jaime faria no australian open

Jaime Faria, da sova de humildade no ténis ao entrar para a história frente a Djokovic

Desporto

Jaime Faria, da sova de humildade no ténis ao entrar para a história frente a Djokovic

Jaime Faria, tenista que festeja à Gyökeres, faz o que nenhum português tinha conseguido frente a Novak Djokovic.

Artigo de Bruno Seruca

15-01-2025

Jaime Faria é o homem do momento. O jovem tenista português, de apenas 21 anos, defrontou o “monstro” do ténis, Novak Djokovic, na segunda ronda do Australian Open. O sérvio, que tenta a 11ª conquista no torneio, necessitou de três horas de partida para derrotar aquele que é o segundo melhor português do ranking ATP e o 125.º do mundo. Apesar de ter perdido, Jaime Faria entra para a história.

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Rega dispara durante jogo de ténis

O jovem atleta conseguiu a proeza de ganhar um set a Djokovic. Algo que nenhum português tinha conseguido até hoje. Aliás, a prestação de Jaime Faria mereceu mesmo vários elogios da lenda da modalidade. “Nas sábias palavras do Sr. Daniil Medvedev, se a geração futura jogar desta forma terá tudo. Dinheiro, raparigas, casino”, começa por dizer Djokovic no final da partida. “Ele [Faria] estava a jogar ténis intensamente no final do 2.º, início do 3.º, tive de aguentar. Praticamente, serviu dois primeiros serviços em toda a partida. Um sujeito grande e muito jovem, com 21 anos. Eu disse-lhe na rede que o futuro é risonho e ele deve continuar”, termina.

Quem é Jaime Faria?

Jaime Faria é uma das grandes promessas do ténis português. O tenista já tinha dado que falar recentemente ao festejar com o gesto que imita a máscara com que Viktor Gyökeres celebra os golos que marca ao serviço do Sporting. O que fez com que até recebesse uma mensagem do goleador sueco.

A ligação de Jaime Faria ao ténis começa aos cinco anos. Foi nesta altura que o seu pai, Nuno, curador de museus, levou o filho a ver um evento no qual participavam antigas estrelas do ténis, como é o caso de John McEnroe, Mats Wilander e Marcelo Rios. “Eu, o meu irmão e todas as crianças ficávamos num lugar dedicado às crianças. No primeiro dia, dissemos ‘Queremos ver os jogos, não queremos ficar aqui’. Queríamos ver os jogos, dissemos que iríamos comportar-nos e desfrutámos das lendas a jogar. Foi incrível. Depois pedi ao meu pai para jogar ténis”, conta à ATP.

“Sempre tive a sensação de que queria jogar ténis, mas nunca acreditei, porque nunca fui o melhor da minha idade, nem estava entre os três ou quatro primeiros. Só comecei a vencer alguns atletas melhores quando tinha 16 anos. Sempre tive na minha cabeça que queria jogar e ir para a faculdade, aproveitar essa experiência, estudar. Sempre coloquei os estudos à frente do ténis. A determinada altura, aos 16 anos, isso mudou”, acrescenta.

“Entretanto já levei mais uma sova de humildade do ténis”

Aos 18 anos tinha planos para se aventurar no ténis universitário norte-americano, mas foi convencido por Rui Machado a iniciar a carreira profissional. Já em 2024 passou por uma fase mais complicada. “Entretanto já levei mais uma sova de humildade do ténis. Tive ali uma fase em que saí do rumo que queria ter. Foi mais inconsciente… bom, foi consciente senão teria levado mais tempo a recuperar. Depois de Wimbledon, perdi um bocadinho o rumo que estava a ter, a humildade no trabalho, não foi fácil. Tive ali três, quatro meses sempre a perder nas primeiras rondas, apesar de não estar a jogar mal nos treinos. Sinto que não foi a melhor fase, acabei bem a época, voltei a meter os cavalos todos. Lá está, houve a recompensa do meu trabalho, consegui acabar bem a época, com um título e uma final e colocar-me como cabeça de série na Austrália, aqui no qualifying, que me deu mais chances de me qualificar para o quadro. Isto é tudo um bocado assim”, conta à Renascença.

De volta ao rumo certo, Jaime Faria somou 20 vitórias consecutivas e quatro títulos de Future. Que se juntam aos Challengers de Oeiras e Curitiba, no Brasil. Assim, o tenista português a quem apontam o serviço como arma mais forte, conseguiu subir 300 posições no ranking ATP em apenas um ano.

Fotos: Reuters

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Artigo de
Bruno Seruca

15-01-2025



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