O primeiro aniversário de “VIL”, o blogue de Afonso Vilela foi o ponto de partida para uma conversa com o paraeles. Mas com uma carreira de 31 anos, que vai da moda à televisão, passando por muitas outras vertentes, há muito mais para contar.
O seu blogue está a festejar o primeiro ano de vida. Está a correr como tinha perspetivado no momento da criação?
O blogue está a correr muito melhor do que poderia esperar. Nunca pensei atingir estes números tão cedo.
A criação deste projeto era um desejo antigo. Por que só foi criado há um ano?
Este projeto foi sendo adiado durante algum tempo, até que chegou uma altura em que, cada vez que postava fotos e vídeos, as pessoas mais próximas quase me insultavam por ainda não ter criado o blogue.
Os oito separadores escolhidos são uma boa forma de o definir?
Acho que definem uma boa parte de mim.
Pegando em dois específicos, costuma atirar-se muitas vezes para “fora de pé” e sente-se uma “máquina do tempo”?
Sim, estou sempre a “puxar” por mim, novos desafios, mais alto, mais difícil, é uma constante. A máquina do tempo é muito gira! Por vezes nem me apercebo que já passaram tantos anos, só quando procuro material mais antigo.
“Estou sempre a ‘puxar’ por mim, novos desafios, mais alto, mais difícil, é uma constante”
Por falar em tempo, o que soa dizer-lhe que já passaram 31 anos desde que deu início à carreira, especificamente à de manequim?
Soa a muita estrada, muito tempo! Seja em que profissão for, quanto mais nesta!
Ainda se recorda do dia em que foi um dos escolhidos num casting improvisado num ginásio?
Sim, lembro-me bem deste dia!
Nesse dia foram escolhidos dois homens, o Afonso e um amigo. A amizade ainda se mantém e falam sobre esse dia?
Claro que se mantêm! Ele é mais que amigo, é praticamente família.
Já disse que tanto a moda como a televisão acabaram por surgir por mero acaso. Nessa altura quais eram os seus planos de vida?
Nem me lembro. Seguir o meu curso e pouco mais era a ideia. Quando somos novos não fazemos esses planos, apenas vivemos o dia-a-dia sem pensar a longo prazo.
“Nunca me deslumbrei. Eram outros tempos, esta profissão não tinha a cotação de agora”
O que mudou no Afonso em relação ao adolescente de 17 anos que se vê inserido no mundo da moda?
Nunca me deslumbrei. Eram outros tempos, esta profissão não tinha a cotação de agora.
E o que mudou no panorama nacional da moda?
Mudou quase tudo. Quando comecei estávamos a dar os primeiros passos numa série de coisas: Manobras de maio, Moda Lisboa, a criação das primeiras agências, mais tarde a internacionalização. Hoje em dia, tudo está diferente e mais dinâmico, as coisas demoram menos tempo a mudar. É global.
O futuro levará a uma maior internacionalização dos modelos nacionais ou poderá acontecer o inverso?
Sim. Somos um país de gente bonita e os meios estão cada vez mais fáceis. Temos, no entanto, um pequeno senão com as questões ultranacionalistas e xenófobas de alguns países, esperemos que o mundo não dê mais “voltas em sentido contrário”.
“A magreza excessiva nunca foi moda”
Volta e meia surgem discussões em torno do peso das modelos. Que opinião tem sobre o tema?
Cada vez menos surge este tema e ainda bem. As marcas procuram cada vez mais pessoas com quem o público se identifique, deixando a anorexia de fora. A magreza excessiva nunca foi moda, apenas usaram o tema para criar polémica e retirar os dividendos da situação.
Com tantos anos de carreira, consegue eleger um trabalho e um estilista que o tenham marcado?
Não, é muito difícil. Foram muitas coleções, muitos trabalhos… É praticamente impossível. De vez em quando ainda aparecem trabalhos fantásticos e continuo a conhecer pessoas interessantíssimas, ainda bem.
Os anos que leva enquanto manequim são quase os mesmos no que diz respeito a aparecer na televisão. Que balanço faz da carreira de ator?
Bastante positivo! É um trabalho cada vez mais versátil, antigamente só tínhamos dois canais e pouco mais. Cinema, só muito de vez em quando. Agora temos internet, streaming, redes sociais e mais um sem-número de meios de divulgação audiovisual, pelo que a formação é constante.
O que gostava de fazer nesta área?
Documentários sobre Portugal. Hei de lá chegar.
Imagina-se a deixar Portugal para apostar tudo numa carreira internacional, que obrigaria a uma aposta muito mais intensa, devido à distância que existe em relação ao nosso mercado?
Temporariamente já tem acontecido. Apesar de termos cada vez mais meios para o fazer – e mais acessíveis -, além de cada vez mais produções estrangeiras se deslocarem para filmar no nosso país, continuamos com o eterno problema: a dimensão.
Sente-se melhor na pele de modelo ou de ator?
Tudo depende do trabalho. Com qualquer uma sinto-me confortável, em casa!
“Nos últimos tempos tenho-me dedicado bastante às sobremesas e pastelaria”
Ainda trabalha como apresentador, cozinha e pratica desporto regularmente. Tem algum talento escondido que as pessoas desconheçam?
Apenas o mau-feitio (risos).
Ganhou o “Masterchef” e cozinha desde miúdo. Como surgiu este gosto?
Foi surgindo à medida que fui adquirindo mais conhecimento e conseguindo elaborar mais pratos. É uma aprendizagem constante.
Qual a especialidade que destaca, além das suas já famosas sopas?
Nos últimos tempos tenho-me dedicado bastante às sobremesas e pastelaria. Já começam a sair umas coisas boas.
Treina com grande frequência. Sempre foi um gosto ou é paixão misturada com exigência profissional para se manter em forma?
Acima de tudo faço-o com gosto, mas obviamente que também tenho a “atração pelo sofá”. Nos dias em que o sofá me chama, tento pensar mais profissionalmente e encarar o sacrifício como uma responsabilidade profissional.
“É necessário sentirmo-nos bem e não apenas ‘parecer bem’”
Quais os segredos para ter aos 48 anos e mesma imagem que tinha quando apareceu?
Mente sã, corpo são. Não nos preocuparmos em demasia com a imagem, mas mais com o coração. É necessário sentirmo-nos bem e não apenas “parecer bem”.
Enquanto homem, que opinião tem da nova geração de homens?
Levam um avanço muito positivo em relação a minha, pois já percorrem naturalmente os caminhos que nós “andámos” a descobrir. Fazem-no sem qualquer tipo de preconceitos, o que é ótimo, mas não deixo de ficar um pouco apreensivo com a excessiva importância que dão à imagem em detrimento da experiência.
“A imagem é algo muito volátil, tem de estar agarrada a algo sólido”
Que conselhos dá aos mais novos que sonham um dia construir um percurso como o seu?
Bases sólidas. Formação acima de tudo. A imagem é algo muito volátil, tem de estar agarrada a algo sólido.
E por falar em percurso, como imagina o seu ao longo dos próximos anos?
Não o imagino! Apenas deixo as coisas fluírem e vou me adaptando às mudanças que cada vez são mais rápidas.