Os momentos mais quentes da “guerra fria” entre Ronaldo e Mourinho

Os momentos mais quentes da “guerra fria” entre Ronaldo e Mourinho

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Os momentos mais quentes da “guerra fria” entre Ronaldo e Mourinho

Jogador e treinador voltam a encontrar-se esta terça-feira, no Manchester United-Juventus. Lembramos exemplos que demonstram a relação difícil entre ambos.

Artigo de André Cruz Martins

21-10-2018

Esta terça-feira a Juventus defronta o Manchester United em Old Trafford, numa noite de reencontros para Cristiano Ronaldo. Ao serviço dos “red devils”, o português conquistou uma Liga dos Campeões (2007/08), três ligas inglesas (2006/07, 2007/08 e 2008/09) e uma supertaça inglesa (2007). O primeiro e certamente mais emocionante reencontro será com os adeptos do Manchester United, que tanto o apoiaram aquando da sua passagem pelo clube, entre 2003 e 2009.

Por outro lado, o jogador português irá rever José Mourinho, seu antigo treinador no Real Madrid entre 2010 e 2013, mas neste caso possivelmente sem grandes motivos para festejos, devido à relação conturbada entre ambos e que ficou marcada por várias polémicas.

As cenas quentes da ex de CR7. Veja o vídeo:

Relembre-se que CR7 esteve em sérios riscos de falhar a partida desta terça-feira, depois de ter sido expulso no jogo com o Valência. A UEFA muito raramente pune situações de agressão com menos do que dois jogos de suspensão, mas neste caso ficou-se por uma partida de castigo, o que terá sido o reconhecimento de que o cartão vermelho foi manifestamente exagerado.

Ainda vai regressar como jogador?

Cristiano Ronaldo deixou muitas saudades no Manchester United e desde a sua saída falou-se várias vezes num eventual regresso ao clube inglês como jogador. No verão de 2013, David Gill, na altura CEO dos “red devils”, esteve em Espanha para tentar contratá-lo ao Real Madrid, mas recebeu como resposta que o camisola 7 era inegociável.

Em setembro de 2014, alguns adeptos do Manchester United pagaram à volta de 1000 euros para colocar um avião com a mensagem “Come home Ronaldo – United Reel”, a assinatura do clube de fãs dos “red devils”, mensagem que passou no El Madrigal, durante o Málaga CF-Real Madrid. CR7 olhou para o céu, percebeu a mensagem, mas não pareceu ligar muito.

Mourinho não o quis

Em 2017, depois de novas notícias que davam conta do possível regresso do atacante, José Mourinho, que na altura já treinava os ingleses, disse que esse cenário era impossível, pois o Real Madrid não o deixaria sair.

E no último verão, o jornal ‘Daily Mirror’ revelou que José Mourinho terá pedido à direção do Manchester United para não avançar para a contratação de Cristiano Ronaldo, por considerar que os valores envolvidos na operação não faziam sentido. Isto apesar do vice presidente Ed ­Woodward até estar alegadamente disposto a cometer uma loucura.

O treinador português quereria aplicar esse dinheiro no reforço do setor defensivo, o que acabou por não acontecer, deixando-o à beira de um ataque de nervos. Mourinho desmentiu ter vetado Cristiano. “Ele nunca esteve na lista de reforços e o seu nome nunca esteve em cima da mesa para eu dizer sim ou não”, referiu. A verdade é que CR7 acabou na Juventus, que não se mostrou incomodada por pagar 117 milhões de euros por um jogador de 33 anos e meio.

O abraço roubado

A verdade é que ao longo dos anos, a relação entre José Mourinho e Cristiano Ronaldo foi apimentada por episódios polémicos. O primeiro que se conheceu publicamente ocorreu em fevereiro de 2012. O português tinha prometido a Rui Faria, adjunto de Mourinho no Real Madrid, que lhe iria dedicar os golos se conseguisse um “hat-trick” diante do Levante. Depois de ter marcado o terceiro golo, correu na direção do banco para abraçar Rui Faria, quando de repente José Mourinho lhe apareceu pela frente e foi ele quem o abraçou. Externamente, ficou uma imagem de união, mas Ronaldo não terá gostado. Observe esse momento caricato ao 1m17s do vídeo abaixo.

Críticas ao jogo defensivo e castigo

Alguns meses depois, no final da partida com o FC Barcelona, a contar para as meias finais da Liga dos Campeões, CR7 disse que não gostou da forma muito defensiva como a equipa tinha jogado. Como castigo, ficou no banco no encontro seguinte, com o Real Saragoça.

De acordo com o site “Goal”, Jorge Mendes, agente de ambos, não gostou que Cristiano Ronaldo tivesse ido ao banco e conversou com o treinador, tendo-lhe feito ver que não era bom que o internacional português voltasse a não ser titular, a não ser que fosse por questões físicas. Por esta altura, Mourinho alegadamente já só dava instruções ao craque luso através dos seus adjuntos.

Mourinho queria mais empenho de CR7

Entretanto, o técnico não terá gostado da atitude de CR7 num jogo com a Real Sociedad e no fim do jogo terá dito, em pleno balneário: “Tens de correr mais e de ser mais solidário com os teus companheiros”.

Quase chegaram a vias de facto

O episódio mais grave entre estas duas grandes figuras do futebol português foi relatado pelo jornalista Guillem Balague no seu livro “Cristiano Ronaldo: A biografia”. Conta que os dois quase chegaram a vias de facto no balneário em janeiro de 2013, depois de um jogo com o Valência, a contar para a Taça do Rei. Com o Real Madrid a vencer por 2-0, Mourinho pediu a Ronaldo para recuar e ajudar a defender e pouco depois repreendeu-o, após ele ter feito um lançamento lateral de forma rápida, com Özil a não conseguir controlar a bola, dando origem a um contra-ataque do Valência.

No balneário, já mais calmo, Mourinho terá dito “ai se eles tivessem mercado um golo naquele lance”, o que terá levado CR7 a responder da seguinte forma: “Depois de tudo o que fiz por ti, é assim que me tratas? Como te atreves a falar comigo assim?”. Ao que Mourinho, numa atitude mais apaziguadora, terá respondido: “Estava a dizer isso para o bem da equipa porque precisávamos de ti atrás”.

O verdadeiro Ronaldo

Foi em agosto de 2013, três meses depois de ter deixado o Real Madrid, que José Mourinho mostrou que, de facto, tinha problemas com Cristiano Ronaldo. “Eu treinei grandes jogadores. Por exemplo, o verdadeiro Ronaldo, não este”, referiu. O avançado português respondeu: “Há coisas que nem merecem comentários, mas posso dizer que sempre mostrei respeito pelos meus treinadores. Já estou habituado a pessoas que falam mal de mim, mas como se costuma dizer em Portugal, não cuspo no prato em que comi”.

Nem na vitória no Euro houve tréguas

E nem no dia em que a Seleção Nacional obteve a maior vitória da sua história os dois deram tréguas, com o treinador, mais uma vez, a iniciar as hostilidades. “A contribuição de Ronaldo nos últimos minutos da final do Euro não foi nada”, afirmou, com o futebolista a não se ficar: “Uma recordação rápida”, foram estas as palavras publicadas pelo jogador no Twitter, acompanhadas de uma foto com Pepe, Bruno Alves e José Fonte com a taça da competição.

Relações normalizadas?

Alguns anos mais tarde, já como treinador do Manchester United, José Mourinho confessou em entrevista ao jornal “A Bola” que Ronaldo foi o jogador mais profissional que treinou. E Cristiano Ronaldo também entrou nesta onda pacificadora. “Voltar a ser treinado por Mourinho? Porque não? Não guardo rancor. Somos profissionais e trabalharia com ele novamente”, garantiu.

No entanto, em agosto último houve nova “farpa” do técnico na direção do seu ex-jogador quando defendeu: “O Real Madrid está mais fraco sem Cristiano Ronaldo? Nenhum jogador é maior do que o Real Madrid”.

A ver vamos como será o reencontro de ambos no relvado de Old Trafford na noite desta terça-feira e se o cumprimento público – a existir – será frio ou efusivo.

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21-10-2018



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