A volta dos deuses, protagonizada por Ayrton Senna, é a melhor da história da Fórmula 1

A volta dos deuses, protagonizada por Ayrton Senna, é a melhor da história da Fórmula 1

Desporto

A volta dos deuses, protagonizada por Ayrton Senna, é a melhor da história da Fórmula 1

Foi a 1 de maio de 1994 que o piloto brasileiro perdeu a vida na sequência de um grave acidente no circuito de Ímola, durante o Grande Prémio de San Marino.

Artigo de Bruno Seruca

01-05-2019

Assinalou-se a 1 de maio de 2019 os 25 anos da morte de Ayrton Senna, aquele que muitos consideram o melhor piloto de todos os tempos da Fórmula 1. Foi a 1 de maio de 1994 que o piloto brasileiro perdeu a vida na sequência de um grave acidente no circuito de Ímola, durante o Grande Prémio de San Marino. A tragédia acabou por mudar a forma como é vista a maior competição de desporto automóvel e também a segurança dos pilotos passou a ser diferente.

 

 

Poderíamos falar das vitórias do piloto que conquistou o seu primeiro Grande Prémio em Portugal, no Autódromo do Estoril, em 1985. Ou mesmo das pole positions alcançadas durante a carreira. Mas existe uma volta que prova que o talento de Ayrton Senna era algo fora do comum. E para isso temos de falar do Grande Prémio da Europa, de 1993, que decorreu na pista de Donington Park, em Inglaterra, naquela que foi a primeira (e única) vez que o circuito recebeu uma prova da Fórmula 1.

Foi no Estoril que Ayrton Senna conquistou o primeiro Grande Prémio de Fórmula 1

Foi sensivelmente um ano antes da sua morte (11 de abril) que Ayrton Senna protagonizou aquela que é conhecida como a volta dos deuses e a melhor primeira volta da história da Fórmula 1. Curiosamente tinha sido nesta mesma pista que o brasileiro tinha tido a primeira experiência ao volante de um carro de Fórmula 1, ao testar um Williams, em 1983.

Senna chegava a Inglaterra depois de uma vitória no Brasil. Mas parecia que, desta vez, a corrida era feita à medida de Alain Prost ou Damon Hill. O francês assegurou a pole position e o inglês ficou em segundo. O terceiro lugar ficou para Michael Schumacher, então um jovem prodígio da Fórmula 1. Ayrton Senna partia apenas do quarto lugar. E tudo ficou pior assim que foi dado o sinal de partida. O brasileiro foi apertado por Schumacher e desceu para o quinto lugar, tendo sido ultrapassado por Karl Wendlinger. Foi neste momento que teve início a volta dos deuses, com Senna a terminar a primeira volta já na liderança da corrida.

“Parti em quarto, mas a primeira volta foi um tiro psicológico para a concorrência”

“Chovia muito. Parti em quarto, mas a primeira volta foi um tiro psicológico para a concorrência. Fui espremido pelo Schumacher, tive que colocar duas rodas fora da pista, passei o alemão antes da primeira curva e mergulhei à caça de Damon Hill. Passei o inglês na travagem. A próxima vítima era Prost. Esperei pelas curvas duplas do S e como ele travou antes do normal, abriu uma brecha por onde me meti”, explicou Ayrton Senna depois da prova. Mas há mais para contar nesta corrida.

“Com 18 voltas, a pista secou e todos pararam para colocar os pneus slick. Resolvi acelerar a fundo para fugir da Williams, mas fiquei entre a espada e a parede. Afinal, é arriscado ser rápido com pneus de seco no alcatrão húmido. Mas se diminuísse o ritmo os pneus perderiam pressão e temperatura e o carro ficaria sem aderência”, acrescentou. Outro momento histórico envolve uma das quatro idas às boxes de Senna (Prost foi sete vezes).

“Com 18 voltas, a pista secou e todos pararam para colocar os pneus slick. Resolvi acelerar a fundo para fugir da Williams, mas fiquei entre a espada e a parede”

O piloto brasileiro entrou a acelerar nas boxes na volta 57. Algo que era permitido na época por não existir limite de velocidade na zona das boxes. Isto fez com que tivesse a volta mais rápida. Algo que pode soar a estranho, mas que se explica pelo facto de a curva para as boxes ser menor do que aquela que dava acesso à reta da meta. Ayrton Senna revelou ainda que esteve perto de abandonar a corrida.

“Ainda tive problemas nos pit stops. No terceiro, a roda traseira direita travou e a paragem pareceu-me uma eternidade. No momento de voltar a colocar pneus de chuva, o rádio não funcionou, não me ouviram, entrei e passei direto pelas boxes, sem efetuar a troca. E, para aumentar o suspense, fui avisado que tinha problemas de consumo. Mas como o meu depósito vazou no grid e não houve tempo para reparar, ficou selado, o que impossibilitaria reabastecer. Como a gasolina estava no limite mudei o estilo de pilotar: trocava as mudanças em rotações mais baixas, aliviava o pé antes das entradas nas curvas e travava com menos ímpeto. Ufa! Foi assim que cheguei vitorioso e exausto no final das 76 voltas, uma à frente de Prost”, concluiu Senna.

Ayrton Senna conquistou o Grande Prémio, mas perdeu o campeonato para o rival Alain Prost. A penúltima corrida do calendário ficou ainda marcada pela ida do brasileiro às boxes da Jordan para esmurrar o jovem piloto Eddie Irvine. No ano seguinte Senna mudou-se para a Williams, morrendo ao volante do FW16 de forma trágica.

Fotos: Instituto Ayrton Senna

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Artigo de
Bruno Seruca

01-05-2019



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