Jadon Sancho, o “jogador de rua” que Inglaterra nunca teve

Jadon Sancho, o “jogador de rua” que Inglaterra nunca teve

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Jadon Sancho, o “jogador de rua” que Inglaterra nunca teve

Apelidado de novo Neymar, tem apenas 18 anos, é o futebolista com mais assistências dos principais campeonatos europeus e acaba de ser convocado pela a seleção principal do seu país.

Artigo de André Cruz Martins

12-10-2018

Apenas 18 anos, 1,80 metros de altura e um talento natural impressionante. Jadon Sancho, extremo esquerdo inglês que tem espalhado magia nos relvados da Bundesliga, ao serviço do Borussia Dortmund, é considerado o jogador-revelação do campeonato alemão. Há poucos dias, estreou-se nos convocados da seleção A inglesa.

O mais incrível é que Sancho precisou de apenas 214 minutos, divididos em sete jogos, para ser o futebolista com mais assistências não só da Bundesliga, como de todos os principais campeonatos europeus – sete no total (marcou ainda um golo). E só foi titular na última partida, diante do FC Augsburgo, tendo sido suplente utilizado nos outros seis encontros. É óbvia a sua enorme influência na magnífica campanha do líder Borussia de Dortmund, que já tem quatro pontos de avanço sobre o favorito Bayern Munique.

É uma das estrelas da série “Uma Família Muito Moderna”

Também brilha na Champions

Já na Liga dos Campeões, foi titular nas duas partidas realizadas e que se saldaram por outras tantas vitórias, diante do Club Brugge, na Bélgica (1-0) e na receção ao AS Mónaco (3-0), tendo realizado mais duas assistências e marcado mais um golo.

Ao jogar diante do Clube Bugge, com 18 anos e 177 dias, passou a ser o mais jovem jogador inglês da história a fazer a sua estreia na Champions por um clube fora da Inglaterra e o sétimo inglês em termos absolutos, precisamente com a mesma idade que Steve McManaman e Owen Hargreaves.

E até na Taça da Alemanha deixou a sua marca, ao fazer o passe para o golo da sua equipa, mas aí sem razões para festejar, dada a escandalosa eliminação aos pés do Greuther Furth, do segundo escalão.

Fugiu do Manchester City

Mas afinal de contas o que está a fazer este talentoso jogador fora do campeonato inglês, que supostamente até é o melhor do planeta? Até ao verão de 2017 representava os juniores do Manchester City, onde chegou aos 15 anos, proveniente do Watford FC.

No entanto, não chegou a acordo com os “citizens”, que lhe terão oferecido para renovar cerca de 35 mil euros semanais, ou seja, 140 mil euros por mês, e preferiu rumar ao Borussia Dortmund, numa transferência avaliada em 8 milhões de euros.

Pep Guardiola, treinador do Manchester City, garante que o clube tudo fez para o segurar. “Ele apertou-me a mão e garantiu-me que ia ficar connosco. Fizemos absolutamente tudo, mas acho que a decisão não foi baseada no salário, talvez ele tenha pensado que conseguiria mais minutos no Borussia Dortmund e eu até entendo isso”, referiu o espanhol.

“Ele tem que saber, a família tem que saber e especialmente os seus agentes têm que saber que tínhamos muita confiança nele, como temos com o [Phil] Foden e Brahim [Diaz] e outros. Mas se eles não querem ficar cá, não há nada a dizer”, acrescentou.

Época passada foi de adaptação

O processo da sua saída não foi fácil e Sancho recusou-se a treinar no Manchester City durante duas semanas, até ser consumado o tal acordo de 8 milhões de euros, com os ingleses a terem uma generosa percentagem (não revelada) na futura venda do seu passe por parte do Borussia Dortmund.

A primeira época do jovem britânico na Alemanha foi de adaptação, tendo começado por jogar nos juniores, mas ainda assim alinhou em 12 partidas na formação principal, com um golo marcado. Apesar do seu enorme talento, a “explosão” na corrente temporada, com dez assistências e dois golos em 409 minutos de utilização, não deixou de surpreender.

Chovem os elogios

De todo o lado têm chovido elogios para Sancho. Basta ouvir, por exemplo, Rio Ferdinand. “Este miúdo tem tudo. Habilidade, ritmo, tenacidade, desejo, compromisso, marca golos. É o jogador com mais assistências dos campeonatos europeus e isso diz tudo. Nunca tivemos alguém com tanto talento”, defende o antigo internacional inglês.

O maior duelo atualmente em Inglaterra. Veja o vídeo

Já Dan Micciche, que foi seu treinador nas seleções de sub-15 e de sub1-6 de Inglaterra, diz que “ele é o típico jogador de rua como Inglaterra nunca teve e poderá ser o novo Neymar”. E elogia a sua forma de jogar. “Ele é extravagante, divertimo-nos ao ver as suas jogadas. E como Neymar, consegue ser eficaz, não anda apenas a passar a bola por cima dos adversários só porque lhe apetece. Na maioria dos jogos ele cria muito perigo”, defende.

“O Jadon aprendeu muito nos seus jogos de rua. As pessoas acham que as academias produzem jogadores, mas isso não é verdade. É certo que apoiam e os desenvolvem, mas herdam 90% a 95% do seu talento. No final do dia, claro que as Academias podem ser decisivas, pois esses 5% ou 10% podem determinar se o jovem vai ou não ser um grande jogador”, acrescentou.

Adora comparação com Neymar

O que pensa o próprio Jadon Sancho da sua rápida ascenção? “Acho que posso ser um modelo para os mais jovens. A idade é apenas um número, mas em Inglaterra normalmente as pessoas não deixam o país antes dos 22 anos. Tenho uma boa notícia: se os mais jovens estiverem dispostos a fazer sacrifícios, podem ter sucesso”, defende.

Por outro lado, rejeita a pressão de ser encarado como a “next big thing” do futebol mundial. “Isso não me perturba, até porque não presto atenção ao que as pessoas dizem, só estou focado no futebol. Claro que já percebi que algumas pessoas não querem que eu tenha sucesso, mas não ligo a isso e estou pronto para lhes dar um murro no queixo”, atira.

E não esconde que lhe agrada a comparação com Neymar. “Gosto dele porque ele é diferente. O Neymar ri-se dos outros e claro que isso não é bom, mas está apenas a expressar o seu talento dentro de campo”, afiança.

O mais jovem do século na seleção A

Caso seja utilizado com a Espanha ou com a Croácia num dos Jogos da Liga das Nações dos próximos dias, Jadon será o primeiro inglês nascido a partir do ano 2000 a jogar pela seleção da rosa.

Gareth Soutghate, selecionador de Inglaterra, revelou as razões pelas quais convocou o jovem prodígio. “Ele está a jogar muito bem e acho que a sua decisão de mudar-se para a Alemanha revela bem qual é o seu caráter. É alguém que tem uma incrível crença em si mesmo e sem dúvida que está fisicamente pronto”, sublinhou.

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André Cruz Martins

12-10-2018



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