O jogo mais difícil de Thierry Henry rumo à glória no Mundial

O jogo mais difícil de Thierry Henry rumo à glória no Mundial

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O jogo mais difícil de Thierry Henry rumo à glória no Mundial

O melhor marcador de sempre da seleção francesa é hoje treinador-adjunto da Bélgica e vai enfrentar o seu país nas meias-finais do Campeonato do Mundo.

Artigo de André Cruz Martins

09-07-2018

Esta terça-feira não será certamente fácil para Thierry Henry, pois o treinador-adjunto da seleção belga vai decidir a passagem à final do Campeonato do Mundo diante da sua França, seleção em que ainda ostenta o estatuto de melhor marcador de sempre, com 51 golos em 123 internacionalizações.

Do outro lado, Henry terá Didier Deschamps, seu antigo colega de equipa no Campeonato do Mundo de 1998, o único que os “bleus” conseguiram vencer. “É bizarro tê-lo do outro lado da barricada, uma vez que ele é francês. No entanto, estou muito feliz pelo sucesso dele ao serviço da Bélgica”, garantiu o selecionador francês.

O lateral esquerdo dos “bleus” Lucas Hernández, possivelmente numa tentativa de desestabilizar o rival, não teve problemas em afirmar que “Henry ficará feliz se a França passar, pois antes de tudo, ele é francês”. Já o seu colega Giroud foi bem mais diplomático. “Preferia que ele estivesse do nosso lado”, confessou, enquanto destacou toda a admiração que tem pelo antigo avançado.

Mbappé é a nova versão de Henry

Na atual equipa francesa, uma das grandes estrelas é sem duvida Kylian Mbappé, cujo estilo de jogo é comparado a Henry e que, pode, quem sabe, ganhar o Mundial na sua primeira participação, tal como aconteceu com o antigo avançado do Arsenal. O próprio Deschamps concorda que Mbappé tem um estilo parecido com Henry. “Embora não goste de comparar jogadores de diferentes eras, sem dúvida que têm parecenças ao nível da velocidade e da habilidade para bater os defesas. Só posso desejar que o Kylian consiga construir a mesma carreira que o Thierry”, sublinhou.

Uma coisa é certa: o selecionador da Bélgica, Roberto Martinez, tem feito muitos elogios públicos ao trabalho efetuado pelo seu auxiliar. Henry foi de resto um pedido expresso de Martinez quando este chegou ao cargo, em agosto de 2016. “A qualidade de seu trabalho é impressionante e mantém o alto nível de exigência que o levou a ser um dos melhores jogadores do mundo. Para além de que, para um avançado, conversar com Henry sobre os seus movimentos é algo muito especial”, referiu, em entrevista ao site da FIFA, para justificar a sua escolha.

Há poucos dias, Roberto Martinez destacou o papel do seu adjunto na preparação do jogo com o Brasil, dos quartos de final. “Ele traz um ‘know-how’ importante, porque sabe o que significa para um jogador estar numa situação de ter que ganhar contra um adversário forte. É muito importante o que ele acrescenta ao grupo neste cenário”, sublinhou.

Henry ajudou ao crescimento de Lukaku

Henry retribuiu os elogios ao seu superior hierárquico. “É fabuloso ter a possibilidade de me desenvolver como treinador ao lado de alguém com a experiência de Roberto Martinez. E atenção, isto não é o ‘Thierry Henry show’, pois estou aqui para ajudar e sou apenas o terceiro treinador da seleção”, referiu.

Um dos grande beneficiados com a presença de Thiery Henry na equipa técnica da seleção belga tem sido Lukaku, o grande goleador dos “diabos vermelhos” neste Mundial, com quatro golos apontados e exibições portentosas, cujo maior exemplo terá ocorrido no encontro dos quartos de final, com o Brasil. Apesar de o considerar um grande ponta de lança, Henry achava que Lukaku se deixava abater com grande facilidade quando as coisas não lhe corriam bem e por isso começou a fazer um trabalho psicológico com ele.

“Quando marco golos, sou belga, mas quando falho, dizem que sou um belga de origem congolesa”, lamentou-se Lukaku, com Henry a dar-lhe força através do seu próprio exemplo, uma vez que também é negro, com pai nascido em Guadalupe e mãe na Martinica, o que não o impediu de ter o sucesso que se conhece como internacional francês. “Eu também sofria devido à minha origem, mas resolvi deixar as críticas de lado e fazer meu trabalho. É isso que tens de fazer dizer”, disse-lhe, como confessou em entrevista à “Sky Sports”.

Henry aconselhou ainda Lukaku a aproveitar o seu poderio físico com maior objetividade, procurando colocar-se entre os defesas centrais para cabecear ou rematar. Por outro lado, deveria passar a ter olhos para colegas eventualmente melhor colocados e não apenas para a baliza.

“É capaz de falar sobre a segunda divisão da Alemanha”

Obviamente que o trabalho com Henry está longe de ser a única razão para a grande melhoria de rendimento de Lukaku ao serviço dos “diabos vermelhos”, mas a verdade é que nos últimos 12 jogos, marcou 13 golos, sendo que nos primeiros 60, tinha apontado 28. E não é só o facto de marcar muitos mais golos, mas também o facto do seu envolvimento no jogo ofensivo da equipa ser hoje em dia muito maior.

Lukaku reconhece a grande ajuda que lhe tem sido prestada por Henry. “É fantástico poder estar junto desta lenda e aprender tudo com ele sobre a melhor forma de atacar os espaços, tal como ele costumava fazer”, diz, acrescentando que, graças a este trabalho conjunto, é hoje um ponta de lança mais eficaz e altruísta. “Marcar golos é a melhor coisa de sempre, mas também aprendi a gostar de fazer assistências. Estou a dar cada vez mais golos aos meus colegas e quero ser conhecido como um jogador total”, afirmou, revelando um pormenor curioso sobre o adjunto da Bélgica: “É uma das poucas pessoas que assiste a mais jogos de futebol do que eu. É capaz de falar sobre a segunda divisão da Alemanha”.

Salário doado a instituições de solidariedade

Thierry Henry aufere um salário de 50 mil euros como adjunto da seleção belga, mas levará zero para casa, de acordo com o site belga “HLN.be”. O treinador doará todo o dinheiro que recebe mensalmente a instituições de caridade, mostrando que não está no cargo pelo dinheiro, mas sim pela possibilidade de crescer como treinador ao lado de Roberto Martínez.

Entretanto, outros meios de comunicação social referiram que Henry não fica totalmente “a seco” e que retém todos os meses 8 mil euros desse bolo de 50 mil. Qual será a versão verdadeira não se sabe, pois nem o treinador nem a federação belga falaram alguma vez sobre este assunto.

Um jogo de 50 por cento para cada lado

A Bélgica enfrenta França esta terça-feira, a partir das 19h00 e o maior elogio que se pode fazer aos “diabos vermelhos” é o facto de entrarem em campo com uma dose de favoritismo semelhante ao rival. Para o justificar, basta olhar para a qualidade do seu futebol e para os números: desde que Roberto Martinez e Thierry Henry assumiram os respetivos cargos, a Bélgica só perdeu uma vez em 25 jogos (2-0 com a Espanha, precisamente na estreia), somando 19 vitórias e cinco empates. E neste Campeonato do Mundo, é a única equipa que venceu todos os jogos.

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André Cruz Martins

09-07-2018



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