Luka Modric, de “flop” no Real Madrid a candidato à Bola de Ouro

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Luka Modric, de “flop” no Real Madrid a candidato à Bola de Ouro

Médio tem sido a grande figura numa Croácia que está a um pequeno passe de fazer história. Ele e Kovacic, ou então Varane, um deles vai ser o primeiro jogador a ganhar Mundial de Clubes e de seleções e ainda a Liga dos Campeões, tudo isto na mesma época desportiva.

Artigo de André Cruz Martins

13-07-2018

Luka Modric pode estar prestes a fazer história a dobrar neste domingo, na final do Campeonato do Mundo, entre Croácia e França: por um lado, está à beira de liderar a sua seleção à conquista da primeira grande competição a nível de seleções; por outro, em caso de vitória, pode ganhar na mesma época desportiva o Campeonato do Mundo, Liga/Taça dos Clubes Campeões Europeus e Mundial de Clubes/Taça Intercontinental.

Os outros jogadores que estão a um pequeno passo de conseguirem este feito são os seus companheiros de equipa no Real Madrid Mateo Kovacic e Varane, o primeiro seu colega na seleção croata e o segundo integrante da equipa francesa.

Em dezembro último, os três conquistaram o Mundial de Clubes ao serviço do Real Madrid, depois de derrotarem na final o Grémio de Porto Alegre, por 1-0. Em maio, foi a vez da vitória na Liga dos Campeões, na final diante do FC Liverpool e este domingo, poderão chegar à tão ansiada conquista do Mundial de seleções.

Um triplete nunca alcançado por ninguém, mas Khedira esteve perto

Nunca esta tripla vitória na mesma época desportiva aconteceu até aos dias de hoje. O alemão Sami Khedira esteve quase, mas os seus triunfos nestas três competições aconteceram em duas épocas desportivas: a Liga dos Campeões e o Campeonato do Mundo em 2013/14 e o Mundial de Clubes em dezembro de 2014, ou seja, na temporada de 2014/15.

Se nos referirmos apenas à conquista da Taça/Liga dos Campeões e Mundial na mesma época, já houve dez jogadores que o conseguiram: Khedira (Real Madrid e Alemanha, 2013/14), Roberto Carlos (Real Madrid e Brasil, 2001/02), Karembeu (Real Madrid e França, 1997/98) e os seguintes alemães, todos ao serviço do Bayern Munique e da seleção germânica, em 1973/74: Franz Beckenbauer, Gerd Muller, Paul Breitner, Sepp Maier, Uli Hoeness, Hans-Georg Schwarzenbeck e Jupp Kapellmann.

Luka Modric tem estado a um nível altíssimo neste Campeonato do Mundo, mostrando toda a sua mestria na organização do jogo ofensivo da sua seleção, isto para além de uma capacidade de passe fantástica. E para quem, com razão, o acusa de marcar poucos golos (fez apenas 13 em seis temporadas no Real Madrid) nada pode reclamar neste Campeonato do Mundo, em que já acertou por duas vezes na baliza adversária.

Acusado de perjúrio, pode ir parar à prisão

No entanto, nem tudo têm sido notícias agradáveis para o craque croata, que tem visto o seu nome envolvido no caso Zdravko Mamic, um antigo dirigente do Dínamo de Zagreb, que em junho foi condenado a seis anos e meio de prisão por corrupção e desvio de dinheiro em transferências de jogadores, entre elas a de Modric. O médio explicou em tribunal que assinou um acordo com Mamic em 2004, prometendo metade dos lucros de uma eventual transferência futura.

No entanto, em 2015, disse que esse anexo foi assinado de forma retroativa quando já estava a jogar pelo Tottenham. Entretanto, de acordo com alguns órgãos de comunicação social croatas, o médio poderá mesmo ser preso depois do Campeonato do Mundo devido ao facto de ter mudado a sua versão. Em março, foi indiciado pela Justiça croata por falso testemunho.

A sua frase dizendo que “não se lembrava” dos detalhes desse acordo com Mamic foi muito criticada no país e colocou-o muito mal visto aos olhos de muitos dos seus compatriotas. Como seria de esperar, o assunto viria à baila na primeira conferência de imprensa que Modric protagonizasse na Rússia, o que aconteceu na antevisão da partida com a Nigéria. E ele não foi nada meigo na resposta. “Não tinha nada mais inteligente para perguntar? [dirigindo-se ao jornalista]. Estamos no Campeonato do Mundo e este não é momento para falar de outros assuntos”, sublinhou.

É forte candidato à Bola de Ouro

Conhecendo Luka e a sua personalidade, penso que ele irá superar esta situação e vai estar no seu nível”, enteviu Zlatko Dalic, selecionador da Croácia, a poucos dias do início do Mundial. E a verdade é que assim aconteceu: tem sido quase unanimemente considerado a grande figura da sua equipa e, para muitos analistas, tem mesmo sido o melhor jogador deste Mundial.

Já foi considerado o “homem do jogo” pela FIFA em três ocasiões e há quem já comece a fazer contas à conquista da Bola de Ouro, interrompendo um reinado de dez anos em que Cristiano Ronaldo e Lionel Messi dividiram o prémio. No entanto, para que isso seja uma forte possibilidade, será necessário que a Croácia bata a França na final deste domingo.

Foi “flop” no Real Madrid de Mourinho

Longe vão os tempos em que Modric teve dificuldades em mostrar o seu real valor no Real Madrid, sob o comando de José Mourinho. Contratado pelos “merengues” ao Tottenham depois do Euro 2012, por 40 milhões de euros, não rendeu o esperado na primeira época em Espanha e foi votado como a pior aquisição dessa edição do campeonato espanhol, numa sondagem realizada pelo jornal “Marca”, em que recolheu 32,2 % dos votos.

Hoje em dia, a relação entre o treinador português e o médio croata parece perfeita e de acordo com alguns órgãos de comunicação social ingleses o jogador é o “bufo” sobre questões internas do plantel do Real Madrid junto do “Special One”, nomeadamente acerca da situação de Gareth Bale, alegadamente um dos alvos do Manchester United para este verão. E o próprio Modric chegou a ser um dos desejos de Mourinho para a nova época, que já parece ter desistido depois da etiqueta de “inegociável” que lhe foi colocada pelo Real Madrid.

Final é para ganhar

Luka Modric reconhece que na final deste domingo a Croácia terá pela frente o adversário mais complicado da competição, mas assegura que a Croácia tem condições para ganhar. “É histórico e emocionante estar na final e não poderíamos estar mais orgulhosos. No entanto, não queremos ficar por aqui e desejamos mais, mesmo sabendo que vamos ter pela frente a equipa mais difícil de todo o Mundial”, refere.

Nos três encontros da fase a eliminar do torneio, os croatas tiveram de jogar prolongamento e o esforço despendido tem tido os seus custos. No tempo extra do desafio das meias-finais, foram visíveis as dificuldades físicas de Modric. “Tínhamos de dar tudo para chegar à final. Fizemos isso e conseguimos o objetivo. Estamos orgulhosos da nossa segunda parte e do prolongamento [a Croácia esteve em desvantagem]. Aliás, até pareceu que melhorámos à medida que o jogo foi avançando. Graças a Deus, desta vez não chágamos aos penáltis”, sublinha.

E mostra-se despreocupado pelo facto de ser apontado como um dos mais fortes candidatos à Bola de Ouro: “Não me preocupo com isso, pois o mais importante é o êxito da Croácia. Vamos ser uns guerreiros e deixar tudo em campo para conquistar o título”.

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André Cruz Martins

13-07-2018



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