Os 3 verões quentes que mudaram a história de Sporting, Benfica e Porto

Desde que um grupo de adeptos encapuzados invadiu a Academia de Alcochete para agredir jogadores que o Sporting vive um dos momentos mais conturbados da história. Além da saída do treinador Jorge Jesus, que fez saber ter uma cláusula de confidencialidade que o impede de falar sobre o clube, seis jogadores avançaram para a rescisão com justa causa.

Aos capitães Rui Patrício e William Carvalho juntaram-se Bas Dost, Bruno Fernandes, Gelson Martins e Daniel Podence na saída conflituosa com o clube. Que também ficou sem departamento clínico. A poucos dias do início da nova época o clube ainda não tem treinador e é expectável que mais jogadores possam avançar para a rescisão com justa causa.

Grandes figuras do universo Sportinguista pedem a demissão do presidente e enquanto Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral, tenta marcar uma Assembleia-Geral para destituir o presidente dos leões, Bruno de Carvalho deixa a promessa de demissão caso os jogadores que avançaram para as rescisões recuem nessa intenção, assumindo que continuam no clube caso o presidente venha a vencer um futuro ato eleitoral. Só estes ingredientes são suficientes para que o Sporting seja o protagonista daquele que ficará conhecido como o verão quente de 2018. Mas a verdade é que finais de época problemáticos não são exclusivos dos leões.

Sporting “rouba” jogadores ao Benfica

Do outro lado da Segunda Circular também já existiu um verão quente. Foi em 1993 que o Benfica viveu um dos momentos mais conturbados da história. Nessa altura, o clube atravessava uma grave crise financeira e Paulo Sousa e Pacheco avançaram para rescisões com justa causa, alegando ordenados em atraso. Pior do que isto, os dois jogadores foram contratados pelo Sporting, então presidido por Sousa Cintra que chegou a dizer não ter feito mais do que a sua obrigação pois os jogadores estavam disponíveis para assinar.

Relatos da época dão conta de que Paulo Sousa chegou mesmo a estar escondido na casa de um sportinguista. João Vieira Pinto também foi aliciado a mudar-se para o rival, mas acabou por permanecer na Luz. Conta-se ainda que Rui Costa também terá sido convidado a seguir o mesmo caminho de Paulo Sousa e Pacheco. Situação que poderá levar a uma retaliação de Luís Filipe Vieira nesta altura pois o presidente do Benfica já fez saber que poderá contratar jogadores que rescindam contrato com os leões.

“Este ano vou fazer uma pequena loucura que se calhar não devia fazer. Mas vou fazer. Não interessa se é o Bruno, se é o António ou o Joaquim. Há 25 anos brincaram connosco”, disse Luís Filipe Vieira na última Assembleia-Geral do Benfica e quando circulam rumores de que Gelson Martins e Bruno Fernandes podem vir a trocar o Sporting pelo Benfica.

Jogadores do FC Porto recusam treinar

E os verões quentes não são exclusivos do Sul. Também o FC Porto viveu um final de época complicado em 1980. O clube perdeu o tricampeonato para o Sporting e Jorge Nuno Pinto da Costa, na altura diretor do departamento de futebol, e o treinador José Maria Pedroto criticaram o poder dos clubes de Lisboa. Quem não gostou foi Américo de Sá, presidente dos dragões.

O presidente demitiu Pinto da Costa e a confusão instalou-se. Na sequência do despedimento, Pedroto e 15 jogadores recusaram voltar aos treinos, ficando ao lado de Pinto da Costa. O grupo chegou mesmo a emitir um comunicado onde o destaque ia para palavras como “honra” e “grandeza”. Este grupo deu início a uma pré-época coletiva, longe do clube e António Oliveira acabou por sair para o Penafiel, tendo indo para o Sporting na época seguinte. Octávio Machado regressa ao Vitória de Setúbal e Gomes muda-se para Espanha. Em duas épocas o clube ganha apenas uma Supertaça e em Abril de 1982, Pinto da Costa ganha as eleições e tudo mudou na história dos azuis e brancos.