 novembro: GP do Brasil, São Paulo (Autódromo José Carlos Pace)

25 novembro, GP de Abu Dhabi, Yas Marina (Circuito de Yas Marina)

 

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Artigo de
Hugo Mesquita

23-03-2018



RELACIONADOS