E se o jogo tivesse 23 minutos de descontos?

E se o jogo tivesse 23 minutos de descontos?

Desporto

E se o jogo tivesse 23 minutos de descontos?

Os descontos estão na ordem do dia. E acredita que aquilo que aconteceu no jogo do Sporting não é caso isolado no futebol.

Artigo de Bruno Seruca

20-02-2018

A Liga NOS está ao rubro. Benfica e Sporting estão a apenas dois pontos de distância do Porto numa altura em que faltam apenas 11 jogos para acabar o campeonato. Sendo que os «dragões» ainda têm de disputar 45 minutos contra o Estoril, num jogo que estavam a perder ao intervalo e que foi interrompido por questões de segurança. Estão reunidos os ingredientes para que cada jogo seja uma verdadeira final. Onde não tem faltado a polémica. A mais recente envolve o Sporting, que ontem (19) derrotou o Tondela num jogo marcado pelos descontos dados pelo árbitro João Capela.

 

E se o jogo tivesse 23 minutos de descontos?
João Capela foi o árbitro do polémico Tondela – Sporting

 

Numa altura em que o resultado assinalava um empate a um golo, João Capela decidiu dar 4 minutos de desconto. Quando faltavam 20 segundos para que esse tempo se esgotasse, um jogador do Tondela ficou caído no relvado na sequência de um lance com William Carvalho. O jogo acabou por estar interrompido cerca de dois minutos. Quando o encontro foi reatado, a equipa da casa esperava que se jogassem apenas mais alguns segundos. Acabaram por se jogar mais três minutos e foi nessa altura que os «leões» chegaram à vitória.

 

«O árbitro avisou todos que ia haver mais três minutos de jogo! Avisou toda a gente!», diz Jorge Jesus.

 

No final do encontro, Jorge Jesus revelou que todos sabiam que o desconto teria um período adicional ao previamente assinalado. «O árbitro avisou todos que ia haver mais três minutos de jogo! Avisou toda a gente! Eu ouvi do banco e os jogadores dentro do campo ouviram todos. O Tondela só se pode queixar de não ter aguentado o resultado. Custa, eu também já sofri golos assim», disse o treinador. Que não ficou sem resposta do treinador adjunto do Tondela. «Se calhar só ele é que ouviu isso. Na reunião prévia ao jogo reforçou-se a necessidade de o jogo ser jogado e arbitrado por homens. Devia haver mais respeito no que se diz. Só ele é que ouviu isso», disse José Sá. «Quem gosta de futebol sente-se defraudado. O prolongamento foi demasiado extenso. (…) As duas equipas ofereceram um bom espetáculo, mas mesmos os sportinguistas sentem-se envergonhados com esta vitória alcançada por poderes extraterrestres», acrescentou.

 

«90` + 4` (4` x 2`) + 1 hora + 1 dia + 1 semana + 1 mês + 1 ano + 1 década + 1 século… E se com isto não chegar: o trunfo `infinito´», reagiu Iker Casillas.

 

Até Iker Casillas, guarda-redes do Porto, aproveitou as redes sociais para apimentar ainda mais a polémica. «90` + 4` (4` x 2`) + 1 hora + 1 dia + 1 semana + 1 mês + 1 ano + 1 década + 1 século… E se com isto não chegar: o trunfo `infinito´», escreveu na rede social Twitter. Também o Benfica não deixou passar a polémica em claro. «Uma das maiores vergonhas de todos os tempos por parte do ex-chefe de equipa de Hernâni Fernandes – o especialista em arbitragem de Alvalade. Histórico tempo de compensação, penalty sobre Murillo transformado em amarelo e perdão de expulsão de William Carvalho. Não há vergonha!», partilhou o clube, igualmente no Twitter. Situações que não ficaram sem resposta por parte de clube de Alvalade, que também recorreu às redes sociais para partilhar uma imagem onde é dado destaque a dois jogos – um do Porto e outro do Benfica – em que o tempo de desconto também foi prolongado.

O polémica em torno dos descontos levou-nos a entrar no baú das memórias futebolísticas para encontrar jogos em que o tempo de compensação tenha sido pouco comum e prolongado. E a memória vem o jogo disputado entre os ingleses do Bristol City e do Brenford, na época 2000/01. Só na primeira parte o encontro contou com aproximadamente 23 minutos de descontos. Tudo porque um jogador partiu uma perna e outro deslocou um ombro, desmaiando com dores. Existiram dois golos no período de desconto e uma lesão.

 

Jogo inglês teve 23 minutos de desconto. O mais longo da história durou 3h23m.

 

Fica também a saber que o jogo mais longo da história durou três horas e 23 minutos. Tendo acabado empatado e estamos a falar de um jogo oficial. Foi a 30 de março de 1946, na final da Taça da Liga da III Divisão Inglesa. O Stockport County, campeão da zona Oeste, e o Doncaster Rovers, campeão da zona Este. Ainda não existiam grandes penalidades e os prolongamentos só tinham períodos de dez minutos. No final deste tempo, jogava-se até alguém marcar. O jogo teimou em ficar empatado e só foi interrompido quando a luz natural já não era suficiente. Conta-se que algumas pessoas foram para casa, acabando por voltar ao perceber que o jogo ainda não tinha terminado. O árbitro atirou a moeda ao ar para decidir onde seria disputada a finalíssima. Nesse jogo venceu o Doncaster. E só precisou de 90 minutos para marcar quatro golos.

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Artigo de
Bruno Seruca

20-02-2018



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