Thomas Partey, o médio do Atlético de Madrid que teve de fugir de casa em busca do sonho

Thomas Partey, o médio do Atlético de Madrid que teve de fugir de casa em busca do sonho

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Thomas Partey, o médio do Atlético de Madrid que teve de fugir de casa em busca do sonho

Thomas Partey tinha 17 anos quando tentou a sua sorte nos “colchoneros” e nem disse à família que se ia embora de casa, no Gana. Sete anos e meio depois, pode dizer-se que valeu a pena.

Artigo de André Cruz Martins

09-02-2019

“Às vezes sinto-me infeliz no Atlético Madrid. Para me sentir feliz tenho de disputar jogos importantes e de sentir a confiança do treinador. E quando tive a confiança de Diego Simeone consegui realizar boas exibições”. Quem falava desta forma, a 22 de dezembro de 2018, era Thomas Partey, médio defensivo dos “colchoneros”.

De acordo com alguma comunicação social espanhola, as palavras do jogador ganês – aborrecido por ser normalmente preterido nos jogos grandes – não foram bem recebidas por Diego Simeone e os dois terão tido uma conversa para colocar tudo em pratos limpos.

O que é certo é que dois dias depois das polémicas declarações, o futebolista de 25 anos emendou a mão, através de um post nas redes sociais. “Gostaria de esclarecer o que poderá não ter sido bem entendido. O ‘Atleti’ é o clube onde quero estar e onde gostaria de continuar a crescer como jogador. É verdade que sinto que posso ser ainda mais importante e é por isso que trabalho no duro todos os dias, para ser melhor jogador”, escreveu.

Cobiçado pelos gigantes de Manchester

Coincidentemente, foi depois desta polémica que Thomas arrancou para a melhor fase na atual temporada. Ganhou a titularidade de forma indiscutível e sempre a jogar os 90 minutos de cada partida. Depois da recente vitória do Atlético de Madrid diante do Getafe, por 2-0, o médio ganês recebeu grandes elogios do seu técnico. “Tem melhorado muito, é um jogador incrível. Poderia ter ido para o Manchester City ou para o Manchester United, mas está muito bem aqui”, sublinhou.

A respeito da cobiça dos gigantes de Manchester no seu jogador, não se sabe se Simeone estaria a referir-se ao último mercado de janeiro, mas nesse mês surgiram notícias de que o ganês seria o principal alvo de Pep Guardiola, treinador do Manchester City, para o reforço da zona central do meio campo. A verdade é que se os “citizens” quisessem muito contar com ele, os 50 milhões de euros da sua cláusula de rescisão não seriam obstáculo.

Jogadores africanos desvalorizados

Na verdade, esses 50 milhões de euros parecem um valor claramente baixo para um jogador com a sua qualidade, pois estamos a falar de um dos cinco finalistas ao prémio de melhor futebolista africano de 2018, tendo terminado precisamente na quinta posição, atrás do vencedor Salah e de Sadio Mané, Aubameyang e Benatia.

Entretanto, em entrevista recente ao jornal “Mundo Deportivo”, defendeu que os futebolistas africanos são desvalorizados face aos seus colegas europeus. “Em África já tivemos muitos jogadores de qualidade como o Yaya Touré e o Michael Essien, que acabam por ser vistos apenas como ‘bons’ e não são colocados ao nível de um Modric, de um Messi ou de um Cristiano Ronaldo. Eto’o e Drogba são dois bons exemplos, pois marcaram muitos golos e podiam ter ganho a Bola de Ouro, mas nunca os colocaram a esse nível”, sublinhou.

Thomas Partey “penou” até chegar ao topo

Thomas chegou ao Atlético de Madrid em 2011. A poucos dias de completar 18 anos, naquela que foi das mais surpreendentes transferências do futebol espanhol dos últimos anos, pois veio do Odometah FC, clube que representava no Gana. Jogou bastante nessa primeira temporada em Espanha, cumprindo 34 partidas na equipa B dos “colchoneros”, tendo ganho “rodagem” nas duas épocas seguintes, em que foi emprestado a Maiorca e Almería.

Já com 22 anos, regressou ao Atlético de Madrid, mas foi pouco utilizado nas duas épocas que se seguiram. Tudo mudou de figura temporada passada, em que se assumiu como uma das pedras basilares na estratégia de Simeone. Cumpriu 50 partidas e ainda registou cinco golos marcados. Esta época, depois de um começo um pouco periclitante, já voltou ao nível de 2017/18 e nesta altura é indiscutível no onze inicial.

Chegou ao Atlético depois de fugir de casa

Thomas teve uma infância pobre, mas o futebol sempre foi a sua grande paixão. “Comecei a jogar na minha pequena aldeia, na equipa do meu pai. Ele fez muitos sacrifícios por mim. Mais tarde vim a saber que teve de vender algumas das suas coisas para poder comprar as minhas primeiras botas de futebol”, confessou.

Quando aos 18 anos Thomas chegou ao Atlético de Madrid, fez a viagem desde o Gana no mais completo segredo. “O meu pai não estava em casa e ninguém na minha família sabia de nada. Iria ter muitos problemas se eles soubessem e possivelmente diriam que não me deixavam ir”, revelou.

Desastre ao volante

A 18 de dezembro, todos ficámos a saber que Thomas Partey não tem muito jeito para conduzir. Nesse dia, no âmbito da parceria entre o Atlético de Madrid e uma marca de automóveis, todos os jogadores do plantel principal receberam um carro novo. O evento decorreu no relvado do estádio Wanda Metropolitano.

Cada jogador tinha de conduzir o seu carro durante alguns metros. Thomas atrapalhou-se e demorou muito tempo até conseguir arrancar. O pior estava para vir. Virou para o relvado em vez de seguir em frente, como era suposto. Esteve a um triz de bater um painel publicitário.

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Artigo de
André Cruz Martins

09-02-2019



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