Forsberg, o sueco que recusou o Liverpool por amor ao Leipzig

Forsberg, o sueco que recusou o Liverpool por amor ao Leipzig

Desporto

Forsberg, o sueco que recusou o Liverpool por amor ao Leipzig

É mais discreto e pode não ter o estatuto de Zlatan, mas é o rosto da nova geração da seleção sueca, que deixou boa impressão no Mundial da Rússia.

Artigo de André Cruz Martins

06-07-2018

Quando o selecionador Jan Andersson confirmou a ausência de Zlatan Ibrahimovic no lote de convocados da Suécia para o Campeonato do Mundo da Rússia, muitos torceram o nariz e assumiram que os escandinavos não contariam para o Totobola. Surpresa das surpresas, com a chegada aos quartos de final, esta está a ser a melhor participação da Suécia em Mundiais desde o terceiro lugar que obteve em 1994, nos Estados Unidos.

E só fez melhor quando foi finalista vencido em 1958, enquanto país organizador. Curiosamente, em ambas as ocasiões foi derrotado pelo Brasil. O extremo Emil Forsberg foi decisivo na qualificação para os quartos de final (o adversário será Inglaterra, no sábado, às 15h00) ao apontar o único golo na vitória sobre a Suíça. Isto depois da sua presença em terras russas ter estado em perigo, devido às lesões que o afetaram ao longo da época, ao serviço dos alemães do RB Leipzig.

Herdou a camisola 10 de Zlatan Ibrahimovic

Embora muito longe do estatuto de Ibrahimovic, Forsberg, que herdou precisamente a camisola 10 de Zlatan, assume-se como a atual grande figura dos suecos. De acordo com o seu pai, “ele é muito reservado e dá sempre as mesmas respostas nas entrevistas”. Ou seja, completamente o oposto do feitio de Ibra.

Mal soou o apito final no jogo com a Suíça, o extremo de 26 anos, considerado o “homem do jogo”, não conteve as lágrimas de felicidade. “Esta vitória significa muito para mim e estou muito feliz por todos. Estou muito orgulhoso e até com lágrimas nos olhos. Poder levar a Suécia aos quartos de final é um sonho”, afirmou, dedicando a vitória à sua mulher Shanga.

A mulher de Forsberg também joga futebol

Shanga, de 25 anos, também é futebolista na equipa feminina do RB Leipzig, tendo interrompido a carreira para se dedicar ao papel de mãe, depois do nascimento do primeiro filho do casal, em fevereiro último. De acordo com Forsberg, a mulher é a primeira pessoa a criticá-lo pelo seu rendimento dentro de campo.

“Quando volto de um jogo e ela está muito quieta, já sei que não joguei bem. Lá tenho eu de enfrentar a ‘xerife’ e pode não ser muito agradável para o meu lado. No entanto, é bom ter alguém por perto que entende de futebol”, confessou, recentemente.

Nascido na cidade de Sundsvall, o futebol corre no sangue de Forsberg: o seu pai, Leif Forsberg, foi jogador profissional nas décadas de 80 e 90, e o avô, Lennart Forsberg, também jogou pela equipa da cidade. E, de resto, o próprio Emil começou no GIF Sundsvall, tendo jogado três épocas na segunda divisão e uma no escalão principal. Curiosamente, foi neste modesto clube que conheceu a sua atual mulher, que representava a equipa feminina.

Ajudou o Leipzig a subir de divisão

Em 2013, numa transferência avaliada em 300 mil euros, ingressou no Malmoe, o clube com mais títulos de campeão no país, onde se manteve apenas duas épocas e foi considerado o melhor médio do campeonato sueco (na altura atuava numa posição mais central). No verão de 2015, transferiu-se por 3,7 milhões de euros para o RB Leipzig, que militava no segundo escalão alemão.

Uma decisão que foi muito criticada por alguns analistas, mas que se viria a provar acertada: à boleia do patrocínio da Red Club, o RB Leipzig transformou-se num dos melhores clubes germânicos e até jogou a Liga dos Campeões na última temporada. “As pessoas dizem que vim para um clube sem tradição e que está a tentar crescer usando muito dinheiro, mas é assim que as coisas hoje em dia funcionam: quem tem dinheiro pode comprar melhores jogadores e treinadores. Veja-se o caso do PSG”, sublinhou, na altura.

Em 2016/17, Forsberg foi uma das grandes figuras desse sensacional RB Leipzig, vice-campeão alemão. Foi o rei das assistências da sua equipa e despertou a cobiça de grandes clubes, com o Liverpool FC à cabeça, mas optou por permanecer em Leipzig, após o seu salário ter sido aumentado, passando a auferir 3,5 milhões de euros anuais.
“As pessoas que podem pensar que eu fui estúpido e traí o futebol por recusar o Liverpool FC. Mas a verdade é que estou feliz no RB Leipzig, jogo com regularidade e tornei-me melhor jogador”, justificou, em entrevista ao jornal sueco “Aftonbladet”, acrescentando que a opinião da sua mulher foi muito importante: “Conversamos sobre tudo e o facto de ela estar feliz aqui pesou bastante na nossa decisão de permanecer”.

Recusou o Liverpool. Também dirá não ao Arsenal?

Forsberg por pouco não seguiu uma carreira no hóquei em patins, pois achava que era demasiado baixo para ter sucesso no desporto-rei. Os seus 1,79 metros fogem ao habitual padrão dos suecos, mas o seu talento não se mede aos palmos e promete continuar a evoluir, o que tem sido bem notório desde que em janeiro de 2014 se estreou na seleção A sueca, num particular com a Moldávia. Desta vez, parece ter o Arsenal fortemente interessado nos seus serviços, estando disposto a chegar aos 50 milhões de euros. Será que o extremo vai de novo recusar a Liga inglesa e um dos gigantes do futebol mundial?

No entanto, para já, Forsberg só deve ter a sua seleção no pensamento. A Suécia pode ser, de longe, a equipa menos cotada entre as oito que estão nos quartos de final deste Campeonato do Mundo, mas a Inglaterra que se cuide, pois apesar dos escandinavos não terem grandes estrelas, joga como um todo e coloca sempre grandes dificuldades às equipas mais fortes. E para quem já não se recorda, foi a Suécia a deixar de fora a Itália, levando a melhor no “play-off”.

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Artigo de
André Cruz Martins

06-07-2018



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