Pione Sisto, o refugiado que a Dinamarca salvou

Pione Sisto, o refugiado que a Dinamarca salvou

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Pione Sisto, o refugiado que a Dinamarca salvou

Os seus primeiros dias de vida foram passados num campo de refugiados no Uganda. Aos dois meses foi viver para a Dinamarca, naturalizou-se aos 19 anos e atualmente é uma das figuras dos nórdicos.

Artigo de André Cruz Martins

25-06-2018

Pione Sisto, o extremo rapidíssimo e tecnicista que tem brilhado ao serviço da Dinamarca neste Campeonato do Mundo, tem uma história de vida impressionante. Poucos dias depois de nascer, os seus pais, oriundos do Sudão do Sul, fugiram para Kampala, capital de Uganda, devido à guerra civil que durou mais de 20 anos no país. E por lá viveram algum tempo num campo de refugiados, conseguindo refúgio na Dinamarca quando Sisto tinha apenas dois meses.

À medida que foi crescendo, o pequeno Sisto mostrava jeito para a bola e aos 7 anos começou a jogar num pequeno clube, chamado Tjorring. Aos 15 anos chegou ao Midtjylland, que tinha (e tem) a fama de ser melhores escolas de formação da Escandinávia e com apenas 17 anos, estreou-se na equipa profissional. Foi preciso esperar apenas dois anos para que fosse eleito o melhor jogador do campeonato dinamarquês e por incrível que pareça, foi só por esta altura que a Federação dinamarquesa reparou nas suas qualidades e lhe perguntou se gostaria de se naturalizar dinamarquês, de modo a jogar pela equipa nacional, o que foi aceite.

“Eu sinto-me dinamarquês e falo dinamarquês, mas foi-me muito difícil reconhecer-me como tal. Mas foi graças ao futebol que consegui sentir felicidade em momentos em que a situação da minha família era muito difícil”, referiu o avançado, como justificação por ter aceite jogar pelos escandinavos.

Marcou dois golos ao Manchester United

Apesar de viver na Dinamarca desde os dois meses, o processo demorou dois anos até ficar concluído e Sisto foi de imediato convocado para a seleção de sub-21. No ano seguinte esteve presente no Europeu da categoria e ainda em 2015, somou a primeira internacionalização A. Até ao momento, tem 15 jogos e um golo pela equipa principal dos escandinavos.

No dia em que concedeu a sua primeira conferência de imprensa ao serviço dos sub-21 dinamarqueses, teve uma surpresa muito especial: os pais invadiram a sala de imprensa e fizeram um ritual de boa sorte, típico da região onde nasceram, de modo a que o filho nunca se esquecesse das suas origens.

As boas exibições protagonizadas no Midtjylland despertaram o interesse de clubes de grandes Ligas, especialmente depois dos dois golos que marcou nos 16 avos de final da Liga Europa, diante do Manchester United, um dos quais absolutamente fantástico, na histórica vitória por 2-1, na Dinamarca. Em Old Trafford, foi igualmente o autor do golo da sua equipa, na derrota por 5-1.

Pione Sisto tem Lionel Messi como ídolo e o sonho de jogar pelo FC Barcelona

No início da temporada de 2016/17 mudou-se para os espanhóis do Celta de Vigo, por 6 milhões de euros, na transferência mais cara da história do clube dinamarquês. E a verdade é que não teve qualquer dificuldade de adaptação à competitiva Liga espanhola, tendo totalizado 85 jogos e 11 golos nas duas últimas épocas. Em 2015, a imprensa dinamarquesa avançara que o FC Porto apresentou uma proposta de 4 milhões de euros ao Midtjylland, que foi insuficiente para o trazer para Portugal.

Pione Sisto tem Lionel Messi como grande ídolo e o sonho de jogar pelo FC Barcelona, o clube pelo qual torce desde sempre. Se continuar a evoluir como até aqui, quem sabe se não terá um lugar reservado em Camp Nou daqui a uns tempos.

No entanto, para já, toda a sua concentração deverá estar apontada para o jogo desta terça-feira com a França (15h00), da última jornada da fase de grupos do Mundial. Até agora, foi titular nos dois jogos da competição, tendo sido substituído aos 67 minutos na vitória por 1-0 diante do Peru e sido totalista no empate (1-1) com a Austrália. Um empate basta aos nórdicos para seguirem para os oitavos de final, diante de uma equipa que já conseguiu a qualificação e que por isso poderá apresentar um onze com jogadores menos utilizados. De qualquer forma, mesmo em caso de derrota, a Dinamarca seguirá em frente se a Austrália não ganhar ao Peru.

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Artigo de
André Cruz Martins

25-06-2018



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