João Félix, uma mistura de Rui Costa e João Pinto com traços de Cruyff

João Félix, uma mistura de Rui Costa e João Pinto com traços de Cruyff

Desporto

João Félix, uma mistura de Rui Costa e João Pinto com traços de Cruyff

Em conversa com o paraeles, António Simões e César Peixoto desfazem-se em elogios à nova pérola do Benfica.

Artigo de André Cruz Martins

06-02-2019

João Félix é o jogador do momento no futebol português. O melhor em campo no último Sporting-Benfica tem deslumbrado desde que Bruno Lage assumiu o cargo de treinador do Benfica. Foi com o novo técnico que o jovem de 19 anos assumiu a titularidade. Fez parte do onze inicial nos sete jogos sob o seu comando, com cinco golos apontados e duas assistências.

Olhando para trás, não deixa de causar estranheza como é que um futebolista tão talentoso foi praticamente ignorado por Rui Vitória. Só apostou nele como titular em dois jogos do campeonato, numa partida da Taça da Liga e no jogo com o AEK da Liga dos Campeões, em que já tudo estava decidido. Ao todo, esta temporada, soma oito golos e três assistências em 21 partidas.

Já se fala que o Real Madrid está “louco” por João Félix. E poderá “atacá-lo” em breve. Por outro lado, a nova estrela do futebol português começa a ser comparado com grandes nomes do passado. Analogias que parecem fazer sentido, pelo menos a avaliar pelas opiniões que recolhemos junto da “lenda” do Benfica António Simões e de César Peixoto, antigo futebolista dos encarnados e atual comentador da RTP.

“Tenho um novo motivo para ver o Benfica”

António Simões, possivelmente a maior figura viva do Benfica, não esconde a satisfação pela afirmação do jovem de 19 anos. “Tenho um novo motivo para ver os jogos do Benfica e chama-se João Félix. Estou contentíssimo por um talento destes ter aparecido no futebol português. E claro que a satisfação é a dobrar por isto ocorrer no meu clube”, começa por referir.

O antigo campeão europeu pelo Benfica diz que o camisola 79 dos encarnados “tem a ousadia dos grandes jogadores, que se expressa na relação íntima que tem com a bola”. Por outro lado, “é já muito adulto, apesar de muito jovem, percebendo-se que é um pensador com potencial fantástico”.

Cuidado com os elogios

Ainda assim, António Simões refere que “é sempre necessário prudência para não exagerar nas apreciações, não fazendo dele um rei que ainda não é. Mas sem dúvida que estamos na presença de um príncipe que pode perfeitamente chegar a rei”, antecipa.

O antigo extremo-esquerdo sublinha a necessidade de haver alguém na estrutura do Benfica “com a preocupação de o manter sempre equilibrado. Sem deslumbramentos precoces com os elogios e com a perfeita noção de que ainda tem que evoluir muito”.

No entanto, para já, “o melhor que todos têm a fazer é desfrutar de um talento fantástico, mesmo aqueles que têm outra simpatia clubista que não o Benfica”.

João Félix faz lembrar Cruyff

Questionado se João Félix lhe faz lembrar algum grande jogador do presente ou do passado, Simões soltou de imediato o nome de um dos maiores mitos da história do futebol. “Johan Cruyff! Tem a mesma elegância e forma de jogar, mas volto a dizer, não lhe comecem a chamar rei porque ele ainda é só um príncipe”, destaca.

Na sua opinião, Félix “não precisa de corrigir nada no seu jogo, mas tem de continuar a ser ensinado” e faz um pedido especial a quem trabalha com ele. “Muito mais do que treinar, ele precisa de ser ensinado. Estamos em presença de alguém que possui uma inteligência específica do jogo. Por favor, não lhe travem essa inteligência específica”, realça.

Como não poderia deixar de ser, quisemos saber como se encontra o “Magriço” depois da agressão de que foi alvo em Cabo Verde e que o levou a passar alguns dias no hospital. “Felizmente, estou a recuperar muito bem”, revelou.

“Vai ser de topo mundial”

César Peixoto também se desfaz em elogios à nova pérola do Benfica. “Sem dúvida que se trata de um jogador diferente dos demais. Tem muita qualidade para a idade e impressiona pela maturidade. Destaca-se ainda pela inteligência tática e capacidade de chegar a momentos de finalização”, começa por referir.

O antigo futebolista do Benfica sublinha que Félix “já dispõe da capacidade de perceber o que a equipa precisa a cada momento. Se há de aparecer numa posição central, para permitir que a sua equipa ganhe superioridade numérica nessa zona do campo, ou se há de descair para as alas”. César Peixoto destaca ainda “a sua velocidade de raciocínio”. E por todas estas qualidades tem “quase a certeza que ele será um futebolista de topo mundial”.

“Mistura de Rui Costa com João Pinto”

César Peixoto faz uma curiosa comparação com dois grandes nomes do Benfica e do futebol português. “Por um lado, o João Félix faz lembrar o João Vieira Pinto, pela forma como surge em zonas de finalização e como ataca a bola de cabeça, seja ao primeiro ou ao segundo poste”, revela.

“Também me faz lembrar um pouco o Rui Costa. Devido à sua qualidade individual e à forma como trata a bola, embora na minha opinião seja mais objetivo e um jogador mais moderno do que o Rui Costa. Mas sim, pode dizer-se que é uma mistura entre João Pinto e Rui Costa. Mas sempre dando um cunho pessoal, pois tem características próprias”, realça.

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Artigo de
André Cruz Martins

06-02-2019



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