Óscar Cardozo, de golo em golo até à reforma

Óscar Cardozo, de golo em golo até à reforma

Desporto

Óscar Cardozo, de golo em golo até à reforma

Aos 35 anos, o antigo ponta de lança do Benfica é o melhor marcador do campeonato paraguaio e atravessa um dos melhores períodos da sua carreira.

Artigo de André Cruz Martins

28-11-2018

A idade parece não passar por Óscar Cardozo, que aos 35 anos continua a ser um goleador temível. O antigo ponta de lança do Benfica encontra-se atualmente ao serviço do Libertad, terceiro classificado do campeonato paraguaio (Torneio Clausura), sendo o melhor marcador da prova, com 14 golos em 20 jornadas. E faturou por cinco vezes nos três últimos encontros e por oito ocasiões nos anteriores seis.

Quem está a pensar que Cardozo só tem marcado com esta cadência porque o campeonato paraguaio não é muito competitivo deverá mudar de ideias quando for informado de que o veterano avançado apontou cinco golos nas seis partidas da Copa dos Libertadores que disputou esta temporada.

Regresso depois de má experiência na Grécia

Foi no verão de 2017 que o “Tacuara” assinou pelo seu atual clube, regressando ao país de origem 11 anos depois de ter saído do Nacional, rumo aos argentinos do Newell’s Old Boys. As coisas estão a correr-lhe da melhor forma e soma 35 golos em 67 partidas, sendo que no ano civil de 2018 fez 27 em 47 partidas.

Esta excelente experiência no Paraguai segue-se a uma desoladora passagem pelos gregos do Olympiacos, em que marcou apenas três golos em 34 partidas na época de 2016/17. Nas duas temporadas anteriores a essa, tinha representado o Trabzonspor, pelo qual fez 27 golos em 66 jogos. Recorde-se que os turcos pagaram apenas 4 milhões de euros ao Benfica, num dos negócios mais criticados na gestão de Luís Filipe Vieira como presidente dos encarnados.

Melhor marcador estrangeiro do Benfica

Foi ao serviço do Benfica que Óscar Cardozo viveu os melhores anos da carreira. Contratado ao Newell’s Old Boys em julho de 2007 por 9,1 milhões de euros, respeitantes a 80 por cento do passe, passou na altura a ser a segunda contratação mais cara da história das águias, só atrás de Simão Sabrosa, que em 2001 custou 13 milhões. Entretanto, posteriormente, os encarnados compraram a totalidade do seu passe e o valor total do negócio atingiu os 11,7 milhões de euros.

O começo não foi fácil e nos primeiros dez jogos no Benfica só apontou dois golos. No entanto, a partir do final de outubro de 2007 começou a faturar com regularidade e terminou essa primeira temporada com um total de 22 golos em 45 encontros.

Acabou por passar sete épocas no Benfica, tendo sido duas vezes campeão nacional e ainda hoje detém o estatuto de melhor marcador estrangeiro na história do clube, com 172 tiros certeiros.

Os melhores momentos e a canção especial

No final de outubro, o “Tacuara” concedeu uma entrevista ao site oficial do Benfica em que relembrou a excelente passagem pela Luz, isto a propósito dos 15 anos do estádio dos encarnados. “Podíamos estar a falar durante uma hora sobre os bons momentos que vivi no estádio com a camisola do Benfica. E mesmo assim seria pouco tempo. Foram golos, muitos golos e foi tudo muito especial”, realçou.

Cardozo escolheu o jogo com o Rio Ave de 9 de maio de 2010, em que o Benfica se sagrou campeão nacional, ao bater o Rio Ave na última jornada, por 2-1, como o seu melhor momento no Benfica. “Foi muito especial, pois marquei os dois golos na partida em que conseguimos o título nacional”, referiu. O paraguaio recordou ainda “aqueles três golos ao Sporting na Taça de Portugal, em que o Benfica ganhou por 4-3 após prolongamento”.

Oscar Cardozo tem possivelmente a mais conhecida canção personalizada criada pelos adeptos do Benfica. “Tenham cuidado, ele é perigoso, ele é o Óscar ‘Tacuara’ Cardozo”, rezava a letra. O paraguaio não se esqueceu. “Ficava arrepiado com os adeptos quando eles cantavam a minha canção.

A polémica com Jorge Jesus

Nem tudo foram rosas na passagem de Óscar Cardozo pelo Benfica. O momento mais crítico aconteceu após a final da Taça de Portugal perdida para o V. Guimarães, em maio de 2013, quando os minhotos eram, curiosamente, orientados por Rui Vitória. Após a partida, ainda no relvado, o ponta de lança empurrou o seu próprio treinador, Jorge Jesus, enquanto lhe gritava, com o dedo indicador da mão direita apontado. De cabeça perdida, dirigiu-se ainda aos berros ao seu colega André Almeida, parecendo igualmente responsabilizá-lo pela derrota.

Na conferência de imprensa pós-jogo, Jesus disse que o ponta de lança acabou por se desculpar por esta atitude: “O Cardozo estava de cabeça perdida, como todos nós. Tive de lhe dizer que quando se perde, perdemos todos. Depois disso o Óscar acabou por pedir desculpa aos colegas”, revelou.

Contra as expetativas de muitos, quer Jesus quer Cardozo continuaram no Benfica na época seguinte, que acabou por ser muito positiva, com a conquista das três provas domésticas. Ainda assim, essa foi, de longe, a pior temporada do ponta de lança ao serviço dos encarnados, com apenas 11 golos marcados.

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Artigo de
André Cruz Martins

28-11-2018



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