Maurízio Sarri, do bom futebol às polémicas e ao fim da seca de títulos

Maurízio Sarri, do bom futebol às polémicas e ao fim da seca de títulos

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Maurízio Sarri, do bom futebol às polémicas e ao fim da seca de títulos

Uma carreira marcada por bom futebol, polémicas e ausência de títulos, mas essa “seca” terminou com a conquista da Liga Europa ao serviço do Chelsea.

Artigo de André Cruz Martins

30-05-2019

O Chelsea conquistou a Liga Europa pela segunda vez, depois de bater na final o Arsenal, por 4-1. Os londrinos, que ficaram em 4º lugar no campeonato, fecham assim a época com uma importante conquista, numa altura em que não é certo a continuidade de Maurizio Sarri no comando técnico dos “blues” para 2019/2020.

Sarri, de 60 anos, é treinador há 25, sempre em clubes italianos. Subiu a pulso, com muitas épocas a treinar formações de escalões secundários e só em 2014/15 se estreou na Série A, ao serviço do Empoli, clube que ele próprio conduzira ao escalão principal. O 15º lugar nessa temporada de estreia entre os maiores até nem foi um grande cartão de visita, mas o bom futebol jogado pelo Empoli granjeou-lhe admiradores e o convite do SSC Nápoles.

Em três temporadas nos napolitanos foi duas vezes vice-campeão (2015/16 e 2017/18) e ficou em terceiro lugar em 2016/17, apresentando um futebol de posse e pressão alta. Para muitos, a sua equipa era a que mais espetáculo dava em Itália. Foi em Inglaterra que o italiano conquistou o primeiro troféu da carreira, agora que venceu a Liga Europa.

Como passar sem tabaco?

Em Inglaterra, as leis anti-tabagismo são muito rigorosas, ao contrário do que acontece em Itália, onde Sarri, um inveterado fumador, até tinha áreas exclusivas para si construídas onde podia satisfazer o vício. No jogo com o Newcastle FC, Sarri chegou a colocar um cigarro na boca, mas não o acendeu e na partida com o Huddersfield, colocou na boca um pedaço da parte final do cigarro, onde fica o filtro, e começou a mascar.

bDe acordo com o jornal “The Sun”, o técnico nem sequer pode fumar no intervalo dos jogos, pois terá sido proibido por Roman Abramovich, proprietário do Chelsea. Sarri foi uma vez definido pelo seu antigo jogador Dries Mertens como “uma chaminé que fuma quatro a cinco maços de cigarros por dia”. O fato de sofrer de insónias também contribui para que não consiga deixar o vício.

Soube que ia sair pela TV

Apesar de não ter conquistado qualquer título, Maurizio Sarri deixou saudades entre os adeptos do SSC Nápoles. Recentemente, em entrevista ao jornal “Il Mattino”, o treinador lamentou a forma como foi informado da sua saída do clube italiano. “Soube que já não era o técnico do Nápoles pela televisão. Estava com algumas dúvidas se devia permanecer ou ir para o Chelsea, mas tinha uma cláusula no contrato que me permitia sair. Não fui respeitado no timing, mas agora espero que Ancelotti [o seu substituto] consiga aquilo que eu estive perto de conseguir [o título de campeão italiano].” Não conseguiu e até deu menos luta à Juventus, do que acontecia com o Nápoles de Sarri.

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Aurelio De Laurentiis, presidente do SSC Nápoles, deixou algumas críticas ao seu ex-treinador. “Tivemos o prazer de jogar bom futebol com Sarri, mas a verdade é que lhe demos tudo e em três anos ele não ganhou nada”. Efetivamente, era a falta de troféus a grande pedra no sapato do técnico: nem um para amostra em 25 anos de carreira, embora seja verdade que a grande maioria das equipas tinha objetivos modestos. Ainda assim conseguiu ganhar dois troféus individuais: o de melhor treinador da Série B de Itália em 2013/14 e da Série A em 2015/16.

O “manguito” e a resposta torta

Sarri tem uma carreira marcada por algumas polémicas. Em abril de 2018, quando mostrou o dedo do meio no autocarro do SSC Nápoles, à chegada ao estádio da Juventus. “Limitei-me a responder a um grupo de pessoas que cuspiram para cima do autocarro e nos insultaram, unicamente por sermos napolitanos. Nunca teria feito um gesto semelhante para alguém só por se tratar de um adepto da Juventus”, garantiu, acrescentando: “A maioria dos adeptos da Juventus são fantásticos. Fiz isto apenas por causa daqueles que nos cuspiram e insultaram por sermos do Nápoles”.

Já em Março do mesmo ano, respondeu desta forma a uma jornalista: “És mulher e és bonita. Não te mando à m… por esses dois motivos”. Tudo depois de ter sido questionado sobre a posição do SSC Nápoles na luta pelo título. A jornalista acabou por revelar ter recebido um pedido de desculpas do técnico.

Chamou “bicha” a Roberto Mancini

Foi em janeiro de 2016 que ocorreu a maior polémica envolvendo Maurizio Sarri, na sequência de um desentendimento com o seu colega Roberto Mancini, num Inter Milão-SSC Nápoles. “Sarri deveria ser banido do futebol. Levantei-me do banco para questionar os cinco minutos de desconto e ele chamou-me de ‘frouxo’ e ‘bicha’. É vergonhoso um homem de 60 anos agir desta forma”, considerou.

“Encontrei-o nos balneários e ele pediu-me desculpa, mas deveria ter vergonha. Alguém que se comportasse desta maneira em Inglaterra nem poderia ter acesso ao banco dos suplentes”, acrescentou o irado Roberto Mancini. “Se de facto usei essas palavras, peço desculpa à comunidade gay. Tive e tenho amigos homossexuais e não sou homofóbico. Disse-lhe a primeira coisa que me veio à cabeça”, justificou Sarri.

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Artigo de
André Cruz Martins

30-05-2019



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