Troy Deeney, o avançado rebelde que já passou pela prisão

Troy Deeney, o avançado rebelde que já passou pela prisão

Desporto

Troy Deeney, o avançado rebelde que já passou pela prisão

O avançado, que regressou aos golos, realçou que nunca sentiu pressão por não estar a marcar.

Artigo de André Cruz Martins

23-12-2019

O Watford bateu de forma surpreendente o Manchester United por 2-0. Um dos golos foi de Troy Deeney. O avançado, que regressou aos golos, realçou que nunca sentiu pressão por não estar a marcar, porque pressão é outra coisa totalmente diferente. “Pressão era ver a minha mãe ter três trabalhos para pagar o Natal. Isto é futebol. estive lesionado durante três meses. Continuei a trabalhar, nunca fugi ao trabalho. Quero dar os parabéns aos rapazes”, afirmou Troy Deeney, em declarações à Sky Sports.

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Há nove temporadas no Watford, este futebolista de 31 anos é um ponta de lança clássico, com bom jogo aéreo e finalização fácil com os dois pés. Tem nacionalidade inglesa e jamaicana e marcou 110 golos em 315 jogos com a camisola dos “hornets”. O mais famoso aconteceu em 2013, nas meias finais do “play-off” de acesso ao escalão principal, diante do Leicester FC. No sétimo minuto de descontos, os “foxes” desperdiçaram uma grande penalidade, que lhes daria a qualificação. No contra-ataque que se seguiu, Deeney fez o golo que colocou a sua equipa na final.

A celebração com o Chelsea e outras polémicas

Em fevereiro de 2018, o ponta de lança e capitão do Watford FC causou grande polémica pela forma como festejou um dos golos na retumbante vitória por 4-1 diante do Chelsea FC, ao erguer os dois dedos do meio na direção dos adeptos “blues”. No final da partida, explicou a razão da celebração. “Houve muita conversa e especulação sobre uma possível saída do Watford. Mantive-me calado, porque sei que quando falo meto-me em sarilhos. Foi uma maneira de fazer saber a toda a gente que ouvi e li tudo, mas que continuo aqui”, disse. De forma surpreendente, a Federação Inglesa (FA), que costuma ser bastante rigorosa nestas questões, entendeu não o suspender, tendo apenas repreendido-o.

Curiosamente, por esta altura, o avançado já não havia escapado a duas punições pesadas da FA, de quatro e três jogos, depois de ter agredido dois adversários, Joe Allen e Collin Quaner, frente ao Stoke City e Huddersfield, respetivamente. Na altura, a equipa era treinada pelo português Marco Silva e a última época, definitivamente, não foi fácil para o avançado, que cumpriu 31 jogos oficiais, com apenas seis golos marcados e esteve algumas semanas de fora, por culpa de várias lesões. Esteve longe de ser um indiscutível para o técnico luso, mas apesar disso, deixou-lhe elogios.

Boa relação com Marco Silva e as “bocas” a Wenger

“Acreditem ou não, estou a gostar de trabalhar com Marco Silva e temos uma relação de respeito mútuo”, referiu. Em outubro de 2017, Troy Deeney já tinha estado envolvido em polémica com Arsène Wenger, depois do então treinador do Arsenal ter afirmado que a grande penalidade convertida por Deeney não existiu, num jogo que terminou com derrota dos londrinos por 2-1. “É preciso que eles [os jogadores do Arsenal] tenham um pouco mais de ‘cojones’. Foi por essa falta de ‘cojones’ que perderam e não devido à grande penalidade”, atirou.

Outra ocasião em que esteve debaixo de fogo ocorreu em julho de 2016, quando no dia do seu 28º aniversário colocou no Instagram uma mensagem de um Laborghini, com a seguinte mensagem: “Faço anos! Por que não tratar-me como mereço?” O seu comentário teve dezenas de comentários negativos, acusando-o de falta de valores e de só pensar em dinheiro.

Cumpriu pena de prisão por agressão

Tudo o que aqui escrevemos até agora é uma brincadeira de crianças face à gravidade do que lhe aconteceu em 2012: foi condenado a dez meses de prisão, por ter participado num ataque contra um grupo de estudantes em Birmingham. Acabou por cumprir apenas três meses, tendo saído da prisão devido ao bom comportamento. Curiosamente, em entrevista ao jornal “The Telegraph”, confessou que ter estado detido acabou por ter aspetos muito positivos.

“Foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. É o tipo de situação em que ou nos colocamos como vítimas e culpamos o mundo pelos nossos problemas. Ou assumimos a responsabilidade dos nossos atos e seguimos em frente. E eu decidi não envergonhar a minha família ou filhos de novo”, referiu, acrescentando: “Tenho um lado negro, como todos têm, mas aprendi a controlá-lo, o que faço com a ajuda de um psiquiatra com quem converso. E ainda tenho meus demónios”.

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Troy Deeney começou por jogar futebol nos juvenis do Arsenal e mudou-se para o Walsall com idade de júnior, tendo chegado ao Watford FC com 22 anos. As suas temporadas mais profícuas no atual clube, sempre na segunda divisão do futebol inglês, foram entre 2012/13 e 2014/15, quando apontou, respetivamente, 20, 25 e 21 golos, tendo na altura causado alguma estranheza que não se tenha mudado para um clube da divisão principal.

Troy Deeney garante que passou a ter juízo

Deeney tem uma explicação para o grande momento que atravessa. “Agora tenho a minha própria nutricionista e a ajuda de outras pessoas que cuidam de mim. A verdade é que estou com 31 anos, não sou ingénuo e não posso achar que é possível andar sempre em festas como uma estrela do rock. E depois apresentar-me bem no fim de semana. Perdi peso e voltei a desfrutar de novo do futebol”, refere.

A propósito do magnífico arranque do Watford, o avançado inglês sustenta que a equipa beneficia da continuidade do treinador Javi Gracia. “O facto de termos o mesmo técnico permitiu-nos ganhar maior consistência. Por outro lado, tivemos muitos jogadores lesionados na temporada passada, inclusivamente eu próprio, ao contrário do que tem sucedido agora, com todos a estarem disponíveis”, sublinha.

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André Cruz Martins

23-12-2019



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