Richarlison, o prodígio brasileiro que movimenta milhões e lesiona os próprios adeptos

Richarlison, o prodígio brasileiro que movimenta milhões e lesiona os próprios adeptos

Desporto

Richarlison, o prodígio brasileiro que movimenta milhões e lesiona os próprios adeptos

Brilhou com o treinador português no Watford FC, continua a fazê-lo no Everton e agora prepara a estreia na seleção brasileira.

Artigo de André Cruz Martins

11-09-2018

Richarlison é uma das grandes esperanças da “nova” seleção brasileira, na “ressaca” de mais uma fase final de uma grande competição para esquecer – eliminação nos quartos de final do último Campeonato do Mundo, aos pés da Bélgica. O extremo de 21 anos, que representa os ingleses do Everton, treinado pelo português Marco Silva, fez a sua estreia na “amarelinha” na passada sexta-feira, em jogo particular com os Estados Unidos, na sequência de um excelente início de temporada ao serviço dos “toffees”. Não fez parte da primeira convocatória, mas entretanto substituiu o lesionado Pedro e entrou aos 73 minutos nessa partida com os norte-americanos.

“Fiquei triste pelo Pedro, um grande amigo meu, mas quero agarrar esta chance. Não quero só vestir a camisa, quero buscar a titularidade”, sublinhou após a realização do primeiro treino pelo Brasil, não deixando de lamentar o azar do ponta de lança do Fluminense, seu antigo companheiro no clube carioca: ”O Pedro é um grande irmão. Quando chegou a convocação para ele, eu liguei na hora e dei-lhe os parabéns. Estava a ver o jogo quando ele se magoou e o meu coração doeu”.

Início auspicioso no Everton

Richarlison soma três golos em três jogos na Liga inglesa ao serviço do Everton, números surpreendentes para um extremo, ainda para mais se pensarmos que só marcou por cinco vezes na época transata, ao serviço do Watford, clube ao qual foi contratado por 44 milhões de euros. De resto, tem vindo sempre a subir nos seus quatro anos como profissional: começou no modesto América-MG, depois passou pelo Fluminense, estreou-se em Inglaterra no Watford FC e atualmente representa um dos clubes históricos da Velha Albion.

”As coisas têm acontecido muito rápido. Há três anos e meio estava no América-MG e agora estou em Inglaterra e na seleção. Só tenho a agradecer por esse momento. É maravilhoso ser uma cara nova. Vestir esta camisa é uma honra. Mas sou ‘quieto’, não apareço muito para as câmeras. Só quero jogar futebol”, garantiu.

Se Richarlison marcasse neste encontro com os Estados Unidos, a comemoração estava garantida, com a habitual dança do pombo. “Já prometi. Está todo o pessoal a pedir e por isso, se eu fizer golo vai haver dança do pombo”, revelou. Ainda não foi desta, mas certamente terá mais oportunidades no futuro.

A boa relação com Marco Silva

A chegada de Richarlison ao Everton não será naturalmente alheia ao facto do treinador dos “toffees” ser Marco Silva, que já o tinha orientado no Watford FC. De resto, o avançado não esconde que tem uma boa relação com o técnico. “Sempre joguei bem com Marco Silva. É um grande treinador e eu percebo-o. Quando preciso de alguma explicação, vou ao escritório dele, falamos e isso ajuda-me em campo”, refere.

A estreia na Liga inglesa não lhe poderia ter corrido melhor, tendo bisado no empate a duas bolas no terreno do Wolverhampton, num jogo em que os “toffees” jogaram toda a segunda parte reduzidos a dez elementos. No final da partida, Marco Silva deixou-lhe muitos elogios. “Não tenho dúvidas de que é um grande talento, e por isso fui buscá-lo ao Brasil e agora ao Watford. Tem 21 anos, mas muita atitude. Tem tudo para evoluir: talento, vontade e um bom físico. Mesmo quando não marca golos, trabalha muito para ajudar a equipa. Tenho a certeza de que os adeptos vão ter muito orgulho nele”, frisou.

Já é comparado a Cristiano Ronaldo

Em Inglaterra até já há quem o compare a Cristiano Ronaldo, mas Richarlison faz questão de separar as águas. “Fico contente com essa comparação, mas eu sou o Richarlison e ele é o Cristiano Ronaldo. É uma grande pessoa para ter como modelo, mas eu sou o Richarlison”, faz questão de referir

As primeiras semanas de Richarlison no Everton não foram sempre um mar de rosas. Na partida com o Bournemouth, foi expulso depois de encostar a cabeça em Adam Smith. Um gesto que foi reprovado por Marco Silva. “Foi infantil e é algo que não pode voltar a fazer. Isso é uma coisa que ele vai aprender rápido, mas assistimos a gestos destes constantemente durante os jogos”, afirmou.

Até provoca lesões nos próprios adeptos

Os golos de Richarlison têm feito as delícias dos adeptos do Everton, mas houve um que levou os festejos longe demais: Neil Harrison foi tão efusivo nas comemorações de um dos golos do brasileiro diante do Wolverhampton que deslocou o cotovelo esquerdo. Nas redes sociais, brincou com a situação: “Olha o que você fez comigo, Richarlison”. O Everton proporcionou um encontro entre o adepto e o jogador, que lhe entregou uma camisa autografada, o que valeu novo post de Neil: “Valeu cada centavo”.

Os dias conturbados no Fluminense

Em junho de 2017 Richarlison viveu dias difíceis no Fluminense. Queixou-se de estar a jogar lesionado, isto numa fase em que recebeu uma proposta milionária do Palmeiras. Na altura, escreveu um longo post nas redes sociais a abordar o assunto. “Recebi uma proposta praticamente irrecusável do Palmeiras. Por coincidência, a negociação veio a acontecer justamente na semana do confronto entre as duas equipas. É um facto que foi uma proposta que me balançou e me tentou muito. Acho que não existe mal nenhum nisso. É do ser humano, é natural. Era algo que mudaria a minha vida”, começou por escrever.

“Por outro lado, é sabido por todos no clube que venho jogando com um problema no tornozelo há algum tempo, tomando remédios para a dor, e ainda tenho uma lesão no cotovelo, que inclusive tenho precisado de uma proteção para poder jogar. Todo o burburinho e o facto de não estar 100% fisicamente me deixaram inseguro para entrar em campo. Por isso, conversei com os meus empresários e eles me orientaram a me abrir com o professor Abel [Abel Braga, antigo treinador do Belenenses e do Famalicão]. Foi isso que fiz e ele me entendeu. Ele disse-me que já foi jogador, sabe como são essas coisas e aceitou o meu pedido de não jogar contra o Palmeiras. Aos que dizem que sou pouco profissional, provavelmente não saibam das minhas condições físicas”, acrescentou..

O negócio acabou por não ir para a frente, algo que possivelmente o jogador não lamenta, pois poucas semanas depois assinava pelo Watford, que pagou 12,50 milhões de euros ao Fluminense.

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André Cruz Martins

11-09-2018



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