Há jogadores que parecem ter tudo para chegar ao topo. São craques dos pés à cabeça, mas por vezes isso não é suficiente. Quando as estrelas não se alinham a seu favor, o destino pode ser matreiro e tirar aquilo que parecia ser algo certo. No futebol, em grande parte, são as lesões que condicionam as carreiras de muitos jogadores. Alguns resistem, mas nem sempre é possível.
Um excelente exemplo é o de Siem de Jong. Brilhou no Ajax de Frank de Boer, com a conquista de três títulos seguidos da primeira divisão holandesa (de Jong foi tetracampeão, se juntarmos o título ganho com Martin Jol na época anterior à chegada de Frank de Boer). Foi uma das principais figuras desses títulos, numa equipa em que despontaram vários outros talentos como Eriksen, Alderweireld ou Klassen.
Rumou então a Inglaterra, ao Newcastle, e foi por terras de sua majestade que tudo mudou. Num treino nos “magpies”, o jogador sofreu uma lesão aparatosa que quase o cegou. A história foi recordada pelo “The Guardian”, que conta que Steve McClaren estava num funeral quando recebeu a notícia.
“Outra vez o Siem?”
Depois de ligar o telemóvel, no fim da cerimónia fúnebre, o treinador tinha um sem número de mensagens a alertá-lo para que se apressasse até ao centro de treinos do clube.
“Houve um acidente bizarro no treino, parece ser grave”, disseram a Steve McClaren ao telefone. Ia o técnico perguntar o que se havia passado quando lhe ocorreu um pensamento: “Oh não, outra vez não. O que aconteceu desta vez ao Siem?”, perguntou imediatamente o então treinador do Newcastle.
O avançado holandês tinha chocado contra um colega e, na sequência, quase perdeu a visão totalmente num olho. Foram esses prognósticos iniciais dos médicos que, mais tarde, após uma longa recuperação, não se confirmaram.
A quase premonição de McClaren de que o acidente era com Siem de Jong, era resultado de vários problemas pulmonares que o jogador foi tendo ao longo da sua estadia em Inglaterra. De tal modo que, em duas épocas nos “magpies”, fez 26 jogos e apenas dois golos.
Regresso à Holanda
Seguiu-se um regresso à Holanda, desta vez para o PSV, grandes rivais do Ajax, para jogar ao lado do irmão, Luuk de Jong. O regresso foi aquém do esperado, embora tenha apresentado número algo interessantes: 23 jogos e 6 golos.
Foi então, no ano seguinte, na época passada, que o jogador, outrora comparado com Bergkamp, regressou à base, ao Ajax de Amesterdão. Mais uma vez, foi uma época que ficou muito aquém daquilo que o talento de Siem de Jong fazia prever no início da carreira. Em 24 jogos, marcou 7 golos.
Agora com 29 anos, o jogador holandês parece ter desistido da carreira ao mais alto nível, depois de ter assinado pelos australianos do Sydney FC, por empréstimo de uma boa época do Ajax.
Ainda vai a tempo de confirmar o talento que demonstrou no início da carreira?
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