Existem datas que não se esquecem. Para Marcelo Ríos, 30 de março de 1998 é uma delas. Foi nessa altura que o então tenista chileno chegou ao lugar que todos desejam: número um do ranking ATP. Marcelo Ríos, hoje com 44 anos, fica para a história como o primeiro tenista sul-americano a atingir esse lugar, sendo também o primeiro número um que nunca venceu um Grand Slam, os quatro torneios mais importantes da modalidade.
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Além do talento para a modalidade, Marcelo Ríos também ficou conhecido por nunca deixar nada por dizer. E se era assim enquanto jogava, ainda mais agora. O chileno decidiu abrir o livro e disparar em todas as direções. Centrando as suas duras críticas na Associação de Tenistas Profissionais, que acusa de ser dirigida por “gringos”.
Um dos alvos das palavras de Marcelo Ríos é Andre Agassi, um dos adversários mais fortes que enfrentou ao longo da carreira. “Apanharam o Agassi quatro vezes [com doping] e esconderam porque era o Agassi e o ténis estava na merda. O ATP é a maior merda que existe. Só gringos”, refere em conversa com o jornal La Tercera.
“Apanharam o Agassi quatro vezes [com doping] e esconderam porque era o Agassi e o ténis estava na merda”
Segue-se o favorecimento a Pete Sampras. “O Masters era sempre indoor e em piso rápido para o Sampras ganhar. Eu e o [Sergi] Bruguera pedimos que o Masters fosse numa superfície diferente todos os anos”, explica. “Fisicamente quebrei aos 26 anos f***-me de tanto correr. Eu não media 1,90 metros, tinha de jogar cinco sets, saltando sobre o cimento durante três meses. Este é o único desporto que muda de superfície quatro vezes por ano”, critica.
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Marcelo Ríos diz ainda não perceber por que não são alteradas algumas regras do ténis. “Não entendo por que motivo há dois serviços no ténis. É como sair duas vezes no golfe. É absurdo. Alguém inventou isto, é vantajoso para quem mede 2,14 metros”, conta. Por fim, explicou que os elogios que ouviu de Roger Federer, tenista que disse que o chinelo foi dos melhores que viu competir, sabem melhor que alguns prémios.
“Ouvi-lo [Federer] elogiar-me é mais relevante do que entrar na porcaria do Hall of Fame”
“Ouvi as palavras de Federer e fiquei muito feliz. É alguém que é perfeito. É o tenista perfeito. Podia estar em casa no sofá há 10 anos, mas continua a jogar e a ganhar. Ouvi-lo elogiar-me é mais relevante do que entrar na porcaria do Hall of Fame. É o Hall of Federer, bem mais importante. Receber um elogio dele faz-me sentir que valeu a pena ser jogador do ténis”, conclui.
O chileno terminou a carreira com 391 vitórias e 192 derrotas. Um dos seus maiores feitos passou pela conquista de cinco Masters Series. Profissional desde 1994, Marcelo Ríos pendurou a raqueta em 2004. Ao longo da carreira amealhou quase nove milhões de euros em prémios de jogo.
Fotos: Reuters