O clube que nunca desceu precisa de mais um milagre

O clube que nunca desceu precisa de mais um milagre

Desporto

O clube que nunca desceu precisa de mais um milagre

O único clube que disputou todas as edições da primeira divisão alemã tem escapado “in extremis” e esta época parte para a última jornada em posição muito difícil.

Artigo de André Cruz Martins

11-05-2018

Só há um clube alemão totalista nas 54 edições da primeira divisão alemã. Ao contrário do que muitos pensam, a honra não cabe ao Bayern Munique, mas sim ao Hamburgo SV. No entanto, esse feito pode estar a escassas horas de passar a ser uma recordação, pois a equipa orientada por Christian Titz – o terceiro desta temporada, depois de Markus Gisdol e Bernd Hollerbach – parte para a última jornada em posição muito delicada.

À entrada para a última ronda, as contas são fáceis de fazer: os dois últimos classificados na Bundesliga descem e o antepenúltimo classificado joga um “play-off” de manutenção com o 3.º classificado do segundo escalão. Para conseguir alcançar esse lugar, terá de vencer em casa o Borussia Monchengladbach e esperar que o WFL Wolfsburgo não vença na receção ao Colónia, equipa já despromovida.

No entanto, os fiéis adeptos do Hamburgo SV têm razões para acreditar, pois em três das últimas quatro temporadas a salvação foi sempre obtida “in extremis”. Na época transata, salvou-se com uma vitória no último jogo com o Wolfsburg e não teve de ir ao “play-off”. Em 2014-15, já em pleno “play-off”, conseguiu manter-se entre os grandes graças a um golo de livre direto do chileno Marcelo Díaz, diante do Karlsrhuer. E em 2013/14 só conseguiu a permanência devido ao golo fora que obteve frente ao Greuther Furth, obtido por Lasogga. Só em 2015/16 respirou um pouco melhor, terminando em décimo lugar.

Esta época, à entrada para a 28ª jornada, era último, a sete pontos do Wolfsburg, primeira equipa acima da linha de água e só mesmo os mais crentes ainda sonhavam com a permanência. Mas o habitual “milagre” pode mesmo repetir-se, pois a equipa começou a somar pontos nas últimas semanas, obtendo três vitórias, um empate e duas derrotas, média de 1,67 pontos por jogo, exatamente igual ao obtido pelo terceiro classificado, Borussia Dortmund, em toda a prova.

No entanto, a última derrota por 3-0 no reduto do Eintracht Frankfurt poderá ter deitado tudo a perder e o relógio que o Hamburgo SV tem no seu estádio, em que assinala os anos, dias, horas, minutos e segundos em que o clube está na I Divisão pode deixar de funcionar por volta das 16h20 do próximo sábado (15H20 em Portugal). A não ser que haja mais um milagre.

A delicada situação desportiva não é o único grave problema do Hamburgo SV, pois tem um passivo de 100 milhões de euros e precisa urgentemente de arrecadar 30 milhões com a venda de jogadores, de modo a obter a licença para disputar a 2.ª Bundesliga.

Evidentemente que os adeptos, considerados dos mais fiéis na Alemanha, não estão satisfeitos. Após a receção ao Hertha Berlim, vários envolveram-se em confrontos e alguns tentarem invadir o relvado, o que obrigou a polícia a usar bastões e gás pimenta, daí resultando nove feridos. E depois da goleada de 6-0 sofrida diante do Bayern Munique, os jogadores foram ameaçados de morte por alguns adeptos, que colocaram onze cruzes num dos relvados do centro de treinos, com a seguinte tarja: “Chegou a vossa hora. Não podem fugir”.

Longe vão os tempos de glória deste histórico alemão, cujos anos de maior sucesso foram vividos nas décadas de 70 e 80, tendo conquistado três campeonatos, duas Taças da Alemanha e a Taça das Taças, em 1976-77, após uma vitória por 2-0 frente ao Anderlecht. Mas o grande momento foi a conquista da Taça dos Campeões de 1982-83, numa final com a Juventus, com o único golo a ser obtido por Felix Magath.

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Artigo de
André Cruz Martins

11-05-2018



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