Agora sim, já não há dúvidas. Aleksandar Mitrovic confirma-se como um dos melhores pontas de lança da atualidade. O sérvio de 24 anos tem sido um dos grandes destaques do campeonato inglês, brilhando ao serviço do Fulham, equipa da qual é o melhor marcador, e foi graças a ele que Claudio Ranieri se estreou no banco do emblema londrino com uma vitória.
Depois de sete derrotas consecutivas, o Fulham trocou de treinador e contratou Claudio Ranieri. No jogo de estreia do italiano como novo responsável pela equipa, os londrinos receberam e venceram o Southampton por 3-2, com dois dos golos a serem apontados pelo avançado Mitrovic.
Os elogios têm chovido de todos os lados e já surgiram várias notícias dando conta do grande interesse do Chelsea nos seus serviços, como o substituto que o clube nunca encontrou para Diego Costa, que deixou de ser opção nos “blues” no final da época de 2016/17 e em janeiro do ano passado regressou ao Atlético de Madrid. Alegadamente, Maurizio Sarri, treinador dos “blues”, não está satisfeito com o rendimento de Morata e Giroud, os seus dois principais homens de área, e vê em Mitrovic o futebolista indicado para lhes dar luta.
“Robocop” e rapaz problemático
Para além de sempre ter sido um rapaz robusto – já confessou que é viciado em ginásio – cedo se destacou pelas traquinices e, mais tarde, por comportamentos desviantes, que deram cabo da paciência dos progenitores. “O meu pai disse-me que eu seria um criminoso ou um kickboxer. Certa ocasião, houve uns 100 miúdos que atiraram pedras a um comboio antes de mim, mas a minha pedra entrou pela janela e acertou no condutor. Não restou outra opção ao meu pai senão bater-me”, contou em entrevista ao “The Telegraph”.
Na mesma entrevista, justificou o facto de não conseguir passar sem o ginásio. “O meu corpo é a minha arma e tenho de mantê-lo em forma. Preciso de me sentir forte, pois não sou rápido e habilidoso como o Sterling. Gosto de ir ao ginásio, aliás, preciso de ir ao ginásio, até nos dias de folga”, referiu.
Queria vir para o Benfica e descartou o Sporting
Em junho de 2015, quando representava o Anderlecht, foi dado como muito próximo do Benfica e falou praticamente como jogador dos encarnados. “É um dos maiores clubes europeus e será um prazer e uma honra se eu puder jogar pelo Benfica. Joguei uma vez contra o Benfica em Lisboa e vi como o clube era enorme e com muitos adeptos. Tem uma história muito grande”, afirmou, na altura com 21 anos, em declarações à Rádio Renascença.
Na altura, foi igualmente noticiado o interesse do Sporting, mas o sérvio não teve dúvidas em descartar os leões. “informei-me sobre o Benfica em conversas com o Markovic e o Matic que me disseram maravilhas sobre o clube. Escolhi o Benfica, quero muito jogar aí. O Sporting? Benfica é um dos maiores clubes na Europa e, sem dúvida, muito maior do que o Sporting”, defendeu. Entretanto, o FC Porto também se terá “metido ao barulho” e tentou contratar o atacante, mas nenhum dos três grandes portugueses teve sucesso.
Pouco feliz no Newcastle
Afinal de contas, o seu destino foi a fria cidade de Newcastle e não a solarenga Lisboa ou a amena cidade do Porto. Possivelmente o clima nada teve a ver, mas a adaptação não foi fácil e o seu rendimento deixou muito a desejar – apenas 17 golos em duas temporadas e meia e muitas críticas dos adeptos, até porque não foi propriamente barato, tendo custado 18,50 milhões de euros.
Começaram a colocar-se algumas dúvidas acerca do seu crescimento. Será que estávamos mesmo na presença de um ponta de lança excecional? Em janeiro de 2018, desceu um degrau, ao ser emprestado ao Fulham, do segundo escalão. Em Londres, as coisas melhoraram a olhos vistos (12 golos em 20 partidas, ou seja, quase tantos como nas duas temporadas e meia anteriores) e o Fulham não teve dúvidas em dar 20 milhões de euros pela sua aquisição no último verão. Certamente os seus responsáveis não estão arrependidos, a avaliar pelo seu magnífico desempenho nos últimos meses.
Também Rafael Benítez, treinador do Newcastle FC, garante não estar arrependido de ter dado permissão para a saída do ponta de lança. “Há jogadores que se dão bem em determinado ambiente e clube e não tão bem noutros clubes. Temos de tomar decisões e sabíamos bem o que precisávamos e só temos de seguir em frente. Temos é de continuar com Ayoze Perez, Joselu, Yoshinori Mutuo e Rondon e mais nada”, realçou.
Cartões e mais cartões
E como se auto-define o jovem avançado sérvio? “Sou um clássico ponta de lança, sempre presente na área e com bom jogo de cabeça. Inspiro-me em Drogba e Diego Costa, porque fazem golos, mas também defendem correm e jogam de forma apaixonada e para a equipa”, diz. E faz questão de agradecer ao treinador dos “cottagers”, Slavisa Jokanovic. “Em Inglaterra, só aqui [no Fulham] é que passei a sentir-me realmente confortável no sistema de jogo utilizado. Os meus companheiros de equipa conhecem os meus pontos fortes e tentam usá-los da melhor maneira que podem. Como resultado, tenho feito muitos golos”, destaca.
Como já vimos, Mitrovic é um jogador que usa o seu físico para marcar golos e ganhar a luta aos defesas contrários, mas por vezes também abusa, tendo tendência para entrar em confusões. Vê cartões com frequência e ao fim de 30 segundos na estreia pelo Newcastle FC estava a ser amarelado. E já foi sete vezes expulso em jogos oficiais, número exagerado para um ponta de lança. Ao longo da carreira, perdeu 21 partidas devido a castigos.
Em junho de 2018, com apenas 23 anos, tornou-se no melhor marcador da história da seleção A da Sérvia, depois de fazer um “hat-trick” no jogo com a Bolívia. Nesse dia, chegou aos 18 e ultrapassou Zigic, que tinha conseguido 16.
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