Golos de Pires provam que velhos são os trapos

Golos de Pires provam que velhos são os trapos

Desporto

Golos de Pires provam que velhos são os trapos

Aos 37 anos e no seu jogo 200 pelo Portimonense, Pires alcançou o seu primeiro “hat-trick” na I Liga e continua a mostrar que está aí para as curvas.

Artigo de André Cruz Martins

04-04-2018

O veterano ponta de lança Pires é um homem em destaque no Portimonense. Marcou três golos na histórica reviravolta do passado fim de semana – os algarvios estiveram a perder por 0-3 com o Moreirense e acabaram a ganhar por 4-3 – e o seu primeiro golo foi o 500º do clube no escalão principal. Tudo isto no seu jogo 200 pelos algarvios (nos quais marcou 60 golos) e um dia antes de comemorar o seu 37º aniversário.

De resto, Pires é indiscutivelmente uma das grandes figuras na história do Portimonense, tendo já alcançado duas subidas de divisão, isto para além de ser o melhor marcador da história da II Liga, com 95 golos (nem todos alcançados pelos algarvios), contra 77 alcançados por Bock, jogador que se destacou ao serviço do Freamunde.

“Os feitos históricos deixam-nos sempre felizes, é uma enorme alegria ajudar o Portimonense a escrever páginas bonitas e isso tem sucedido muitas vezes nas últimas temporadas, graças ao excelente trabalho realizado por todos nesta casa”, referiu o avançado depois de ter conseguido o seu primeiro “hat-trick” na I Liga, que classificou como “momento mais alto da carreira, que só foi possível graças aos colegas de equipa”.

Aos 37 anos, Pires mostra que é possível brilhar numa equipa do escalão principal

Nesta partida épica, o goleador contou com um apoio muito especial nas bancadas. “Quando estava 3-0 acreditávamos que era possível dar a volta, até porque em casa temos sido fortes. Quero dedicar este triunfo e os meus golos aos meus pais, que vieram de França. Antes do jogo eles disseram-me para marcar golos”, revelou ao jornal “ A Bola”.

Pires marcou sete golos esta temporada (cinco no campeonato) e os números um pouco mais modestos justificam-se pelo facto de ter perdido o estatuto de titular na frente de ataque para Fabiano. No entanto, fez parte do onze de Vítor Oliveira nos últimos três jogos, aproveitando a lesão do brasileiro e a verdade é que tem justificado a aposta e colocando até a dúvida se o melhor marcador dos algarvios nesta I Liga, com 12 golos, voltará ao onze quando estiver recuperado.

Pires mostra que aos 37 anos é possível brilhar numa equipa do escalão principal. “Em Portugal dizem que com esta idade somos velhos, mas vejam o que estão a fazer outros jogadores, como o Edinho [ponta de lança do V. Setúbal, que marcou quatro golos na última jornada]. O que conta é o rendimento dentro do campo e eu trabalho para dar sempre mais”, sublinha.

E a verdade é que ninguém com a sua idade marca com esta regularidade na I Liga. O único que se aproxima é precisamente Edinho (9 golos na I Liga), mas tem 35 anos. E temos, evidentemente, o caso de Jonas, melhor marcador da competição, com 33 golos, mas menos três anos do que Pires.

Pires, minhoto de gema, começou a jogar futebol nas camadas jovens do Sp. Braga e em 2001/02 estreou-se como profissional, na equipa B dos arsenalistas, mas somando apenas 2 golos em 23 jogos, não melhorando nas duas épocas seguintes, quando só marcou um golo em 20 aparições e 2 em 19 partidas, respetivamente.

Em face deste rendimento muito modesto, não surpreendeu que o Sp. Braga o tenha deixado sair a custo zero, tendo assinado pelo Portosantense, onde começou a melhorar o seu registo, com 9 golos em 32 encontros na temporada de 2004/05. Depois de uma época para esquecer no Amares, voltou à Madeira, desta vez ao serviço do Pontassolense (8 golos em 23 jogos).

O avançado marcou 48 golos ao serviço do Portimonense

Em 2006/07 representou o Ribeirão, onde assinou uma das suas épocas mais profícua, com um total de 26 golos em 37 jogos. A mudança para o Vizela na temporada seguinte não correu de acordo com o esperado e só faturou em cinco ocasiões, até que chegou pela primeira vez ao Portimonense, onde em duas épocas marcou apenas 12 golos, ainda que dois tenham sido bastante mediáticos, pois foram obtidos diante do Sporting.

Recuperou a aura goleadora no Feirense e no Desportivo das Aves e, principalmente, no Moreirense, que competia na II Liga quando alcançou 26 golos em 2013/14 e conseguiu a subida de divisão, curiosamente sob orientação de Vítor Oliveira, o seu atual treinador. Seguiu-se uma experiência pouco feliz no Benfica de Luanda, com apenas 3 golos em 12 jogos, até que em janeiro de 2015 se “estabeleceu” no Portimonense, onde já marcou 48 golos desde essa altura e ascendeu ao estatuto de grande figura na história do clube.

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Artigo de
André Cruz Martins

04-04-2018



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