Militão e Felipe na senda de Ricardo Gomes e Mozer

Militão e Felipe na senda de Ricardo Gomes e Mozer

Desporto

Militão e Felipe na senda de Ricardo Gomes e Mozer

Portistas são apenas a segunda dupla de centrais do mesmo clube português a fazer dupla numa seleção estrangeira.

Artigo de André Cruz Martins

17-09-2018

A dupla de centrais da seleção brasileira que terminou o jogo particular com El Salvador, disputado na semana passada, foi constituída pelos portistas Éder Militão e Felipe. Em toda a história, esta é apenas a segunda vez que dois centrais do mesmo clube português fazem dupla no centro da defesa de uma seleção estrangeira.

A outra foi constituída pelos benfiquistas Ricardo Gomes e Mozer, igualmente ao serviço da “amarelinha”, algo que conseguiram em várias ocasiões. Curiosamente, esta foi a estreia dos dois portistas pela seleção brasileira. Militão foi titular, enquanto Felipe foi lançado na segunda parte, no lugar de Dedé.

O selecionador brasileiro Tite elogiou a exibição de ambos. “Eles jogam juntos no FC Porto [apenas o fizeram na partida diante do Moreirense, que marcou a estreia de Militão] e estiveram bem. E como atuam juntos no clube, optei por deslocar o Marquinhos para lateral”, justificou. Recorde-se que foi Tite que lançou Felipe no Corinthians, em 2012, embora nunca lhe tenha dado o estatuto de titular nesse ano e no seguinte, mas apenas em 2015/16, aquando de uma segunda passagem que teve pelo clube.

Percurso distinto até à seleção

Éder Militão e Felipe tiveram um percurso bastante diferente até fazerem a estreia pelo Brasil. O primeiro, de apenas 20 anos, foi titular na última época e meia no São Paulo FC e sempre foi muito elogiado, com a generalidade dos órgãos de comunicação social brasileiros a não terem grandes dúvidas de que mais tarde ou mais cedo seria um indiscutível na seleção.

Já a história de Felipe é bem diferente, tendo chegado a ser muito criticado pela imprensa e adeptos. “Não tive uma boa formação de base e por isso foi no Corinthians, com 22 e 23 anos, que fiz essa formação. Foi um exercício de muita paciência e aceitei muito bem isso. Precisava ouvir e aprender, e fiz tudo que me pediram. Sou a prova viva de que o treino pode mudar um jogador, porque nos meus dois primeiros anos no Corinthians quase não jogava, só treinava”, afirmou, em entrevista à ESPN Brasil.

A melhor dupla de sempre?

Muitos dos que os viram jogar consideram a dupla formada por Ricardo Gomes e Mozer como a melhor da história do Benfica e até do futebol português. Ricardo era bem mais elegante, alguém que ganhava quase todos os lances sem recorrer à falta e com uma capacidade goleadora impressionante (28 golos em jogos oficiais em quatro épocas no Benfica). Carlos Mozer era muito mais impetuoso e intimidava os adversários pela forma como lhes mordia os calcanhares, enquanto lhes segredava aos ouvidos insultos impublicáveis. Mas a esse lado menos positivo juntava uma colocação no terreno e velocidade impressionantes, bem como um jogo de cabeça insuperável.

Falharam o Mundial de 1994

Ricardo Gomes cumpriu 44 internacionalizações pelo Brasil e Mozer 32, tendo alinhado várias vezes juntos como titulares, embora sem grandes resultados. Curiosamente, tinham grandes hipóteses de ser a dupla titular no Campeonato do Mundo de 1994, que terminou com a conquista do título por parte do Brasil, mas ambos falharam a competição: Mozer por lhe ter sido diagnosticada uma hepatite e Ricardo devido a uma lesão muscular.

Por pouco não houve uma terceira dupla de jogadores do mesmo clube português titulares na seleção brasileira, formada por Aldair e Ricardo Gomes. Esses dois futebolistas alinharam no centro da defesa do seu país na Copa América de 1989, dias antes de Aldair se mudar para o Benfica. A experiência deste no clube da Luz durou apenas uma época e nesse curto período de tempo não voltou a fazer dupla com Ricardo Gomes pela “amarelinha”.

Dupla para Gelsenkirchen

Depois da estreia de Éder Militão e Felipe a jogarem juntos no FC Porto – Moreirense, seguiu-se o tal primeiro jogo pela seleção brasileira e agora vai seguir-se novo grande momento: a primeira vez que farão dupla na Liga dos Campeões, o que sucederá esta terça-feira, em Gelsenkirchen, diante do Schalke 04.

E logo num estádio marcante para qualquer portista, pois foi nesse local que o clube conquistou a sua segunda Liga dos Campeões, numa final com o AS Mónaco (vitória por 3-0). No entanto, os azuis e brancos que se cuidem, pois nas duas outras ocasiões em que encontraram o Schalke 04 nas competições europeias, ficaram pelo caminho, em 1976/77, na Taça UEFA e em 2007/08, na Liga dos Campeões, neste último caso no desempate por grandes penalidades.

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Siga o ParaEles no Instagram
Instagram @paraelesofficial

Artigo de
André Cruz Martins

17-09-2018



RELACIONADOS