Ricardo Pereira: “Ter sorte dá muito trabalho”

Ricardo Pereira: “Ter sorte dá muito trabalho”

Entrevistas

Ricardo Pereira: “Ter sorte dá muito trabalho”

Viajou para o Brasil para gravar uma telenovela durante seis meses. Passaram 14 anos e nunca deixou de trabalhar do outro lado do Atlântico. Assim é Ricardo Pereira, que em entrevista ao paraeles revela o segredo do sucesso.

Artigo de Bruno Seruca

24-10-2017

Foi para o Brasil gravar uma telenovela durante seis meses. Passaram 14 anos e continua a ser um dos atores de maior sucesso do outro lado do Atlântico. De passagem por Portugal, onde esteve a promover o filme “Alguém Como Eu”, Ricardo Pereira revela ao paraeles que poderá vir a apostar no mercado norte-americano. Mas há muito mais para saber sobre o eterno «bom moço» da televisão. Desde as cenas de nudez ao segredo do sucesso, nada ficou por dizer.

Os 38 anos fazem de ti um jovem ator. Por outro lado, tens uma longa carreira. Isso faz com que já se possa dizer que é “mais um filme” ou não olhas assim para os projetos?
Isso não existe. Enquanto tiver discernimento mental jamais direi isso. Se fosse mais um não teria feito. Sou novo mas já tenho uma história de vida grande, quer seja no cinema, televisão e teatro. Não posso dizer mais um filme. Jamais! Pelo contrário. “Alguém Como Eu” é um filme diferente de todos os que já fiz.

Por ser uma comédia romântica?
Também pois nunca tinha feito uma! E nunca tinha trabalhado com o Leonel Vieira, meu amigo há muitos anos. Já tínhamos pensado em fazer muitas coisas juntos mas acabava por nunca dar. Deu-me o guião e disse que íamos fazer isto. Mas só quando tivesse o elenco que queria, tendo sido eu o primeiro. Ele sabia exatamente o que queria deste filme. Desde a altura do ano para filmar em Lisboa e no Rio de Janeiro até aos atores. E resulta num género de filme que não existe muito em Portugal. E assim foi! Fizemos esta comédia completamente inusitada.

 

«Sou novo mas já tenho uma história de vida grande, quer seja no cinema, televisão e teatro. Não posso dizer mais um filme. Jamais!»

 

Em que difere das outras?
Tem os ingredientes todos que as comédias românticas precisam de ter. E que fazem parte das nossas vidas desde crianças devido aos filmes americanos que passam na televisão. Mas tem algo mais. A cereja no topo do bolo é uma mulher que aparece no meu corpo. Porque a minha namora cansa-se da minha rotina e pede alguém como ela, que a compreenda e entenda. O público que estiver a ver o filme irá pensar se é assim. Se deixa a relação cair na rotina.

 

Ricardo Pereira: «Ter sorte dá muito trabalho»

 

Quem irá pensar mais nessas dúvidas: homens ou mulheres?
Todos (risos)! O erro começa quando pensamos que só o outro é que faz. E neste filme erram os dois. A beleza da vida é não acertar sempre. Temos de errar. E isto não é uma questão de género. It happens (risos)!

Disseste que não olhas para um projeto como mais um. Isso quer dizer que não aceitas trabalhos apenas pelo dinheiro, por mais atrativo que possa ser?
Hoje em dia, depois de já andar a trabalhar há algum tempo, a minha escolha é muito criteriosa. Gosto de circular em diversos géneros. Não sou o tipo de ator que só faz uma coisa. Não me apetece ser um ator que faça sempre o drama ou a comédia. Quero circular por várias camadas. Isso completa-me enquanto artista. Mas para aceitar um projeto preciso do texto. De ler. Se não conheço o trabalho do realizador ou encenador, vou à procura e estudo o trabalho dessa pessoa. E quero uma conversa para perceber o trabalho e aquilo que deseja. Se estiverem reunidas as circunstâncias que fazem evoluir enquanto artista, embarco no projeto. Não sou dependente de um género. Gosto de ser sondado para fazer coisas que nunca fiz. Isso desafia-me e faz-me crescer.

 

«Não sou o tipo de ator que só faz uma coisa. Não me apetece ser um ator que faça sempre o drama ou a comédia. Quero circular por várias camadas. Isso completa-me enquanto artista»

 

E tens feito muita coisa, nos mais diversos registos. Mas as pessoas olham para ti como o menino bonito, o galã. Isto nunca mudará?
Depende do público. O público da televisão tem essa imagem. Porque os meus trabalhos têm sido marcados pelo bom moço, pelo herói da história. Embora os meus últimos trabalhos no Brasil tenham seguido um caminho diferente. O que vou fazer na próxima novela das sete é um vilão. Começo a ter a oportunidade de fugir desse registo em televisão. Embora não me incomode. Vou fazer muitos bons moços até ao final da minha vida. Adoro fazer e é muito difícil fazer um bom moço, um galã. Quem me tem visto no cinema e no teatro acompanha outras nuances. Quero ser conhecido como o artista que interpreta qualquer papel. Isso é que é bom.

 

«Quero ser conhecido como o artista que interpreta qualquer papel. Isso é que é bom»

 

“Alguém Como Eu” tem cenas de nudez em que não tens duplo. Se um projeto não é apenas mais um, uma cena destas é apenas mais uma?
É mais uma cena. E tenho vindo numa sequência de cenas atrevidas ao longo da minha carreira. Em “Liberdade, Liberdade” protagonizo a primeira cena de sexo homossexual da televisão brasileira. Agora neste filme. O corpo é uma ferramenta de trabalho. Vamos embora, é para fazer em bem! É preciso é que as coisas façam sentido. E neste filme fazia.

 

Ricardo Pereira: «Ter sorte dá muito trabalho»

 

A famosa cena de “Liberdade, Liberdade” faz com que seja um orgulho para ti, enquanto ator num país estrangeiro, ser escolhido para uma cena tão marcante, que marca a agenda não apenas do ponto de vista da ficção?
Fico muito feliz com a possibilidade de já ter feito coisas tão estimulantes desde que estou no Brasil. Projetos arrojados que me fizeram crescer enquanto artista. Fico feliz por me delegarem responsabilidades. Para mim é fantástico. É sinal de que a carreira avançou. No Brasil pensam em mim para qualquer trabalho. Acreditam no meu trabalho. É a melhor coisa do mundo. É brutal!

 

«No Brasil pensam em mim para qualquer trabalho. Acreditam no meu trabalho. É a melhor coisa do mundo»

 

São 14 anos de Brasil. Era isto que pensavas quando foste para lá na primeira vez?
De maneira alguma! Estarei para sempre grato ao Brasil. E contagiado pela alegria dos brasileiros. Fui para lá fazer uma novela de seis meses. Tenho estado lá sempre a trabalhar. Tem sido gratificante. Às vezes dou por mim a pensar nas coisas boas que têm acontecido e que vão acontecer.

14 anos de sucesso lá e cá. E com projetos de cinema francês. Tem de existir um segredo para que sejas tão valorizado em todos os mercados…
Trabalhar! Trabalhar! Trabalhar! E mais trabalhar! O que está dentro deste trabalhar? Seres correto com quem te rodeia. Seres humilde. Estares atento. Teres alegria naquilo que fazes. Gosto de trabalhar, levo a sério o meu trabalho mas gosto de me divertir no meu trabalho. Teres paixão no que fazes. E querer aprender a toda a hora. E perceber que nada está ganho, a nível de aprendizagem. E é isso que irá acontecer nos próximos anos. Ter sorte dá muito trabalho.

 

«Trabalhar! Trabalhar! Trabalhar! E mais trabalhar! O que está dentro deste trabalhar? Seres correto com quem te rodeia. Seres humilde. Estares atento. Teres alegria naquilo que fazes»

 

Nos próximos anos vamos ver-te noutros mercados?
Tem de haver disposição para isso. Acabo de ser pai pela terceira vez. Hoje, penso de uma forma mais geral. Penso muito na educação dos meus filhos. A minha mulher também tem um projeto de sucesso em Portugal, uma marca de lingerie. São coisas em que tenho de pensar. Existe a vontade de parar alguns mercados um pouco e tentar uma aventura nos Estados Unidos. Já tenho os meus filhos a aprender inglês. Estou a caminhar para isso. A ideia seduz a minha mulher. Poderá ser uma boa altura para me reciclar e fazer uns cursos. Quem sabe se não vamos explorar outro mercado. Sinto-me com energia!

Para um ator como tu, apostar no mercado norte-americano significa começar do zero?
Tens facilidade para entrar em alguns circuitos. Tenho um agente muito bom nos Estados Unidos. Que já me desafiou a ir para lá. E estive quase a fazer um filme há dois anos. O cinema europeu chega lá. Existem trabalhos meus que foram elogiados lá. Tens currículo que dá entrada em alguns circuitos. Depois é quase começar do zero. É um mercado muito competitivo e existem muitos a competir. Mas o que seria da vida sem um desafio?

 

Ricardo Pereira: «Ter sorte dá muito trabalho»

 

Durante os próximos anos irás continuar-te a dividir por países?
Não creio que exista uma escolha. Irei continuar a circular por vários mercados. Talvez alargue para mais um país, que se juntará a Portugal e ao Brasil. Neste momento a minha base é o Brasil. Depende, em primeiro lugar, de qualidade de vida humana. E de ser melhor para a minha circulação enquanto ator.

 

«Se pudesse escolher queria trabalhar com tanta gente. E podia ser o Clooney a produzir ou realizar, que é bom nisso»

 

Se o bom moço for para os Estados Unidos, com quem é que te imaginas a fazer par romântico? E serias o vilão de que história?
Adoro o Sean Penn, Daniel Day-Lewis, Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Marion Cottilard, Bérénice Bejo, Emma Stone. Se pudesse escolher queria trabalhar com tanta gente. E podia ser o Clooney a produzir ou realizar, que é bom nisso. Ou o Clint Eastwood. Havia tanta gente. Quem sabe! The sky is the limit.

Fotos: Paula Alveno

Clica nas imagens e lê mais artigos em destaque

«The Best» em português diz-se Cristiano Ronaldo
«The Best» em português diz-se Cristiano Ronaldo

 

A estrela que mais brilhou na noite de Ronaldo
A estrela que mais brilhou na noite de Ronaldo

 

As 5 desculpas mais utilizadas para fugir ao sexo

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Artigo de
Bruno Seruca

24-10-2017



RELACIONADOS