Pjanic, o pêndulo da Juventus já treinava livres diretos aos 7 anos

Pjanic, o pêndulo da Juventus já treinava livres diretos aos 7 anos

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Pjanic, o pêndulo da Juventus já treinava livres diretos aos 7 anos

Quando tinha um ano e meio, foi graças ao seu choro que o pai conseguiu sair da guerra da Bósnia. Começou a jogar no Luxemburgo, passou por França e pela AS Roma e hoje em dia é uma das grandes figuras da “vechia signora”.

Artigo de André Cruz Martins

07-12-2018

Ninguém duvida de que Cristiano Ronaldo detém o estatuto indiscutível de grande figura do atual plantel da Juventus. No entanto, há outro jogador que é absolutamente imprescindível para o treinador Massimo Allegri: o bósnio Miralem Pjanic, o pêndulo da equipa e por onde passa todo o jogo da “vechia signora”.

Esta sexta-feira, lá estará ele a impor ordem no meio campo da “Juve”, líder indiscutível do campeonato, na receção ao Inter Milão, terceiro classificado mas já a 11 pontos. Um jogo que terá certamente dois portugueses de início – João Cancelo e Cristiano Ronaldo, na Juventus – existindo ainda uma alta probabilidade de João Mário figurar no onze inicial dos visitantes.

O Juventus-Inter Milão é considerado o grande clássico do futebol italiano e coloca frente a frente os dois clubes com mais adeptos no país. Recebe por isso o nome de “derbi de Itália”.

Previsão acertada de Allegri

Massimo Allegri é sem dúvida um dos grandes responsáveis pela notável evolução de Pjanic, que era médio ofensivo quando chegou à Juventus no verão de 2016, proveniente da AS Roma. O técnico italiano via-o com mais jeito para a função de médio defensivo, com características semelhantes a Andrea Pirlo.

Poucos dias após a chegada de Pjanic ao clube, Allegri previu que este em breve seria um dos melhores médios defensivos do mundo. E não se enganou, com o futebolista a agradecer a ajuda que recebeu do seu técnico. “Levei algum tempo para me adaptar quando cheguei à Juventus, mas o treinador foi muito importante no processo. É alguém que sabe quando usar o ‘chicote’ e quando deve colocar o braço à tua volta e acalmar-te. É alguém que tem um relacionamento brilhante com os seus jogadores”, sublinhou recentemente.

Nem quer ouvir falar de propostas

Miralem Pjanic é um seguro de vida nesta Juventus. Sabe defender, é perito a lançar o ataque, gere o ritmo de jogo como poucos, é um dos melhores marcadores de livres do mundo e quase nunca se lesiona. Em duas épocas e meia ao serviço dos “bianconeri” apresenta números impressionantes, com 108 jogos e 18 golos.

As suas fantásticas exibições têm despertado o interesse dos maiores emblemas do futebol europeu e nos últimos meses foi associado a Manchester City, Chelsea, Real Madrid e FC Barcelona, entre outros. No verão, a Juventus terá recusado uma proposta de 60 milhões de euros do Real Madrid, de acordo com o “Tuttosport”.

O bósnio garante que está muito bem em Turim. “Tenho ouvido muitas coisas que não são verdade. A verdade é que estou muito confortável na Juventus e feliz pelo que temos conseguido enquanto equipa. Podem escrever e dizer o que quiserem”, atirou, em agosto último.

O choro que ajudou o pai

Pjanic nasceu em 1990, dois anos antes de eclodir a Guerra da Bósnia. Na altura, a sua família fugiu da guerra e procurou refúgio no Luxemburgo, onde o pai Fahrudin conciliava a vida de jogador com o trabalho numa fábrica. E, mesmo sem o saber, o pequeno Miralem teve um papel absolutamente decisivo.

O Fk Zvornik, o clube jugoslava onde o pai jogava, não o queria libertar, até que um dia a sua esposa foi falar com o presidente para o sensibilizar a facilitar a sua saída. Foi só depois do dirigente ouvir a criança de um ano e meio a chorar que acedeu e libertou Fahrudin.

Aos 7 anos já treinava livres

Com 7 anos, Pjanic começou a jogar num clube local, o FC Schifflange 95 e logo percebeu que tinha jeito para cobrar faltas. “Treinava quatro horas por dia e executava muitos livres diretos”, revelou em entrevista recente ao site da UEFA. Hoje em dia é considerado um dos melhores especialistas do futebol mundial nessa arte.

O seu talento chamou a atenção de clubes estrangeiros e aos 14 anos mudou-se para França, onde começou a representar o FC Metz. Aos 17 anos já era titular indiscutível da equipa principal e aos 18 transferiu-se para o Olympique Lyon, por 7,5 milhões de euros e por lá se manteve durante três temporadas e meia. Em agosto de 2011 a AS Roma pagou 11 milhões de euros pelo seu passe, mas só se mudou para os “giallorossi” em janeiro de 2012. Viveu quatro épocas e meia de glória nos romanos até se transferir para a Juventus no verão de 2016, por 32 milhões de euros, o valor da cláusula de rescisão.

É um traidor para os adeptos da AS Roma

Os adeptos da AS Roma não perdoaram a sua “traição”. Foram feitos cartazes com a inscrição “Judas”, houve camisolas com o seu nome rasgadas e foi alvo de inúmeras ofensas nas redes sociais. E até Francesco Totti, figura maior da AS Roma, o criticou. “Os jogadores modernos são como nómadas. Seguem o dinheiro e não o coração”, referiu.

Pjanic justificou a saída para a Juventus da seguinte forma: “Mudei-me para um clube acostumado a ganhar e eu quero sempre mais. Apresentaram-me um grande projeto, que fascinaria qualquer jogador. Vim para a ‘Juve’ porque quero ganhar troféus e não sou nenhum traidor”.

Totti também não ficou sem resposta. “Totti preferiu ficar na Roma a vida inteira, mas ele sabia que eu tinha de fazer o meu caminho. Vou sempre amar a AS Roma e lembrar-me de todas as alegrias e tristezas que lá vivi, mas era hora de sair “, sublinhou. E de facto, Pjanic tinha razão: foi bicampeão ao serviço da Juventus e parece a caminho do tri, face à evidente superioridade sobre os demais clubes italianos.

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André Cruz Martins

07-12-2018



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